terça-feira, dezembro 28, 2004

E passou...

Cara, acabou. Sim, o ano acabou. E como passou rápido, credo!
Já tinham me dito, quando eu comecei a faculdade, que os quatro anos iam passar muito depressa, que quando eu parasse pra pensar já ia tá com o diploma na mão, pensando "e agora?". Mas eu fiquei impressionada, parece que meu aniversário foi ontem, que o primeiro dia de aula foi antes de ontem e que o reveillon de 2004 foi antes de antes de ontem.

Notei isso quando tava sentada na mesa, ceia de Natal, nós cinco reunidos (pais e três filhas), comendo a divina torta fria da minha mãe e conversando sobre como eu e as gurias dávamos trabalho quando éramos pequenas.
A minha irmã mais velha tomou um porre de caipirinha de laranja com três anos. Adiantadinha, ela. A minha mãe deu um remédio super forte que eu tive que tomar toda infância, por causa de crises convulsivas, pra minha irmã mais nova por engano. Tadinha. Eu derrubei açúcar por toda a cama dos meus pais enquanto eu e as gurias tentávamos servir o café da manhã em um Dia das Mães.
Foi perfeito o meu Natal, relembrando histórias da infância, em família. Cercada de carinho e comendo peru. Esquecendo de problemas, de resultados que ainda vão demorar duas semanas pra sair...

A minha vida antes e a minha vida depois. Que isso! Nem pareço a mesma pessoa: antes o ócio, agora e o trabalho. Antes mais dúvidas, agora mais certezas. Antes mais colegas, agora mais amigos.

Bom 2005 pra mim e pra todo mundo.
Eu tô feliz. Que venha este novo ano então, tô mais do que pronta.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Fraca, forte e estranha

Sim, as pessoas têm fraquezas.
Sim, eu sou uma pessoa.
Coisa de premissa e conclusão.

Queria ser um pouco mais forte e um pouco menos tola.
E queria que a dor pudesse ficar transparente. Mas tenho que ser forte, alguém precisa ser forte, e o alguém escolhido foi eu.

Descobri que sou uma completa estranha pra mim, e o que eu mais queria agora é ter alguma intimidade comigo, pra dizer ou que tudo pode dar certo, sem parecer piegas, ou que tudo pode dar errado, sem parecer maldosa. Mas acho que meus conselhos não seriam bem-vindos.

Continuo esperando.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Frase do dia III

"A primeira tem que ser bem dada, se não traumatiza".

Atendente da loja da Brasil Telecom, que eu mal conhecia, falando sobre as recargas do celular, é claro, sobre o que mais seria?

domingo, dezembro 12, 2004

Mais constatações...

1 - Nunca, nunca, mas nunca mesmo, lembre uma pessoa do que ela fez no dia pós-traumático (leia-se: trauma como porre).
2 - Nunca, nunca, nunca mesmo, deixe uma namorada sozinha, as conseqüências podem ser danosas.
3 - Dançar é muito, muito, muito bom!
4 - Espumante barato não me deixa com dor de cabeça.
5 - Frozen que dizem ser de gelatina é bem bom...
6 - No quarto copo qualquer coisa é boa.
7 - Algumas pessoas preferem o bar...
8 - Outras preferem a pista.
9 - Existe amnésia pós-porre.
10 - As outras são suficientes.

Parabéns, Raquel!!

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Em chamas...

Não foi literalmente, foi, infelizmente, no sentido mais literal possível. Estava fazendo molho de cachorro-quente, na cozinha do Rafa, conversando com o Augusto, enquanto ele lavava a cuia do chimarrão. Então, não sei bem o que aconteceu, talvez tenha dado um ventinho, a minha bata voou e foi ao encontro do fogo. E pegou fogo.
Eu fiquei em estado de choque e comecei a andar pra trás, então o Augusto notou que alguma coisa estava errada, enquanto uma labareda imensa se formava sobre mim. O Rafa passou pela porta e nem notou nada, o que foi cômico, alguns minutos depois.
O fogo se propagava. O Augusto começou a bater na minha blusa, pro fogo apagar e eu continuei meio imóvel, totalmente em estado de choque. O fogo foi controlado. Aí o Rafa chegou, digamos, atrasado.
Eu sobrevivi.
Tá doendo até agora.

sábado, dezembro 04, 2004

Obrigada, Brian De Palma

Mais uma história em ônibus. Acho que eu tenho andado demais de ônibus, mas antes de eu ganhar na Mega Sena e comprar uma Pajero pra mim, vá lá. Ônibus, sim! Eu que ature.
Não foi nas pobres linhas da EPTC, foi na costumeira viagem que nomeia este humilde blog. Estava eu, me dirigindo a Rio Grande, sentadinha, poltrona 33, quando o motorista colocou o filme. É, nos ônibus da Planalto sempre passam filmes.

Foi então que Brian De Palma protagonizou uma das cenas mais constrangedoras da minha vida. Talvez menos constrangedora do que a vez em que assistia àquela cena de sexo explícito da "A Última Ceia", com um namorado, no meu quarto, e meu pai adentrou a porta perguntando se eu tinha visto a tesoura dele. Entre os gemidos da Halle Berry, sendo quase obstruída pelo Billy Bob Thornton: "tá em cima da TV, pai". Horrível. Bom, seguindo a linha inicial... Eu já achei o motorista corajoso por pôr Brian De Palma, não é qualquer um que gosta de seu tipo de abordagem, digamos, agressiva. E também porque, normalmente, os motoristas colocam aqueles filmes mais no estilo "Sessão da Tarde".

Iniciou "Femme Fatale". O senhor sentado ao meu lado tentou disfarçar e fingir que não estava olhando quando duas mulheres lindas, eu admito, trocavam fluídos na telinha. E deu aquela pigarreada desconfortável e eu vi, juro que vi, pelo canto dos olhos, um sorriso malicioso nos lábios dele. Homens. Duas mulheres. Compreensível, até certo ponto. Duas mulheres se beijando, vá lá, não é uma cena tão horrível de se ver, como o meu pudor já diminuiu bastante nestes 21 anos, nem ruborizada fico mais. E antes eu ficava. Diga isso meu pai, que viu o pimentão que me tornei, momentaneamente, quando adentrou o quarto naquele fatídico dia. Eu podia ter pego uma comédia...

Sem desvios. Sem desvios. O filme continuou e eu dormi por uns 40 minutos. Pois é, mulheres se beijando definitivamente não são um atrativo pra mim. Mas quando eu acordei, estava o Antonio Banderas montado (desculpem a expressão, mas não achei uma melhor) na Rebecca Romijin-Stamos, e ela gritava, e as crianças se olhavam com risadas sutis que deixavam claro que estavam vendo o que não deviam, mas ninguém podia fazer nada. E as senhoras já queriam se levantar para xingar o motorista, por sua escolha inoportuna. "Mas é uma falta de educação!". "Gente do interior", eu pensei. "Imagina se ele tivesse posto Almodóvar. Imagina se fosse o Gael García Bernal gritando ali, e embaixo de um homem!"

Entre aquelas bocas e aquelas cenas de sexo puramente carnal e absolutamente desprovido de sentimento, entre aqueles gemidos que soavam de forma erótica, entre as poltronas de um ônibus, linha "Porto Alegre/Rio Grande", 16 horas. Todos desceram no paradouro meio silenciosos, a maioria dos rostos bem ruborizados. Eu meio risonha. Inspiração pro blog. Muito obrigada, Brian De Palma.

"Nothing is more desirable or more deadly than a woman with a secret"

terça-feira, novembro 30, 2004

Aguçada

Incrível a quantidade de coisas que passam pela minha cabeça, do nada, quando estou dançando e bebendo em uma festa. Talvez as minhas reflexões mais profundas do fim-de-semana tenham sido, justamente, entre uma cerveja e um drink, ou entre uma música e outra do show da Madame X no Opinião, sábado. Eu no Opinião, pela primeira vez - há uma primeira vez pra tudo, mesmo -, ainda escandalizada pela preço da Polar (R$ 5,50 - os quais eu paguei). Eu lá no meio daquela festa, vendo pessoas diferentes e percebendo mil coisas.

