domingo, outubro 31, 2004

Parabéns

Hoje esse blog faz três mesinhos de vida.
Já... Estranho pensar em que circunstâncias ele foi criado.
Notícia aos desavisados: eu ainda não perdi a vontade de escrever...
E obrigada profundo e grato para os meus "maiores comentaristas": Fê, Rafa e Judite.

Ei, você aí, se quiser entrar para essa lista, a hora é essa, no mês que vem seu nome pode estar entre os "maiores"! Hehehe!

Frase (imbecil) do dia: "se não sair no lucro, sai - no máximo - no prejuízo". Muito boa...

sábado, outubro 30, 2004

Descascando laranja

Cada pessoa encara de um jeito o fato de que ali, naquela hora, daquele jeito, foi o ponto final. Não recrimino nenhum dos jeitos de encarar isso. É complicado mesmo lidar com o fim, lidar com o fato de que uma história acabou, não tem volta. Mais complexo, ainda, é tratar disso com maturidade, sem cair na mesmice de declarações falsas e vazias com pretensões de serem profundas. As pessoas se tornam muito óbvias quando pretendem ser profundas.
É por isso que, agora, escrevo com a pretensão egoísta de desabafar. De dizer que algumas conversas, várias palavras e incontáveis frases me abalaram muito ultimamente. Talvez por eu não ter tido a (já citada) maturidade necessária pra compreender o que estava na minha frente. E, pior ainda, por não notar que algumas atitudes minhas feriam, mesmo sem a intenção de fazê-lo. Mas tudo se encaixou perfeitamente na minha mente enquanto via (pasmem) Ace Ventura, na Sessão da Tarde, e descascava uma laranja que tinha trazido do RU.
Eu só posso garantir que fui castigada - não com o peso que essa palavra traz para alguns, não foi nada infernal. Eu apenas recebi um leve castigo por ter sido tão irresponsável com os sentimentos alheios.
Tontura, naúsea, uma vontade de chorar e a certeza de que a minha voz sairia por demais melosa se tivesse alguém pra conversar. Me segurei pelo tempo que foi possível, fazendo referências ao fato de ser patética, frente ao espelho. Fechei a porta de casa com aquela segurança de quem vai enfrentar o mundo, e que se fodam todos que sofrem. Eu que me foda, então. As lágrimas corriam devagar, sem pressa, com uma discrição propositada, um receio de alertar os outros passageiros do ônibus.
Cheguei no trabalho com um sentimento de frustração e de impotência inexplicáveis. E com um vontade de sofrer um pouco, pra ao menos sentir de novo. Lavei o rosto com água gelada. Me olhei no espelho e dei aquele suspiro alto. Dessa vez é pra valer. Que se fodam, e que eu me foda também, mas que ao menos eu viva.

quinta-feira, outubro 28, 2004

Bandeiras e gritos

Tá, eu tava apenas irritada com essa guerra, ops, eleição de Porto Alegre, mas assim já é demais.
Eu presenciei uma cena horrorosa de um militante do PT que ofereceu um papelzinho daqueles atacando o Fogaça pela janela de um carro, na esquina da Silva Só com Ipiranga. O cara do carro recusou e o papel e o militante gritou: "então vai pra praia no feriadão e não vota, burguês".
Tá, não foi nada tão agressivo, mas tem mais...
Teve um debate entre o Raul e o Fogaça lá na Pampa. Os militantes dos dois partidos ficaram na frente do prédio se xingando por horas. Uns aproveitando o fim das músicas dos outros, uma baixaria total. Se chamavam de tudo, e um monte de brigadiano se juntou pela volta pra tentar controlar. Altamente desnecessário.
E, por último, e não por isso menos importante, tava passando pela mesma esquina da Silva Só com Ipiranga e uma militante do PPS, ou do PTB, ou de uma das outras mil coligações de segundo turno do Fogaça, me atingiu com a bandeira. Isso mesmo! Eu passando e levando uma bandeirada na cabeça. Não foi uma cena bonita de se ver, eu juro.
Houve um tempo em que eu andava pra cima e pra baixo com adesivos e defendendo mil ideais, agora eu só quero que isso acabe de uma vez.
E, só por birra, não vou transferir meu título pra POA.

