terça-feira, dezembro 28, 2004

E passou...

Cara, acabou. Sim, o ano acabou. E como passou rápido, credo!
Já tinham me dito, quando eu comecei a faculdade, que os quatro anos iam passar muito depressa, que quando eu parasse pra pensar já ia tá com o diploma na mão, pensando "e agora?". Mas eu fiquei impressionada, parece que meu aniversário foi ontem, que o primeiro dia de aula foi antes de ontem e que o reveillon de 2004 foi antes de antes de ontem.

Notei isso quando tava sentada na mesa, ceia de Natal, nós cinco reunidos (pais e três filhas), comendo a divina torta fria da minha mãe e conversando sobre como eu e as gurias dávamos trabalho quando éramos pequenas.
A minha irmã mais velha tomou um porre de caipirinha de laranja com três anos. Adiantadinha, ela. A minha mãe deu um remédio super forte que eu tive que tomar toda infância, por causa de crises convulsivas, pra minha irmã mais nova por engano. Tadinha. Eu derrubei açúcar por toda a cama dos meus pais enquanto eu e as gurias tentávamos servir o café da manhã em um Dia das Mães.
Foi perfeito o meu Natal, relembrando histórias da infância, em família. Cercada de carinho e comendo peru. Esquecendo de problemas, de resultados que ainda vão demorar duas semanas pra sair...

A minha vida antes e a minha vida depois. Que isso! Nem pareço a mesma pessoa: antes o ócio, agora e o trabalho. Antes mais dúvidas, agora mais certezas. Antes mais colegas, agora mais amigos.

Bom 2005 pra mim e pra todo mundo.
Eu tô feliz. Que venha este novo ano então, tô mais do que pronta.

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Fraca, forte e estranha

Sim, as pessoas têm fraquezas.
Sim, eu sou uma pessoa.
Coisa de premissa e conclusão.

Queria ser um pouco mais forte e um pouco menos tola.
E queria que a dor pudesse ficar transparente. Mas tenho que ser forte, alguém precisa ser forte, e o alguém escolhido foi eu.

Descobri que sou uma completa estranha pra mim, e o que eu mais queria agora é ter alguma intimidade comigo, pra dizer ou que tudo pode dar certo, sem parecer piegas, ou que tudo pode dar errado, sem parecer maldosa. Mas acho que meus conselhos não seriam bem-vindos.

Continuo esperando.

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Frase do dia III

"A primeira tem que ser bem dada, se não traumatiza".

Atendente da loja da Brasil Telecom, que eu mal conhecia, falando sobre as recargas do celular, é claro, sobre o que mais seria?

domingo, dezembro 12, 2004

Mais constatações...

1 - Nunca, nunca, mas nunca mesmo, lembre uma pessoa do que ela fez no dia pós-traumático (leia-se: trauma como porre).
2 - Nunca, nunca, nunca mesmo, deixe uma namorada sozinha, as conseqüências podem ser danosas.
3 - Dançar é muito, muito, muito bom!
4 - Espumante barato não me deixa com dor de cabeça.
5 - Frozen que dizem ser de gelatina é bem bom...
6 - No quarto copo qualquer coisa é boa.
7 - Algumas pessoas preferem o bar...
8 - Outras preferem a pista.
9 - Existe amnésia pós-porre.
10 - As outras são suficientes.

Parabéns, Raquel!!

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Em chamas...

Não foi literalmente, foi, infelizmente, no sentido mais literal possível. Estava fazendo molho de cachorro-quente, na cozinha do Rafa, conversando com o Augusto, enquanto ele lavava a cuia do chimarrão. Então, não sei bem o que aconteceu, talvez tenha dado um ventinho, a minha bata voou e foi ao encontro do fogo. E pegou fogo.
Eu fiquei em estado de choque e comecei a andar pra trás, então o Augusto notou que alguma coisa estava errada, enquanto uma labareda imensa se formava sobre mim. O Rafa passou pela porta e nem notou nada, o que foi cômico, alguns minutos depois.
O fogo se propagava. O Augusto começou a bater na minha blusa, pro fogo apagar e eu continuei meio imóvel, totalmente em estado de choque. O fogo foi controlado. Aí o Rafa chegou, digamos, atrasado.
Eu sobrevivi.
Tá doendo até agora.

sábado, dezembro 04, 2004

Obrigada, Brian De Palma

Mais uma história em ônibus. Acho que eu tenho andado demais de ônibus, mas antes de eu ganhar na Mega Sena e comprar uma Pajero pra mim, vá lá. Ônibus, sim! Eu que ature.
Não foi nas pobres linhas da EPTC, foi na costumeira viagem que nomeia este humilde blog. Estava eu, me dirigindo a Rio Grande, sentadinha, poltrona 33, quando o motorista colocou o filme. É, nos ônibus da Planalto sempre passam filmes.

Foi então que Brian De Palma protagonizou uma das cenas mais constrangedoras da minha vida. Talvez menos constrangedora do que a vez em que assistia àquela cena de sexo explícito da "A Última Ceia", com um namorado, no meu quarto, e meu pai adentrou a porta perguntando se eu tinha visto a tesoura dele. Entre os gemidos da Halle Berry, sendo quase obstruída pelo Billy Bob Thornton: "tá em cima da TV, pai". Horrível. Bom, seguindo a linha inicial... Eu já achei o motorista corajoso por pôr Brian De Palma, não é qualquer um que gosta de seu tipo de abordagem, digamos, agressiva. E também porque, normalmente, os motoristas colocam aqueles filmes mais no estilo "Sessão da Tarde".

Iniciou "Femme Fatale". O senhor sentado ao meu lado tentou disfarçar e fingir que não estava olhando quando duas mulheres lindas, eu admito, trocavam fluídos na telinha. E deu aquela pigarreada desconfortável e eu vi, juro que vi, pelo canto dos olhos, um sorriso malicioso nos lábios dele. Homens. Duas mulheres. Compreensível, até certo ponto. Duas mulheres se beijando, vá lá, não é uma cena tão horrível de se ver, como o meu pudor já diminuiu bastante nestes 21 anos, nem ruborizada fico mais. E antes eu ficava. Diga isso meu pai, que viu o pimentão que me tornei, momentaneamente, quando adentrou o quarto naquele fatídico dia. Eu podia ter pego uma comédia...

Sem desvios. Sem desvios. O filme continuou e eu dormi por uns 40 minutos. Pois é, mulheres se beijando definitivamente não são um atrativo pra mim. Mas quando eu acordei, estava o Antonio Banderas montado (desculpem a expressão, mas não achei uma melhor) na Rebecca Romijin-Stamos, e ela gritava, e as crianças se olhavam com risadas sutis que deixavam claro que estavam vendo o que não deviam, mas ninguém podia fazer nada. E as senhoras já queriam se levantar para xingar o motorista, por sua escolha inoportuna. "Mas é uma falta de educação!". "Gente do interior", eu pensei. "Imagina se ele tivesse posto Almodóvar. Imagina se fosse o Gael García Bernal gritando ali, e embaixo de um homem!"

Entre aquelas bocas e aquelas cenas de sexo puramente carnal e absolutamente desprovido de sentimento, entre aqueles gemidos que soavam de forma erótica, entre as poltronas de um ônibus, linha "Porto Alegre/Rio Grande", 16 horas. Todos desceram no paradouro meio silenciosos, a maioria dos rostos bem ruborizados. Eu meio risonha. Inspiração pro blog. Muito obrigada, Brian De Palma.

"Nothing is more desirable or more deadly than a woman with a secret"