Percebi que eu não tenho mais paciência pra conversas vazias do tipo: "eu não sei qual foi a pior cantada que tu já recebeu na vida, mas eu tenho uma pior". E tinha. "Te conheço do Orkut?" E eu percebi que o Orkut está dominando a vida das pessoas, até a minha, e que não tem uma conversa de mais de 15 minutos que não envolva uma comunidade qualquer. Aliás, entrei faz pouco na "o Orkut atrapalha a minha vida".

Percebi, também, que as festas já não tem a mesma graça de antes. Que eu continuou gostando de dançar, que eu continuo gostando de beber, que eu tenho apenas 21 anos e deveria achar divertido apenas beber e dançar. Mas às vezes isso me parece meio vazio. E quando chegou aquela hora da festa em que tudo mundo tava beijando, em que quem não pegou ninguém dá o "golpe de misericórdia", eu me senti sozinha e me peguei no banheiro, pela vigésima vez, dessa vez telefonando. E falando enrolado e tendo vontade de chorar. Tem muita coisa acontecendo na minha vida, coisas das quais não gosto e nem quero falar e que só comentei com duas ou três pessoas. Coisas que não estão me deixando viver bem. E foi nelas que pensei no banheiro do Opinião.

Percebi que sorrir cansa e que as pessoas também cansam de quem sorri muito.

Percebi que eu quero muito da vida, que eu tô correndo atrás o meu futuro como posso, e que não sei lidar - ainda - com tanta responsabilidade. O futuro parece estar chegando rápido demais. Foi ontem que conheci a Fabico, e já estou indo pro quarto semestre. Acho que isso eu percebi entre os arrepios causados pelo Absinto.

Despreparada para viver, aproveitando a dose dupla, bebendo copos e mais copos de cerveja, telefonando em crise, borrando a maquiagem e percebendo: vida é mais do que esperar.

quinta-feira, novembro 18, 2004

Trabalhadora

Já adianto: não perca seu tempo, pois este é um relato totalmente pessoal, mais do que qualquer outro que já escrevi. Na verdade é um desabafo, sobre como eu sou infantil em momentos críticos, e sobre como eu descobri que poderia me sentir ainda mais sozinha do que já sentia antes.

Dia 16 de novembro vai ficar marcado na minha memória como o dia que foi do feliz pro infeliz, e voltou pro feliz, mais rápido em toda a minha vida. Um dia de extremos... De riso e de choro. De gargalhadas e de soluços...

12:30

- Alô.
- Alô.
- Oi, Thais, aqui é a Thais (coincidência, não?) da RBS, eu tô te ligando pra falar sobre a tua admissão na Zero Hora.
Felicidade! Finalmente a ligação.

14:30

- Então, essa é a lista dos documentos que tu tem que conseguir pra me trazer amanhã de manhã.
- Eu não tenho a Carteira de Trabalho.
- Corre pra tirar e me traz o protocolo de que tu tá fazendo ela, que serve.

14:35 - 16:50

Tirei foto, ficou horrível. Eu pareço uma fugida da Febem, ou uma drogada, com cabelo gigante e uma franja caída na cara dando aquele look nada bonito. Nada, mesmo.
Quando cheguei no Tudo Fácil, descobri que precisava de um documento do PIS que comprovasse que eu nunca trabalhei. Fui até o Ministério da Fazenda pra pegar o tal documento. Eles entregaram na hora. Bem rápido. E eu resolvi, então, fazer a Carteira lá mesmo, porque podia ser feito lá também.

Tudo encaminhado, protocolo em mãos, estou andando pela Salgado Filho, indo pegar o Orfanotrófio e meu celular toca. Entrei em uma sapataria pra não atender na rua. Sei lá, é perigoso!
- Alô, Thais, seguinte, infelizmente eu vou ter que cancelar contigo porque eu achei que tu já tinha a Carteira pronta, e como a vaga tem que ser preenchida com urgência, não vai dar pra esperar.
- Espera, tem que ter algum jeito...

Liguei pro meu pai, não sabia bem o que fazer e algumas lágrimas já teimavam em rolar pelo meu rosto. Bobinha.
Voltei correndo pro Ministério da Fazenda, peguei o crachá de novo e voltei pra fila. E a fila não andava. Liguei pro Rafa, já chorando, e ele disse que ia tentar ver o que fazia. Mas não tinha nada a ser feito. E a Thais ligou de novo:
- Desculpa, querida, mas não dá pra esperar mesmo, fica pra uma próxima...

E tudo foi escorregando pelo ralo. Todo meu esforço naquela prova e naquela entrevista, toda a minha vontade de trabalhar em uma redação grande, um trabalho de verdade. E, quem sabe, crescer lá dentro e...

Saí da fila, desci as escadas em um choro silencioso e fui até a Recepção.
- A senhora pode me dizer onde fica o banheiro?
- O que 'cê tem moça?
- ...
- Moça? O que 'cê tem?
Frase mágica. Desabei. Foi horrível.
- (entre soluços) Eu consegui um emprego que eu tava esperando há um mês a ligação, mas como eu não tenho a Carteira de Trabalho, eles me dispensaram.
Chorei mais do que quando o meu último namoro terminou. Bem mais.
- Calma, moça, a gente vai dar um jeito.

E a senhora magrinha da Recepção, com cabelos curtos e de quem não sei o nome, me levou pelas escadas até uma sala, me deu um copo d'água e chamou uma outra senhora, uma gordinha que falava castelhano.
- Ela precisa da Carteira pra hoje, ou vai perder o trabalho.
- Espera que eu vou ver o que eu faço. Fica calma, menina, chorar não adianta nada.
- Eu sei, mas...
- Senta ali e espera.

15 minutos depois:

- Thais, assina aqui.
Assinei.
- A tua Carteira.
E eu me abracei no cara, que ficou sem ação, meio surpreendido pelo meu gesto exagerado. E saí feliz com a minha Carteira.

Liguei pra Thais da RBS e avisei que já tava com a Carteira.
- Que bom! E o comprovante de residência, deu tudo certo?
- Claro!
Eu que não ia dizer que não.
- Mônica, preciso de um comprovante de residência...

16:50

Estava sentada na lotação (sim, eu estava em uma lotação, eu merecia depois de tudo!) fui mexer na minha documentação e... Cadê?

- Moço, pára por favor que eu esqueci uns documentos muito importantes
em um lugar.

Quando cheguei no Ministério da Fazenda, correndo e com uma cara de desesperada, a Castelhana riu de mim e me pediu pra entrar na sala, pra ela me apresentar pra todo mundo e todo mundo ver a menina que chorou e esqueceu os documentos.
- Bah, gente, valeu, tem uma dedicatória certa pra vocês no meu primeiro livro.

17:10

Peguei a lotação de novo.
Mais dois dias no O Sul.

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A correria valeu à pena. Já tá tudo ok.
E hoje peguei um elevador com o Ruy Carlos Ostermann.

sábado, novembro 13, 2004

Uma vida cinematográfica...

O mistério do M. Night Shyamalan.
A superprodução do Spielberg.
O romance do Adam Shankman.
A dramaticidade de Roman Polanski.
O bom-humor dos irmãos Farrelly.
A loucura do Tarantino.
A genialidade do Frank Darabont.
A trilha sonora do Goo Goo Dolls, sempre.

quinta-feira, novembro 11, 2004

Mais um pouquinho...

O despertador toca e o barulho não é nada mais que insuportável.
A idéia de ir assistir uma aula de Teoria Política me parece um castigo em um dia chuvoso.
Então eu viro pra um lado, viro pro outro.
Me levanto e penso: "só mais hoje".
Volto a dormir.

segunda-feira, novembro 08, 2004

Só queria...