terça-feira, outubro 26, 2004

Truth Is A Whisper

Truth is a whisper and only a chance
Nobody hears above this noise
It's always a wisk when you try and believe
I know there's so much more than me
Yeah I got caught in the ruse of the world
It's just a promise no one ever keeps
And now it's chaning while we sleep
And no one can see

You know all I am
Feel this moment in you
You know all I am
Can you teach me to believe in something

Sometimes you choke on the smell
Just to breathe
I need to question what I need
Rhythm of silence
That beats through your mind
Still you forget what you deny
Yeah I got caught in the ruse of the world
It's just a promise no one keeps
And now it's changing while we sleep
And no one can see

Who's the one you answer to
Do you listen when he speaks
Or is everything for you
And do you find it hard to sleep
Or is it easy on your own
Will you ever find some peace
Before you're gone

Goo Goo Dolls

sexta-feira, outubro 22, 2004

Rotina...

Ás vezes eu fico tão preocupada em ter tempo para fazer tudo que preciso, que acabo me esquecendo de pequenas coisas capazes de me fazer feliz.
Como comprar um sorvete do McDonald's e ir caminhando até a minha casa, no solzinho...
Nada mais rotineiro e acolhedor do que ser uma filha - consciente - da Indústria Cultural.


segunda-feira, outubro 18, 2004

Jogo do Inter

Gol de cabeça é legal.
Gol por desatenção do Clemer, não.
Cerveja no estádio é legal.
Comidas, não.
Cobrança de penâlti é legal.
Impedimentos mal marcados, não.
Estádio é bem legal.
Caminhar até o Praia de Belas, não.
Muricy gritando é agonizante mas é legal.
Juiz caindo no meio do campo, não.
Fernandão é legal.
Cleiton Xavier, não.

Hora certa

Olhei pro relógio. Marcava 0:00.
Lembrei de uma uma coisa que uma amiga sempre dizia, que quando a gente olha pro relógio e todos os números são iguais, a gente deve fazer um pedido. Eu sei, por demais tosco, mas eu sou tosca mesmo, então resolvi fazer um pedido, sei lá pra quem, talvez pra alguma entidade do tempo...
"Quero ser promovida no O Sul"
"Não, quero ser promovida no O Sul e conseguir multiplicar o tempo - pra fazer tudo que preciso nessa semana"
"Não, quero ser promovida no O Sul, conseguir multiplicar o tempo - pra fazer tudo que preciso nessa semana - e ser um pouco mais corajosa"
"Não, quero ser promovida no O Sul, conseguir multiplicar o tempo - pra fazer tudo que preciso nessa semana, ser um pouco mais corajosa e que ele me ligue"
"Não, quero ser promovida no O Sul, conseguir multiplicar o tempo - pra fazer tudo que preciso nessa semana, ser um pouco mais corajosa, que ele me ligue e que ele venha aqui."
"Cara, como eu quero coisas, será que tem que ser um pedido só?"
Como se não bastasse acreditar numa bobagem dessas, ainda queria enrolar sei-lá-quem, talvez a entidade do tempo, pra fazer três pedidos, ou cinco. A que limite chega uma pessoa? Patético.
"Tá, decidi, quero ser feliz, é, isso mesmo, ser feliz tá de bom tamanho"
Mas no relógio já marcava 0:01.


quinta-feira, outubro 14, 2004

E os rótulos...

Que diferença faz?
Talvez seja um pouco de receio de dar nome as coisas. Talvez seja um pouco de receio de, ao nomear, dar errado. Talvez seja uma crise existencial e eu queria fingir que sou uma pessoa completamente diferente da que todo mundo tá acostumado.
Talvez eu ache que as coisas funcionavam quando era amizade e deram tão errado quando se transformou em namoro... A ponto de me fazer temer relacionamentos, a ponto de me deixar medrosa, frágil.
Talvez eu tenha medo das milhares de implicações que um título traz...
Ou talvez essa seja mais uma infantilidade da minha cabeça.

"Quanto mais madura eu me torno, mais eu vejo que ainda preciso amadurecer"

quarta-feira, outubro 13, 2004

Conturbado

"Vamos sair, então?!"
"Vamos lá!"
E fomos. Eu e a Flávia. Saímos de casa super tarde, quase meia hora, porque demoramos muito entre banho, escova, roupa e maquiagem.
"Lima e Silva?"
"Certo!"