Ficar em casa.
Escutar Goo Goo Dolls.
Receber carinho.
Dar carinho.
Comer besteira.
Rir de bobagens.
Desarrumar a cama.
Tantas coisas pra fazer em um domingo, e eu trabalhando...

quinta-feira, novembro 04, 2004

Meninos

O menino passeia todos os dias, pelo menos três vezes, pois nessas três vezes eu o observo, com seu cachorro. Segura a coleira de um jeito meio mecânico, com o braço esticado e não solto. Mantém um ritmo perfeito no caminhar. Um, dois. Um, dois. O menino sempre me olha com atenção quando me vê. E eu sempre o olho com atenção quando o vejo.
O menino acorda cedo, sei disso porque, às vezes, quando saio de casa pra ir pra faculdade, ele já está na rua. Com seus óculos feios. Nem mesmo os minutos atrasados do display do celular fazem ele passar despercebido.
Acho que sua visão, todas as manhãs, de um certo jeito, me conforta.
Quando não está passeando com o cachorro, o menino está varrendo as ruas. E varre tudinho. Todas as folhas que caem das árvores, em um ciclo interminável contra essa peculiaridade outonal. Ele junta tudo em um canto e eu, já acostumada, desvio - com um gesto largo - do monte formado, pra mostrar pra ele que respeito o que ele faz. Pra mostrar que aquele pequeno gesto não é desnecessário. Embora talvez o seja.
O menino fica tão absorto varrendo que quando a sua avó (ou será mãe?) o chama, ele nem percebe e continua, atentamente. Mais uma folhinha caiu. Fico admirada. Realmente, qualquer um tem a consciência de que pode fazer diferença, mesmo que de formas tão singelas. Digo isso porque o menino de quem falo é um jovem que não sei a idade, deve ter entre 20 e 30 anos, que tem Síndrome de Down.

No início do ano eu fui madrinha de um casamento com um primo meu que também tem Síndrome de Down. A alegria no olhar dele entrando comigo na igreja emocionou a todos. E acho que tiramos tantas fotos quanto os noivos. Foi um dia lindo, uma emoção indescritível. Ele segurava minha mão forte no altar e a gente chorava. E quando dançamos a valsa, o sorriso dele foi uma das visões mais expressivas que já vi.

Tive vontade de escrever sobre essas eternas crianças, tão especiais...

domingo, outubro 31, 2004

Parabéns

Hoje esse blog faz três mesinhos de vida.
Já... Estranho pensar em que circunstâncias ele foi criado.
Notícia aos desavisados: eu ainda não perdi a vontade de escrever...
E obrigada profundo e grato para os meus "maiores comentaristas": Fê, Rafa e Judite.

Ei, você aí, se quiser entrar para essa lista, a hora é essa, no mês que vem seu nome pode estar entre os "maiores"! Hehehe!

Frase (imbecil) do dia: "se não sair no lucro, sai - no máximo - no prejuízo". Muito boa...

sábado, outubro 30, 2004

Descascando laranja

Cada pessoa encara de um jeito o fato de que ali, naquela hora, daquele jeito, foi o ponto final. Não recrimino nenhum dos jeitos de encarar isso. É complicado mesmo lidar com o fim, lidar com o fato de que uma história acabou, não tem volta. Mais complexo, ainda, é tratar disso com maturidade, sem cair na mesmice de declarações falsas e vazias com pretensões de serem profundas. As pessoas se tornam muito óbvias quando pretendem ser profundas.
É por isso que, agora, escrevo com a pretensão egoísta de desabafar. De dizer que algumas conversas, várias palavras e incontáveis frases me abalaram muito ultimamente. Talvez por eu não ter tido a (já citada) maturidade necessária pra compreender o que estava na minha frente. E, pior ainda, por não notar que algumas atitudes minhas feriam, mesmo sem a intenção de fazê-lo. Mas tudo se encaixou perfeitamente na minha mente enquanto via (pasmem) Ace Ventura, na Sessão da Tarde, e descascava uma laranja que tinha trazido do RU.
Eu só posso garantir que fui castigada - não com o peso que essa palavra traz para alguns, não foi nada infernal. Eu apenas recebi um leve castigo por ter sido tão irresponsável com os sentimentos alheios.
Tontura, naúsea, uma vontade de chorar e a certeza de que a minha voz sairia por demais melosa se tivesse alguém pra conversar. Me segurei pelo tempo que foi possível, fazendo referências ao fato de ser patética, frente ao espelho. Fechei a porta de casa com aquela segurança de quem vai enfrentar o mundo, e que se fodam todos que sofrem. Eu que me foda, então. As lágrimas corriam devagar, sem pressa, com uma discrição propositada, um receio de alertar os outros passageiros do ônibus.
Cheguei no trabalho com um sentimento de frustração e de impotência inexplicáveis. E com um vontade de sofrer um pouco, pra ao menos sentir de novo. Lavei o rosto com água gelada. Me olhei no espelho e dei aquele suspiro alto. Dessa vez é pra valer. Que se fodam, e que eu me foda também, mas que ao menos eu viva.

quinta-feira, outubro 28, 2004

Bandeiras e gritos

Tá, eu tava apenas irritada com essa guerra, ops, eleição de Porto Alegre, mas assim já é demais.
Eu presenciei uma cena horrorosa de um militante do PT que ofereceu um papelzinho daqueles atacando o Fogaça pela janela de um carro, na esquina da Silva Só com Ipiranga. O cara do carro recusou e o papel e o militante gritou: "então vai pra praia no feriadão e não vota, burguês".
Tá, não foi nada tão agressivo, mas tem mais...
Teve um debate entre o Raul e o Fogaça lá na Pampa. Os militantes dos dois partidos ficaram na frente do prédio se xingando por horas. Uns aproveitando o fim das músicas dos outros, uma baixaria total. Se chamavam de tudo, e um monte de brigadiano se juntou pela volta pra tentar controlar. Altamente desnecessário.
E, por último, e não por isso menos importante, tava passando pela mesma esquina da Silva Só com Ipiranga e uma militante do PPS, ou do PTB, ou de uma das outras mil coligações de segundo turno do Fogaça, me atingiu com a bandeira. Isso mesmo! Eu passando e levando uma bandeirada na cabeça. Não foi uma cena bonita de se ver, eu juro.
Houve um tempo em que eu andava pra cima e pra baixo com adesivos e defendendo mil ideais, agora eu só quero que isso acabe de uma vez.
E, só por birra, não vou transferir meu título pra POA.

terça-feira, outubro 26, 2004

Truth Is A Whisper

Truth is a whisper and only a chance
Nobody hears above this noise
It's always a wisk when you try and believe
I know there's so much more than me
Yeah I got caught in the ruse of the world
It's just a promise no one ever keeps
And now it's chaning while we sleep
And no one can see

You know all I am
Feel this moment in you
You know all I am
Can you teach me to believe in something

Sometimes you choke on the smell
Just to breathe
I need to question what I need
Rhythm of silence
That beats through your mind
Still you forget what you deny
Yeah I got caught in the ruse of the world
It's just a promise no one keeps
And now it's changing while we sleep
And no one can see

Who's the one you answer to
Do you listen when he speaks
Or is everything for you
And do you find it hard to sleep
Or is it easy on your own
Will you ever find some peace
Before you're gone

Goo Goo Dolls

sexta-feira, outubro 22, 2004

Rotina...

Ás vezes eu fico tão preocupada em ter tempo para fazer tudo que preciso, que acabo me esquecendo de pequenas coisas capazes de me fazer feliz.
Como comprar um sorvete do McDonald's e ir caminhando até a minha casa, no solzinho...
Nada mais rotineiro e acolhedor do que ser uma filha - consciente - da Indústria Cultural.


segunda-feira, outubro 18, 2004

Jogo do Inter

Gol de cabeça é legal.
Gol por desatenção do Clemer, não.
Cerveja no estádio é legal.
Comidas, não.
Cobrança de penâlti é legal.
Impedimentos mal marcados, não.
Estádio é bem legal.
Caminhar até o Praia de Belas, não.
Muricy gritando é agonizante mas é legal.
Juiz caindo no meio do campo, não.
Fernandão é legal.
Cleiton Xavier, não.

Hora certa

Olhei pro relógio. Marcava 0:00.
Lembrei de uma uma coisa que uma amiga sempre dizia, que quando a gente olha pro relógio e todos os números são iguais, a gente deve fazer um pedido. Eu sei, por demais tosco, mas eu sou tosca mesmo, então resolvi fazer um pedido, sei lá pra quem, talvez pra alguma entidade do tempo...
"Quero ser promovida no O Sul"
"Não, quero ser promovida no O Sul e conseguir multiplicar o tempo - pra fazer tudo que preciso nessa semana"
"Não, quero ser promovida no O Sul, conseguir multiplicar o tempo - pra fazer tudo que preciso nessa semana - e ser um pouco mais corajosa"
"Não, quero ser promovida no O Sul, conseguir multiplicar o tempo - pra fazer tudo que preciso nessa semana, ser um pouco mais corajosa e que ele me ligue"
"Não, quero ser promovida no O Sul, conseguir multiplicar o tempo - pra fazer tudo que preciso nessa semana, ser um pouco mais corajosa, que ele me ligue e que ele venha aqui."
"Cara, como eu quero coisas, será que tem que ser um pedido só?"
Como se não bastasse acreditar numa bobagem dessas, ainda queria enrolar sei-lá-quem, talvez a entidade do tempo, pra fazer três pedidos, ou cinco. A que limite chega uma pessoa? Patético.
"Tá, decidi, quero ser feliz, é, isso mesmo, ser feliz tá de bom tamanho"
Mas no relógio já marcava 0:01.


quinta-feira, outubro 14, 2004

E os rótulos...

Que diferença faz?
Talvez seja um pouco de receio de dar nome as coisas. Talvez seja um pouco de receio de, ao nomear, dar errado. Talvez seja uma crise existencial e eu queria fingir que sou uma pessoa completamente diferente da que todo mundo tá acostumado.
Talvez eu ache que as coisas funcionavam quando era amizade e deram tão errado quando se transformou em namoro... A ponto de me fazer temer relacionamentos, a ponto de me deixar medrosa, frágil.
Talvez eu tenha medo das milhares de implicações que um título traz...
Ou talvez essa seja mais uma infantilidade da minha cabeça.

"Quanto mais madura eu me torno, mais eu vejo que ainda preciso amadurecer"

quarta-feira, outubro 13, 2004

Conturbado

"Vamos sair, então?!"
"Vamos lá!"
E fomos. Eu e a Flávia. Saímos de casa super tarde, quase meia hora, porque demoramos muito entre banho, escova, roupa e maquiagem.
"Lima e Silva?"
"Certo!"

Druída: bombando.
"De novo, não, péssimas lembranças..."

Casa de Praia: entramos.
"Credo, que lugar iluminado"
"E não dá pra dançar!"

Gê Powers: barradas.
"Tem que pagar a vista, gurias!"
"Mas a gente só tem cheque ou cartão! A gente esqueceu de tirar dinheiro!"
"Então não entra!"
"Cara, como a gente é burra!"

"Oi, 'os guria!"
"Oi!"
E o carinha começou a falar, se chamava Rodrigo, e a gente conversou com ele. Conversar não tira pedaço. Tinha uma moto estranha e um jeito de falar muito do interior (semelhante atrai semelhante). Camaquã.
"Bah, a gente vai embora que isso aqui tá muito falhado"
"Redenção amanhã, gurias?"
"Ahã... (nos teus sonhos!)"

"Vamos ver como tá o Druída de novo, a gente sempre acaba lá, mesmo!"
Entramos no carro. E fomos dar uma voltinha na Lima e Silva, pra decidir o que fazer... E o carinha estranho da moto estranha, que não era feio mas tinha cara de psicopata, começou a nos seguir. Nos parou na esquina da Sebastião Leão com João Pessoa, fazendo doideras com a moto.
"Vamos pra onde, 'os guria?"
A gente se fez e ele pareceu ter ido embora. Na esquina da João Pessoa com a Ipiranga...
"Onde a gente vai, 'os guria?"
"A gente vai no Druída!"
Ele acelerou na frente, dobrou na Ipiranga, depois na Lima e Silva. A gente tava indo atrás e quando ele dobrou na Lima e Silva, a Flávia acelerou e fomos pela Ipiranga.
"Ai, Thais, ele tá vindo!"
"Calma, vou ver se é!"
Não era, graças a Deus! A Flávia dobrou na Borges e já estavamos indo pra casa, nervosas.
"Uma passadinha em Ipanema?"

Pedigree: surpreendidas.
"Aceita cartão?"
"Qualquer um!"
Entramos e dançamos muito! Ficamos mais aliviadas e nos divertimos. Especialmente com um carinha que ficou assoprando as costas de Flávia e fez uma cara que, na tentativa de ser sexy, foi a coisa mais deprimente que já vi na vida!

Aiai, chegamos em casa às 4:44, exatamente. Rindo, um pouco sem entender como as coisas foram de um lado a outro tão rápido.

Declaração

"Nem penso muito no que pode acontecer
Enquanto arrumo todas as coisas que eu sinto
O meu passado e o meu destino
Espero que o fim da tarde venha com você"

terça-feira, outubro 05, 2004

Insensata

Eu não sei se a personalidade define o perfume, ou se o perfume define a personalidade. Só sei que existe uma relação muito direta entre esses dois. Ao menos pra mim.
Quando era pequena, com aquela mentalidade infantil (que delira com um “X” da Xuxa, mesmo que seja só no cantinho e aumente o preço em três vezes), bom, eu tinha um perfume roxo da Xuxa. E eu me achava uma adulta usando ele. Lembro que minha irmã tinha o rosa, e às vezes eu usava o dela escondido pra não gastar tanto o meu.
Cresci um pouco e comecei a usar Thaty. Primeiro, porque é meu apelido, e eu achava legal usar um perfume com o meu próprio nome, como se quem o descobriu estivesse pensando em mim. Um cheiro meu, com o meu nome. Segundo, porque as minhas amigas me diziam que o cheiro só ficava bem na minha pele. Naquele exagero habitual de amiga adolescente. Então eu jurava que o perfume só ficava bem em mim. E, além disso, ninguém ia cheirar mesmo. Quanta inocência perdida.
Primeiro beijo, primeiro namorado. A ingenuidade continuava. Continuava o Thaty.
Período de “ficação”, quando eu tive certeza de que era o máximo, só porque tinha gente na minha volta, querendo ficar comigo... Que bobinha. Ficar qualquer um fica, permanecer é que são elas. Continuava o Thaty, mas roubava o Vert da minha irmã mais velha quando ia sair. Tinha mais cheiro de mulher.
E ela chegou, a paixão fulminante, aquela que me fez cometer milhões de erros, me fez ir contra todos os meus princípios, todas as minhas certezas. Me fez crescer ao trancos e barrancos. E comecei a usar Ops azul. Erros, mais erros e um pouquinho mais de erros. E aquele cheiro me definia, em silêncio, com suas gotas no pescoço, pra torná-lo mais atraente. Quem sabe ele não vinha falar comigo? Eu não podia correr o risco dele chegar perto de mim e eu estar, assim, incompleta. Tadinha. Eu custei a deixar de usar o Ops e ainda guardo o frasco...
E veio a maturidade. Floratta in blue. Carente, um pouco tola – como todas as mulheres, desiludida, um tanto quanto infeliz. Uma fase perdida, meio insossa, sem qualquer graça, sem grandes emoções. Numa tentativa desesperada, na busca da minha identidade, decidi parar de usar perfume. Não mais seria dominada por cheiros, por aromas. Por nada. Pois é... Passei a usar um hidratante com cheiro de Chá Verde, bem gostosinho. Não senti tanta falta de perfume porque achava o cheiro tão bom, que não precisava de mais nada pra misturar. E quem eu queria que gostasse, gostava.
Mas deixou de gostar. Do perfume, de mim, dos dois, ou do contexto em geral. Continuei sem usar perfume e troquei de hidrante, por um de Camomila, bem bom, também. Eu acho, ao menos. Um pouco mais tranqüilo, pra uma fase de descobertas.
Eu mudei. Parei de crescer e comecei a me entender. Fui ficando mais segura, mais forte. Não queria mais um cheiro, e sim uma definição. Quis tentar ser mais doida, mais espontânea. Há alguns dias decidi, de súbito, voltar a usar perfume. Olhei nas minhas coisas, pra verificar se ia ter que comprar um, ou se podia aproveitar as minhas posses e não gastar meu escasso dinheiro. Foi, então, que escondido no armário, num frasco pequeno, eu achei um que se encaixa perfeitamente no que tenho precisado hoje. O nome? Insensatez.

domingo, outubro 03, 2004

Votação

O barulho das urnas é muito irritante, fiquei com pena dos fiscais que ficam lá o dia inteiro. Inclusive minha mãe.
Mas o cansaço de vir pra Rio Grande ontem e ir hoje valeu à pena, só por causa do churrasco que meu pai fez hoje e do bolo de dois andares com cobertura de chocolate que minha mãe fez ontem.
Manias de gordo não passam nunca, nem com a perda de 10 kg.