Druída: bombando.
"De novo, não, péssimas lembranças..."

Casa de Praia: entramos.
"Credo, que lugar iluminado"
"E não dá pra dançar!"

Gê Powers: barradas.
"Tem que pagar a vista, gurias!"
"Mas a gente só tem cheque ou cartão! A gente esqueceu de tirar dinheiro!"
"Então não entra!"
"Cara, como a gente é burra!"

"Oi, 'os guria!"
"Oi!"
E o carinha começou a falar, se chamava Rodrigo, e a gente conversou com ele. Conversar não tira pedaço. Tinha uma moto estranha e um jeito de falar muito do interior (semelhante atrai semelhante). Camaquã.
"Bah, a gente vai embora que isso aqui tá muito falhado"
"Redenção amanhã, gurias?"
"Ahã... (nos teus sonhos!)"

"Vamos ver como tá o Druída de novo, a gente sempre acaba lá, mesmo!"
Entramos no carro. E fomos dar uma voltinha na Lima e Silva, pra decidir o que fazer... E o carinha estranho da moto estranha, que não era feio mas tinha cara de psicopata, começou a nos seguir. Nos parou na esquina da Sebastião Leão com João Pessoa, fazendo doideras com a moto.
"Vamos pra onde, 'os guria?"
A gente se fez e ele pareceu ter ido embora. Na esquina da João Pessoa com a Ipiranga...
"Onde a gente vai, 'os guria?"
"A gente vai no Druída!"
Ele acelerou na frente, dobrou na Ipiranga, depois na Lima e Silva. A gente tava indo atrás e quando ele dobrou na Lima e Silva, a Flávia acelerou e fomos pela Ipiranga.
"Ai, Thais, ele tá vindo!"
"Calma, vou ver se é!"
Não era, graças a Deus! A Flávia dobrou na Borges e já estavamos indo pra casa, nervosas.
"Uma passadinha em Ipanema?"

Pedigree: surpreendidas.
"Aceita cartão?"
"Qualquer um!"
Entramos e dançamos muito! Ficamos mais aliviadas e nos divertimos. Especialmente com um carinha que ficou assoprando as costas de Flávia e fez uma cara que, na tentativa de ser sexy, foi a coisa mais deprimente que já vi na vida!

Aiai, chegamos em casa às 4:44, exatamente. Rindo, um pouco sem entender como as coisas foram de um lado a outro tão rápido.

Declaração

"Nem penso muito no que pode acontecer
Enquanto arrumo todas as coisas que eu sinto
O meu passado e o meu destino
Espero que o fim da tarde venha com você"