sábado, outubro 02, 2004

Ao pé do ouvido

Tava lendo um post, no blog da Flávia, falando de vozes. Isso, vozes em geral. E quis muito escrever minha opinião. A voz, e todo o contexto de balbúcias e sussuros, define a pessoa. O jeito de pronunciar as palavras. O jeito que move os lábios. O jeito como consegue ser doce, e ríspida, e triste, e enlouquecida... As sensações que causa.
O modo como me chama, ou me exige. A capacidade de transmitir - em palavras - vontades. A forma como, com apenas um suspiro, faz tremer.
Sons, em geral, viciantes. Acho que por algum tipo de reação química, ou biológica, ou (melhor ainda) física.
Muitas das lembranças românticas que tenho são diretamente ligadas a algo que ouvi. A primeira vez que tal disse "eu te amo" - e eu, tola, acreditei. A primeira vez que fulano me chamou de "linda" - e eu, ingênua, me envaideci. A primeira vez que ciclano cantou uma música pra mim - pouco importa as desafinações.
Ás vezes posso fechar os olhos e escutar o mesmo som, e sentir a mesma sensação. Bom, não a mesma, mas uma bem parecida. Pela marca que deixou. Pela marca maravilhosa que deixou nesse meu coração apaixonado.
A voz é decisiva para vontade de beijar. Como se beijando, de alguma forma, eu fosse estar mais perto, mais dentro. Como se fosse só meu aquele som, e enquanto eu quisesse ninguém mais pudesse ouvi-lo. Como se eu tivesse algum poder. Boba.
É difícil entender essas taras que a gente simplesmente tem. Só sei que eu gosto muito do som das palavras que saem daquela boca...

quinta-feira, setembro 30, 2004

Seria perfeito

Nos meus devaneios enquanto esperava um computador liberar no copy, tava imaginando como seriam as eleições perfeitas.
Em primeiro lugar: "jingles são proibidos". Imagina só uma campanha eleitoral inteira sem ter que ficar com musiquinhas toscas na cabeça por um longo tempo... "Fogaçaaa, Fogaçaaaaaa". Tipo, irritante. Ou "Beto prefeito Porto alegre de cara nova!!" Bom, lastimável.
Aqueles cartazes que eles colocam em todos os postes seriam totalmente vetados. Os postes ficam "decorados" por meses. Tem uns, eu até acho, que nem trocaram de uma eleição para outra, só botaram um papelzinho por cima com o número novo. Hehe.
O slogans deveriam ser melhor elaborados. Tipo, ninguém vota em alguém, ou não deveria, por este alguém "ser legal". E daí? Legal, mas ignorante, de que adianta? Eleger vereadores não é caridade, embora eles ganhem extremamente bem. Tem que ser mais pensado.
Os candidatos deveriam expôr suas idéias em locais públicos, sem aqueles showmícios absurdos, com Zezé di Camargo e Luciano. Um coisa mais estilo alguém falando no meio da praça e os que estão com vontade de ouvir ficam em volta. Se um candidato precisa de um show para chamar a atenção pros seus ideais, ele não deve lá ter ideais muito relevantes.
Bandeiras de partidos? Tá ok, isso passa. Mas cada um com a sua, levando embora quando termina o discurso.
Os santinhos? Proibidos. Sem discussão. Vão reciclar lixo e parar de sujar as ruas da cidade, seus mal-educados!
Horário eleitoral na TV? De repente poderia ser posto no ar um canal aberto durante as eleições, pra ser democrático, quem quiser sintonizar que decide. Na real eu não sei o quanto trabalhoso ou viável seria isso...
E, por favor, nada de bonecos imitando os candidatos, ok? Caricaturas são deprimentes.
Bom, num mundo perfeito, talvez. Mas, como diz o Rodrigo, num mundo perfeito não existiriam publicitários.

terça-feira, setembro 28, 2004

Sem tempo

Fazia muito tempo que eu não ficava assim, e com o perdão do trocadilho pobre, sem tempo. É estranho ter que calcular bem os horários, e deixar recados na geladeira para ter certeza de que não vou esquecer de coisas estúpidas, como tirar a erva de dentro da cuia do chimarrão, porque ela já tá ali faz dois dias...
Não tô reclamando, tô só constatando... É que meu estágio no "O Sul" começou semana passada. Eu tava doida pra trabalhar de uma vez, e tinha me esquecido das mil e uma responsabilidades que isso acarreta. E, ontem de noite, enquanto lavava a louça e pensava na vida, me dei conta que, daqui pra frente, as responsabilidades só tendem a aumentar.
Menos festas. Vida social quase nula. Visitas mais esporádicas à Rio Grande. Vida amorosa, o que é isso???

quinta-feira, setembro 23, 2004

Embaixo da cama

Desliguei a luz do abajur, respirei fundo. O dia tinha sido bom. Estranho, mas bom. Com direito a almoço comemorativo de um ano de Fabico. Com direito a "parabéns a você" no RU. Com direito a tocar violão por uma duas horas, até sentir o meu braço direito doendo, e rir um pouco pensando: "como ainda não me acostumei?"
Me deitei, feliz por ter terminado de ler "A Revolução dos Bichos". Por ter escutado muita música boa, de um cd que ganhei cheio de músicas boas. Feliz por ter ido no super e ter comprado um monte de comida.
Me deitei, com um pouco de sono, não muito, mas decidida a dormir.
Coloquei o celular no silencioso. Não tenho o costume de fazer isso, mas eu realmente queria dormir bem. Queria só abrir os olhos novamente com o som do despertador.
Então fiz aquela carinha de satisfeita com tudo que tinha acontecido no dia, fechei os olhos e tentei dormir, mas o sono não vinha.
Então - por que, Deus? - resolvi pensar na vida. Aos poucos fui ficando meio triste, me sentindo meio sozinha e comecei a ficar com medo. Imaginei "Aquelas de quem não falamos" por todos os cantos do meu "imenso" ap. Me escondi debaixo das cobertas. Ficou muito quente. Comecei a escutar uma respiração muito perto da minha cama. Me senti ridícula, com vinte e um anos e ainda com medo de monstros. Não tinha respiração nenhuma, não tinha ninguém, nem nada. Melhor assim.
Fiquei ali, imóvel, querendo ser pequena de novo, querendo correr pro quarto dos meus pais de novo, querendo ser um pouco menos adulta, um pouco mais criança. Querendo me divertir um pouco mais...

terça-feira, setembro 21, 2004

Conhecendo Porto Alegre

Eu ando, ando e não conheço nada! Que horror, que cidade gigante!
Qualquer pessoa conhece Rio Grande toda (pontos turísticos, festas, locais de passeio pra tomar chimarrão, praia) em no máximo, tipo assim, exagerando, duas semanas. Eu moro aqui faz um ano e descobri semana passada que tem um Nacional duas quadras da minha casa. Que bom, porque o Zaffari é muito caro.
Então, eu sei, isso não é uma agenda, é um blog, mas tenho que contar do mesmo jeito... Os lugares que conheci no feriadão:

1. Calçadão da "praia" de Ipanema - eu venho de Rio Grande, que tem o Cassino (a maior praia do mundo), chega a ser desaforo chamar Ipanema de praia.
2. O Buraco, ops, A Toca (ou Psico Arte, ou Psicoarte, ou A Toca Psicoarte, ou...) - estorou um cano no meio da festa (alagamento = deja vü), o dj brigou com o dono, sem contar que era alternativo demais. Talvez eu volte lá, talvez eu me torne mais alternativa.
3. Parcão - bem legal, estilo meio "hippies cheios de dinheiro". Não eu, claro, nada hippie e nada rica.
4. Dado Bier - pessoas interessantes, música boa e uma caipira de morango que chega a ser um pecado.

Aos poucos eu chego lá. Estranho pensar que já tive muito medo de morar aqui, e agora não consigo imaginar minha vida em outro lugar.

sábado, setembro 18, 2004

Frase do dia II

"Se você ainda não encontrou sua metade da laranja, procure a metade de um limão, junte com açúcar, pinga, gelo, bata bem e seja feliz!"

Muito bom!!! Pois é, tô mais pra caipira mesmo...

Li numa faixa: "Revolução Farroupilha: negros e peões mortos. comemorar o quê?".
Algo sobre o que se pensar...

sexta-feira, setembro 17, 2004

A Vila

Eu adorei! E não entendo, sinceramente, como teve gente que não adorou. Totalmente doido, com o Adrien Brody dando show, com aqueles bichos apavorantes, com uma trilha sonora bem arrepiante. Entre mil outras coisas. Gostei muito e recomendo. Tipo, recomendo MESMO. Achei a história fascinante, mas vou parar de fazer comentários vazios, já que não posso contar o que acontece de verdade. Só mais um detalhe: aquilo que é amor...

Tô bem irritada por causa dessa minha gripe, que eu acho que vai me impedir de ir na reunião do Clube da Luluzinha hoje (mulheres fabicanas livres pela Lima e Silva, meu Deus, loucura total). Acho que, no máximo, vou ficar em casa vendo TV e tomando chazinho de laranja com mel. Credo.

Especialmente para as pessoas que acham que eu ando muito pra baixo, ultimamente. Eu tô bem. Juro. Tô bem mesmo. Andava meio deprimida, culpa da TPM, mas agora tô melhorzinha. Uma pessoa não pode ( e não consegue) ser feliz o tempo todo, né?

Então é isso, mesmo. Vou ficar sem acesso a internet todo o feriadão. Vocês, leitores assíduos, se é que existem leitores assíduos, não se desesperem!!

quinta-feira, setembro 16, 2004

E daí?

Tão pouco tempo, tanto a aprender...
Não me preocupar tanto com os outros.
Não ficar horas tentando achar as palavras certas, já que elas não vão ser entendidas não importa como forem ditas.
Não me martirizar, porque os outros podem achar que ser mártir é um deboche.
Não me envolver sentimentalmente (que piada).
Não fazer planos.
Não esperar ligações.
Não criar expectativas.
Conclusão: esquecer tudo o que sou e recomeçar do zero, porque essa Thais aí...

terça-feira, setembro 14, 2004

Mais uma estrada

Deixada na rodoviária, com uma mala de rodinha e uma bolsa cheia de bugigangas (incluindo uma lata de leite condensado que meu pai me fez levar. "Tu adora branquinho, filha!").
Entrego a mala pra um cara, que por falta de originalidade chamo de "cara das malas", pego o papelzinho que tem o número da minha mala, pra pegá-la de volta no meu destino.
Ninguém pra dar tchau. Melhor, detesto despedidas. Mentira, adoro despedidas, mas não tem ninguém pra se despedir de mim, meu pai me deixou e foi embora. Acho que ele não gosta de despedidas. Me deu um abraço apertado e falou: "não demora pra voltar, tá? E liga quando chegar!". Foi a coisa mais doce que já ouvi.
Subi no ônibus. Poltrona 31. Rezei baixinho pra ninguém sentar do meu lado e eu poder me esticar. Um senhora começou a andar na direção do banco e disse: "com licença". "Tem toda, mulher que vai me apertar a viagem inteira!". Só no pensamento, claro.
O meu celular toca. Não conheço o número. "Oi, amor da minha vida!". "Oi, Mi!". Michelle, minha irmã mais velha. "Desculpa não tá aí pra me despedir de ti!". "Nem te estressa, já tô acostumada". Eu nunca me acostumo.
Abri Aritmética, que por mais incrível que pareça, ainda não acabei. Comecei a ler. Deu sono, ou Dramin que a minha mãe me deu fez efeito.
Mas insisto lendo. O motorista apaga a luz principal e tenho que acender aquela luzinha de cima, muito fraca. Forço os olhos. Pergunto pra mulher do lado: "incomoda?". "Não". Talvez ela só estivesse sendo educada, então leio mais um pouco e apago a luz.
O ônibus segue. Pára na estrada três vezes pra subir gente. Pego no sono. Acordo. Olho o relógio e vejo que só se passaram quarenta minutos. E começo a pensar na vida, o que nunca é bom. E começo a concluir mil coisas, a imaginar mil coisas. E fico rindo lembrando do meu último porre. E tenho vontade de chorar pensando em como sou fraca. E dói meu coração mais profundo do que o normal. E me sinto só. E o ônibus segue.
Uma parada. Desço, vou até o banheiro, lavo o rosto. Encontro um amigo. Que coincidência. Conversas superficiais. "Tchau". "Tchau".
O ônibus segue. A rodoviária tá quase sem movimento quando eu chego, não tem ninguém me esperando. Por que teria? Entrego o papelzinho pro cara das malas, pego minha mala e vou caminhando até o táxi. "Táxi, moça?". "Ahã".
"Oito reais". "O senhor se importa de esperar enquanto eu abro a porta da frente?".
Entro no prédio, dou um aceno amistoso pro taxista solidário e entro no meu ap. Tranco a porta. Tá vazio. Por que não estaria? Deixo as malas jogadas, arrumo o despertador - 7:30. Tiro a roupa e coloco uma camiseta amarela de um lugar que trabalhei. Ela é confortável, boa pra dormir, e meu pijama tá na mala, não quero abrir a mala agora.
Me deito e ligo pra minha mãe. "Já tô em casa, segura e quentinha". Desligo em seguida.
Boa noite. Não, dessa vez não tem resposta.

domingo, setembro 12, 2004

Festa estranha...

... com gente esquisita.
Fui a uma festa no Bauhaus (Cassino) com uns amigos. A festa era de música eletrônica, cinco dj's bem conhecidos puseram música. Em primeiro lugar, não conhecia nenhum deles. Em segundo, eu tenho quase que absoluta certeza que alguém colocou um cd no início da festa e deixou rolar a noite inteira: as músicas eram incrivelmente repetitivas.
Pra piorar, ou apenas deixar mais engraçado, eu notei que tinha uma quantidade absurda de gays e lésbicas. Não, eu não sou preconceituosa. Mas ainda fico um pouco chocada com algumas demonstrações públicas. Talvez seja falta de costume. Na real, eu devo ser um pouco preconceituosa mesmo, porque eu penso mais ou menos assim: "façam o que quiserem, mas não mexam comigo!". E mexeram.
Então achei estranho estar em um lugar e ser mais assediada por mulheres do que por homens. Desesperado ficou um amigo meu, que quase implorou pra eu rever meus conceitos: "um beijinho só, linda, naquela ali, pra eu ver!". Não, obrigada. Só queria dançar.

sábado, setembro 11, 2004

Suspiros...

"Pra que usar de tanta educação
E destilar terceiras intenções
Desperdiçando meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor"

Codinome Beija-flor / Cazuza

Em RG...

... algumas coisas boas de se estar em casa:

1. Ser acordada com um "bom dia!".
2. Não precisar fazer almoço.
3. Computador com internet.
4. Telefone.
5. TV a cabo.
6. Irmãs pra dividir branquinho numa tarde de sábado.
7. Pessoas pra tomar chimarrão.
8. Cachorros.
9. Amigos rio-grandinos.
10. Impressora com tinta.
11. Máquina de lavar roupa.
12. Secador de cabelo.
13. Mãe pra conversar.
14. Pai pra contar piada.
15. Colinho de pai e de mãe.
16. Ser esperada na rodoviária.
17. Escutar minhas mp3 no PC.
18. Ver minhas fotos, também no PC.
19. Miojo? O que é isso?
20. Família.

Tão óbvia...

Detesto ser óbvia.
Detesto o fato de todos saberem o que estou sentindo apenas por um olhar. Sou transparente demais e gostaria de ser um pouco mais misteriosa... Toda mulher, no fundo quer ser um mistério a ser desvendado.
Eu notei apenas hoje que era assim, tão óbvia. Tava passando pela frente da escola Felipe de Oliveira, que fica a umas duas quadras da minha casa, e fui (como o habitual) cumprimentar o guarda dali.
Abrir parêntese. (Eu e o guardinha da Felipe de Oliveira estamos, aos poucos, criando fortes vínculos. Dia desses a gente trocou umas frases, noutro dia ele tocou no meu braço, noutro ele reparou que eu tava atrasada. Por enquanto eu não tô com medo, mas sei lá, cidade grande é outra coisa...). Fechar parêntese.
Bom, continuando, fui cumprimentar o tal guardinha e ele me disse assim: "Tá distraída hoje, hein, moça? Anda muito pensativa..." - se ele, que me vê trinta segundos ao máximo por dia, notou isso, que dirá as pessoas que convivem comigo...
Então, pra deixar de ser óbvia e passar a ser direta: muita coisa aconteceu nos últimos dias e muita coisa mudou em mim nos últimos dias. Tô me sentindo menos sozinha, mais madura, mais corajosa pra enfrentar essa coisa doida que é a vida. E tenho uma confissão a fazer: todo aquele medo de morar sozinha e viver sozinha e abandonada para sempre acabou. Tô aprendendo a conviver bem comigo mesma, e tô começando a achar essa nova Thais uma boa companhia (ou será que eu tô enlouquecendo, pra me chamar em terceira pessoa?!). As coisas mudam mesmo. E eu que não acreditava em mudanças.