terça-feira, outubro 05, 2004

Insensata

Eu não sei se a personalidade define o perfume, ou se o perfume define a personalidade. Só sei que existe uma relação muito direta entre esses dois. Ao menos pra mim.
Quando era pequena, com aquela mentalidade infantil (que delira com um “X” da Xuxa, mesmo que seja só no cantinho e aumente o preço em três vezes), bom, eu tinha um perfume roxo da Xuxa. E eu me achava uma adulta usando ele. Lembro que minha irmã tinha o rosa, e às vezes eu usava o dela escondido pra não gastar tanto o meu.
Cresci um pouco e comecei a usar Thaty. Primeiro, porque é meu apelido, e eu achava legal usar um perfume com o meu próprio nome, como se quem o descobriu estivesse pensando em mim. Um cheiro meu, com o meu nome. Segundo, porque as minhas amigas me diziam que o cheiro só ficava bem na minha pele. Naquele exagero habitual de amiga adolescente. Então eu jurava que o perfume só ficava bem em mim. E, além disso, ninguém ia cheirar mesmo. Quanta inocência perdida.
Primeiro beijo, primeiro namorado. A ingenuidade continuava. Continuava o Thaty.
Período de “ficação”, quando eu tive certeza de que era o máximo, só porque tinha gente na minha volta, querendo ficar comigo... Que bobinha. Ficar qualquer um fica, permanecer é que são elas. Continuava o Thaty, mas roubava o Vert da minha irmã mais velha quando ia sair. Tinha mais cheiro de mulher.
E ela chegou, a paixão fulminante, aquela que me fez cometer milhões de erros, me fez ir contra todos os meus princípios, todas as minhas certezas. Me fez crescer ao trancos e barrancos. E comecei a usar Ops azul. Erros, mais erros e um pouquinho mais de erros. E aquele cheiro me definia, em silêncio, com suas gotas no pescoço, pra torná-lo mais atraente. Quem sabe ele não vinha falar comigo? Eu não podia correr o risco dele chegar perto de mim e eu estar, assim, incompleta. Tadinha. Eu custei a deixar de usar o Ops e ainda guardo o frasco...
E veio a maturidade. Floratta in blue. Carente, um pouco tola – como todas as mulheres, desiludida, um tanto quanto infeliz. Uma fase perdida, meio insossa, sem qualquer graça, sem grandes emoções. Numa tentativa desesperada, na busca da minha identidade, decidi parar de usar perfume. Não mais seria dominada por cheiros, por aromas. Por nada. Pois é... Passei a usar um hidratante com cheiro de Chá Verde, bem gostosinho. Não senti tanta falta de perfume porque achava o cheiro tão bom, que não precisava de mais nada pra misturar. E quem eu queria que gostasse, gostava.
Mas deixou de gostar. Do perfume, de mim, dos dois, ou do contexto em geral. Continuei sem usar perfume e troquei de hidrante, por um de Camomila, bem bom, também. Eu acho, ao menos. Um pouco mais tranqüilo, pra uma fase de descobertas.
Eu mudei. Parei de crescer e comecei a me entender. Fui ficando mais segura, mais forte. Não queria mais um cheiro, e sim uma definição. Quis tentar ser mais doida, mais espontânea. Há alguns dias decidi, de súbito, voltar a usar perfume. Olhei nas minhas coisas, pra verificar se ia ter que comprar um, ou se podia aproveitar as minhas posses e não gastar meu escasso dinheiro. Foi, então, que escondido no armário, num frasco pequeno, eu achei um que se encaixa perfeitamente no que tenho precisado hoje. O nome? Insensatez.

domingo, outubro 03, 2004

Votação

O barulho das urnas é muito irritante, fiquei com pena dos fiscais que ficam lá o dia inteiro. Inclusive minha mãe.
Mas o cansaço de vir pra Rio Grande ontem e ir hoje valeu à pena, só por causa do churrasco que meu pai fez hoje e do bolo de dois andares com cobertura de chocolate que minha mãe fez ontem.
Manias de gordo não passam nunca, nem com a perda de 10 kg.

sábado, outubro 02, 2004

Ao pé do ouvido

Tava lendo um post, no blog da Flávia, falando de vozes. Isso, vozes em geral. E quis muito escrever minha opinião. A voz, e todo o contexto de balbúcias e sussuros, define a pessoa. O jeito de pronunciar as palavras. O jeito que move os lábios. O jeito como consegue ser doce, e ríspida, e triste, e enlouquecida... As sensações que causa.
O modo como me chama, ou me exige. A capacidade de transmitir - em palavras - vontades. A forma como, com apenas um suspiro, faz tremer.
Sons, em geral, viciantes. Acho que por algum tipo de reação química, ou biológica, ou (melhor ainda) física.
Muitas das lembranças românticas que tenho são diretamente ligadas a algo que ouvi. A primeira vez que tal disse "eu te amo" - e eu, tola, acreditei. A primeira vez que fulano me chamou de "linda" - e eu, ingênua, me envaideci. A primeira vez que ciclano cantou uma música pra mim - pouco importa as desafinações.
Ás vezes posso fechar os olhos e escutar o mesmo som, e sentir a mesma sensação. Bom, não a mesma, mas uma bem parecida. Pela marca que deixou. Pela marca maravilhosa que deixou nesse meu coração apaixonado.
A voz é decisiva para vontade de beijar. Como se beijando, de alguma forma, eu fosse estar mais perto, mais dentro. Como se fosse só meu aquele som, e enquanto eu quisesse ninguém mais pudesse ouvi-lo. Como se eu tivesse algum poder. Boba.
É difícil entender essas taras que a gente simplesmente tem. Só sei que eu gosto muito do som das palavras que saem daquela boca...