Vi "Olga" no cinema. Eu queria ter apenas 1% da coragem daquela mulher.

Meu conselho do dia: ouça U2, pense na vida e ligue pra quem quiser, quando quiser, se der vontade. Sempre vale a pena tentar...

Hoje faz três anos dos atentados terroristas ao WTC. Sei lá... Estranho pensar sobre isso...

quinta-feira, setembro 09, 2004

Frase do dia

Nada melhor do que não esperar nada, e ser surpreendida...

Coragem

Eu estava sentada na borda da minha cama, receosa. Ele estava encostado entre os travesseiros, no lado oposto ao que me encontrava. Me virei para encará-lo, ensaindo rostos de fúria, pra esconder meu desalento. Ele parecia simples de ser compreendido. Apenas parecia, não me iludi com sua imagem... Sabia que a partir do momento que começasse a tentar entendê-lo, sua complexidade ficaria evidente. E talvez eu não fosse resistir a tanta provação...
Eu continuava sentada, olhando para ele, me sentindo a mais covarde das mulheres. Pude perceber que se o tocasse, nunca mais seria a mesma. E me veio á mente se eu quero continuar sendo a mesma. Seria o mais fácil, mas só por isso, seria o melhor?
Então lembrei das vezes que ri e das vezes que chorei. Lembrei das palavras que doeram. Lembrei como era árduo ser interessante para os olhos desinteressados. Lembrei de quantas vezes esperei o celular tocar em vão - e de como me achei patética por causa disso. Lembrei dos planos que fiz e não deram certo. E dos medos que tive e viraram realidade.
E continuei ali, imóvel, com o rosto triste.
Aos poucos, com uma súbita vontade de ser forte - de ter alguma coragem - comecei a mover o braço com o intuito de alcançá-lo. O toquei e imagens rápidas invadiram a minha mente. Risadas, gritos, beijos. Mais risadas, mais gritos, mais beijos. Lembrei de tudo que ele representava de feliz e de triste...
Me senti um pouco boba por valorizá-lo tanto. Por conferir tantos significados a algo inanimado.
Sem pensar mais, o peguei com força e trouxe pra junto de mim. Respirei fundo. Abri suas páginas novamente e, enfim, entendi: são apenas frases, é apenas um livro. Complexa sou eu.

quarta-feira, setembro 08, 2004

Monkey

... apenas uma pequena homenagem aos dias de bebedeira do nosso amigo querido, "o" Tijolão!

Eu estou muito inspirada hoje, seria capaz de escrever dez posts... De onde será que vem tanta inspiração??? Eu queria muito, muito, MUITO saber...

Constatações...

... depois de um feriadão de curtição e bebedeira em Xangri-Lá:

1. Eu realmente não agüento seis doses de Tequila...
2. E realmente fico ainda pior quando tomo - além das seis doses - Johnie Walker, Marguerita e batida de chocolate branco e leite condensado!
3. Bêbados se acham engraçados, fazem associações absurdas, riem dessas associações, e não entendem porque elas não são óbvias para os outros!
4. Bêbados ou riem muito, ou choram muito...
5. Bêbados não têm nenhuma vergonha na cara...
6. Bêbados deixam as outras pessoas constrangidas com os comentários sórdidos que fazem...
7. A "manhã seguinte" é inevitável...
8. Alguns homens ficam muito bem de Long...
9. Morango, leite condensado e vodka formam uma coisa muito boa, quando misturados!
10. Truco é um jogo complicado...
11. Eu tenho manias "muito, muito, MUITO" estranhas pra falar!
12. Bêbados se acham mil vezes mais bonitos do que são...
13. Eu não consigo pronunciar a palavra "Massachusetts" quando bebo demais...

O vento com aquele cheirinho de mar, o barulho do mar agitado, tomar um chimarrão deitadinha na rede no fim de tarde, um violãozinho dedilhado como som de fundo... Eu ainda vou morar na praia...

sexta-feira, setembro 03, 2004

Findi e Feriadão!

Tô totalmente animada com os meus programas pro findi e pro feriadão. Aliás, vou matar a aula do Canali na segunda... Um pequeno peso na consciência, nada que faça alguma diferença...

Hoje:
Festa da Biologia na ESEF, em comemoração ao aniversário do Carioca, com bebida liberada...

Amanhã:
No almoço: Churrasco dos primeiros quatro semestres da Fabico, no condomínio da Flávia, muita cerva e caipira!
De noite: eu, a Raquel, a Flávia e mais algumas pessoas vamos pra Xangri-Lá, e só voltamos na terça! A promessa é a de acabar com umas garrafas de jurupiga, tequila, ...

quinta-feira, setembro 02, 2004

Eu recomendo "Matadores de Velhinhas".

Por que esse dia?

Dia chuvoso realmente me deprime, me deixa cabisbaixa, me faz sentir só...
Na verdade eu ainda não me acostumei muito bem com a idéia de que eu tô só. Não me acostumo com o silêncio, não me acostumo a ter o som como companheiro, não me acostumo a ficar horas sem falar e ter que falar sozinha pra não perder a voz...
Pode ser falta de maturidade e um monte de outras coisas, mas um dia chuvoso como esse me faz querer ter alguém, me deixa carente, me faz criar coragem pra mandar aquele e-mail que faz tempo quero mandar, mas que tinha medo de ser mal interpretado...
Um dia chuvoso sem o bolinho de chuva da minha mãe me faz ver que tô crescendo, que ela não tá aqui do meu lado sempre que eu precisar que eu não sou mais aquela garotinha que corria pro meio dos pais quando tinha um sonho ruim, como queria ainda ser aquela garotinha... Se meus sonhos forem ruins, eu vou acordar e não vai ter ninguém perto de mim pra me dar um abraço reconfortante e rir das minhas bobagens...
Esse dia chuvoso me deixou triste, e eu tô muito cansada de me sentir triste e sozinha... Pra completar, fiquei com saudade de casa, o som do meu pai na oficina dele seria a barulho mais reconfortante pra mim agora...

segunda-feira, agosto 30, 2004

Episódio do esquecimento!!

Esqueci de pegar o chaveiro quando tava saindo de casa, ou seja, fiquei do lado de fora!
Sem rumo... Tadinha!! Já tava considerando a idéia de ir dormir num banco de praça quando lembrei da Flávia, uma alma caridosa que me daria um leito!!
Os vizinhos agora devem me odiar... Eu trouxe a discórdia ao prédio (que exagero!).
Caso já resolvido, mas que foi cruel, foi...

Brilho eterno de uma mente sem lembranças

Nada de choro...
Apenas um estado de choque, uma tristeza perceptível no olhar, um medo absurdo...
Se eu pudesse recomeçar, faria tudo de novo?
Sofreria tudo de novo, acreditaria tudo de novo, amaria tudo de novo?
O caos, de alguma forma, valeu a pena? Realmente queria ter essa resposta... E mais do que isso, queria não estar sentindo agora esse medo horrível de passar por tudo isso novamente.
Eu queria ser um pouco mais fria, não levar tudo tão a sério e, ao menos uma vez, me conhecer bem, me entender bem, pra não ficar com um cara de abobada por causa de um filme...
Eu queria ter persistência e boa vontade suficientes pra encarar os acidentes de percurso com naturalidade, pra conseguir esquecer tudo que foi dito e magoou, ou tudo que foi omitido e machucou demais... Queria conseguir recomeçar do zero, deixando esquecido em alguma parte em desuso da minha mente as coisas que me fizeram mal, pra poder tentar de novo, errar de novo, tudo de novo. Mas eu não consigo.
Pra mim, o caos já valeu a pena, não vale mais...

quinta-feira, agosto 26, 2004

Episódio do alagamento!!

Sábado (21/08) - mudança feita, ap todo direitinho...
Domingo (22/08) - estorou um cano da cozinha e o ap foi literalmente inundado!!
Que confusão... Agora o problema já foi resolvido, mas quando olhei todas as minhas coisas dentro daquela "piscina", deu vontade de sentar e chorar!!

Ps: até que enfim o Lico abriu e eu pude voltar a escrever...

Unwell - Matchbox 20

All day staring at the ceiling
Making friends with shadows on my wall
All night hearing voices telling me
That I should get some sleep
Because tomorrow might be good for something
Hold on
Feeling like I'm headed for a breakdown
And I don't know why

But I'm not crazy, I'm just a little unwell
I know right now you can't tell
But stay awhile and maybe then you'll see
A different side of me
I'm not crazy, I'm just a little impaired
I know right now you don't care
But soon enough you're gonna think of me
And how I used to be...me

I'm talking to myself in public
Dodging glances on the train
And I know, I know they've all been talking about me
I can hear them whisper
And it makes me think there must be something wrong with me
Out of all the hours thinking
Somehow I've lost my mind

And how I used to be
Yeah, how I used to be
How I used to be
Well, I'm just a little unwell
How I used to be
How I used to beI'm just a little unwell

quinta-feira, agosto 19, 2004

Em solo porto-alegrense

Até que enfim, cheguei!!
Minha vida vai tá uma loucura nos próximos dias por causa da minha mudança...
Tanto papo pra pôr em dia depois de um mês de férias...

quinta-feira, agosto 05, 2004

Apenas uma frase... E as coisas poderiam ter sido tão diferentes...

Uma pequena homenagem...

"Entre duas notas de música existe uma nota
Entre dois fatos existe um fato
Entre dois grãos de areia
Por mais juntos que estejam
Existe um intervalo de espaço
Existe um sentir que é entre o sentir, é aquilo que ouvimos
E chamamos de silêncio"
Clarice Lispector


Homenagem aos dias de silêncio e solidão que vou ter que enfrentar no próximo semestre, pois hoje confirmei a suspeita de que vou continuar morando sozinha...

quarta-feira, agosto 04, 2004

Não sei porque eu ainda continuo me enganando e fazendo planos pras férias... Tá, eu sei, elas não acabaram ainda, mas queria ter feito mil coisas a mais do que já fiz, tipo...

1. Terminar de ler Aritmética da Fernada Young - mas se já tô cansada de relacionamentos confusos, me recuso a ler sobre eles.
2. Ir muito ao cinema - aqui em Rg, eu tenho quase certeza, tá passando Titanic no cinema, e a versão antiga, não a última.
3. Sair bastante - é... na média, nada demais.
4. Entender porque meus cachorros começam a latir, pontualmente, ás nove da manhã - o mistério continua.
5. Ajudar minha irmã mais nova com a Matemática - eu esqueci muito do que aprendi, quase nem tô conseguindo ajudar ela!
6. Emagrecer - caso perdido, eu sei...
7. Me aprimorar no violão - se é que não continua sendo aprendizado, por razões óbvias que só meus vizinhos entendem.
8. Aprender a passar um dia perto do computador sem utilizá-lo - grande ironia, né?

terça-feira, agosto 03, 2004

"Nobody said it was easy
No one ever said it would be this hard
Oh, take me back to the start"
The Scientist - Coldplay

A "Certinha"

Nesse último semestre, um dos temas das redações do Seben era criar um texto como se fosse alguém muito diferente, adquirindo a linguagem e tal. Nunca me esqueço que tava no Dacom pensando sobre por quem me passaria, quando o Seben chegou. Eu falei pra ele que tava na dúvida sobre o que fazer e ele me disse pra fazer uma vadia. Eu perguntei "por quê?" e ele disse: "quem é a pessoa mais certinha da Fabico?".
Ok, eu sei que era um contexto bem diferente do de agora (namorado = menos festas), mas eu acho que ainda continuo com esse estigma... E, na verdade, tô bem cansada desse estigma, lido com ele há 21 anos!
O que eu tenho que fazer pra não ser chamada de certinha?
Tomar um porre e pagar um baita vale? Feito.
Tantas outras coisas que eu já fiz e foram tão desnecessárias... Não dar o devido valor a quem gostava de mim, brincar com o sentimento dos outros por pura imaturidade, correr atrás de pessoas pras quais eu não tinha nenhum valor... Eu já sofri tanto com meus erros que, acho até, queria ter sido mais vezes a "certinha".
Não tenho culpa se acordo de bom-humor; se tento não julgar as pessoas por uma ou duas ações; se acredito, ainda que quase nunca admita isso, em mudanças; se tenho um relacionamento ótimo com meus pais; se sei ouvir críticas; e se me entrego profundamente quando tô apaixonada (sem fazer a mínima questão de esconder dos outros isso, o que me rendeu até o apelido de "miss apaixonadinha").
Algumas coisas eu não faço não por ser "certinha", mas por uma questão de valores... Como trair, mentir, fingir ou fazer sexo sem amor. Nem quero mudar... Se meus valores e minhas convicções me tornam a "certinha", o que posso fazer? Um dia vou acabar aprendendo a lidar com esse estigma...

segunda-feira, agosto 02, 2004

Festa, festa e festa!!

Muito bom sair!
Eu, amigos e Polar... Perfeito!
Fazia horas que eu não saía, fui pro República (um barzinho que adoro em Rio Grande) assistir a um show do Só Fandango (músicas gauchescas) e me surpreendi: tava muito bom. Tenho sentido muita falta dos amigos de Porto, então me divertir aqui foi surpreendente!
Coisa de mulher que não tá acostumada a ser solteira... Passei tanto tempo namorando que desaprendi a sair sozinha, me afastei dos amigos daqui por vir pouco no último semestre e agora tava me sentido bem perdida.
Os meus vínculos em Porto são recentes, no primeiro semestre eu ia pra RG todo fim-de-semana, mas muito fortes... Tenho me sentido mais em casa em POA, do que em RG (tirando o fato de que lá eu moro sozinha, o que eu realmente odeio!). Ás vezes eu sinto que estar aqui é quase um retrocesso...
O povo da Fabico tá fazendo muita falta.
Nota mental: nunca abandonar os amigos!
Dancei, me diverti e fiz uma coisa que eu já não tava conseguindo fazer mais nessas férias: sorri...

domingo, agosto 01, 2004

Uma tarde sem sol... Voltinhas no Cassino... Uma grande confusão com o radiador do carro... Eu realmente deveria ter ficado em casa...
Hoje, finalmente, eu vou sair...

O que uma insônia não faz...

Vivo sob o jugo do meu telefone celular... Ontem, enquanto tentava dormir durante minha insônia costumeira, parei pra pensar e notei que o meu celular não tinha tocado o dia inteiro, nem ao menos uma vez. Nem mensagem, nem toque, nem telefonena. Nem a pessoa que anda me ligando constantemente, e coloca umas músicas bregas (estilo "você vai ver" do Zezé di Camargo e Luciano), me deu um toquinho ontem...
Então, refletindo as quatro da manhã, surgiu isso...

"Só por hoje eu não corri riscos, não me arrisquei. Só por hoje eu não te mandei uma mensagem com conteúdo alucinado e desesperado, esperando qualquer resposta, mesmo a mais humilhante. Só por hoje eu não te liguei, esperando escutar tua voz rouca de sono no outro lado da linha. Pra falar 'oi, desculpa, te acordei?' e mentir que não sei o teu horário de dormir. Só por hoje eu não tentei mudar minha vida, mostrar o que quero sem medo do que vão pensar, sem medo de ser rejeitada. Só por hoje, eu acho, não vivi."

sábado, julho 31, 2004

Por que esse nome?

Two reasons...
A primeira: quem me conhece sabe que eu vivo com o coração dividido entre Porto Alegre e Rio Grande, então resolvi fazer uma pequena homenagem a essa minha situação de viajante... Embora o fato de eu ficar quatro horas e meia dentro de um bus não seja das mais agradáveis pra mim...
A segunda: o que é a vida, afinal, além de uma estrada que se cruza com outras diversas estradas? Esses cruzamentos podem causar acidentes, é claro, mas as coisas são assim mesmo.
Depois dessa breve analogia (um pouco, digamos, estranha até) digo que espero que todos gostem das coisas que vou escrever aqui. Se não gostarem, serão dois esforços...
Encontro vocês por aí, numa estrada qualquer...