sábado, dezembro 31, 2005

Depois de acertos e tropeços, se vá, 2005


Muita coisa aconteceu em 2005. Muita. E, mesmo assim, parece que passou em um segundo.

Nas conquistas pessoais, uma família de bem e bem, uma irmã quase na faculdade, outra mais perto de mim, um amor cada vez mais forte.
Nas conquistas profissionais, alguns textos publicados na Zero Hora. Até uma capa. Além de um bom semestre na faculdade, o que me deu mais certeza sobre o que quero.

Escolhi essa foto porque nela estou feliz.

Um ótimo 2006 a todos. Com energias positivas, mais esperança no lado bom das pessoas, mais felicidade pela vida. Chega dessa chatice de reclamar do mundo o tempo todo. Vai atrás. Pronto. É isso que desejo pra todos. Menos palavras e mais atitudes.
E, por favor, vota consciente, pois tempos de tensão se aproximam.

sexta-feira, dezembro 30, 2005

A calhar

Pedágios vão ficar mais caros no domingo.
Me pareceu uma boa idéia a escolha do dia primeiro de janeiro para o aumento, já que milhares de carros passarão pelos tais pedágios no retorno das festas de Réveillon.
Até Rio Grande são cinco.
Talvez seja um alerta do que estar por vir: "começamos 2006 com esse aumento, mas prepare-se para outros".

Pobre de mim. Meus realzinhos se vão nessas taxas.
E as estradas nas condições que estão...

quarta-feira, dezembro 28, 2005

Tu descobres que precisas de férias quando...

... vais trabalhar na tua folga.
Acredita. Isso aconteceu. Não foi legal.

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Não restam dúvidas

Não poderia ser porto-alegrense, não simpatizei com o Mercado Público.

Certas palavras tocam

"Poxa, meu anjo, que teus sonhos sejam sempre tão lindos quanto teu coração e que sejam tão verdadeiros quanto teus olhos!"

Do meu dindo

domingo, dezembro 18, 2005

Como acabar com resquícios de auto-estima em quatro passos

1. Coloca o maiô.
2. Coloca a touca.
3. Coloca o óculos.
4. Te olha no espelho.

Depoimento de quem já experimentou:
"Funcionou. Minha auto-estima atingiu proporções negativas em segundos!!"
Thais Sardá, 22 anos

Os benefícios da natação vão ter que valer à pena.

quinta-feira, dezembro 15, 2005

Política da (nada) boa vizinhança

Não tenho muita sorte com vizinhos.
A dona Marlene lá de Rio Grande que não me leia - pode parar de levar aqueles peixes saborosos que o marido dela pesca lá em casa - mas até ela, com os ótimos peixes, tem seus defeitos. Sete e meia da manhã de sábado e/ou domingo, ela coloca músicas do calibre de Daniel ou Rick e Renner pra tocar. Imagina eu, naquela fase em que Renato Russo é um deus e Legião Urbana uma religião, acordando ao som de Lernardo e companhia. Não dava pra agüentar.
(Será que todo mundo teve essa fase de cantarolar as letras depressivas escritas pelo falecido, ou só aconteceu comigo?)
Em todo caso, a dona Marlene não conta, já que convivia com os gritos, ops, doces latidos dos nossos três adoráveis cachorros e não me lembro de ela reclamar. A minha mãe até deu de presente pra ela um ponto da nossa Net. Muito legal a dona Marlene.
Descobri, há pouco, que meu vizinho de Porto Alegre têm uma performance sexual admirável. Não, gente, não experimentei o menino, apenas deduzi devido aos gritos de sua namorada. É isso, ou a guria é muito da cínica. Não tô falando só de gemidos, são gritos mesmo. Infelizmente, com frases identificáveis. E, além dos gritos, a cama bate de tal forma contra a parede que o reboco deve ter que ser refeito a cada ato. Sozinha em casa, chego a ficar corada.
Mas tudo bem, que seja feliz a vida sexual do vizinho do segundo andar. O cara parece bom mesmo.
No prédio do Rafa é que se localiza a ocorrência mais crítica. Uma senhora doida, desequilibrada mesmo, passa as tardes gritando com a enteada, que tem problemas mentais. Cheguei a pensar em sugerir pauta pro Diário Gaúcho - imagina uma manchete do tipo "Jovem com problemas era refém de madrasta louca". Ou algo mais impactante. Eu sou péssima com títulos, já diria certo editor.
Desisti da sugestão depois que ela ameaçou de morte a Rosângela, porteira do prédio. Sério, é a porteira dos sonhos: esses dias ela correu pra abrir a porta do elevador pra mim e apertar o botão "6" do elevador só porque eu cheguei com duas sacolinhas nas mãos. Bom, se a Rosângela foi ameaçada, e é um poço de simpatia, que dirá eu.
No caso dos vizinhos do Rafa, as frases não são sussuradas, são berradas mesmo. "Eu vou te matar!". "Ou eu mato vocês, ou vocês me matam". Por baixo. É sério. Eu fico com medo.

Faltam poucas assinaturas com firma reconhecida para que a minha esperada mudança ocorra. Eu e a Mi nos mudamos nessa ou na outra semana. Casa nova pra criar novas histórias. E que venha com uma vizinhança agradável dessa vez. Tipo a dona Marlene.

domingo, dezembro 04, 2005

Entre as mais estranhas

de trabalhar de madrugada, na minha curta experiência de quatro dias na madruga da Agência.

- Olhar pela janela e ver que o dia amanheceu, como se tivesse acontecido de um minuto para o outro.
- Ficar confusa entre dizer "bom dia" ou "boa noite" para os policiais que atendem durante as rondas.
- Tentar recuperar o sono e, finalmente, sentir na pele a poluição sonora de Porto Alegre.
- Não poder beber de noite, que é horário de beber. Não sempre, claro.
- Ver a faxineira limpar o Copy. (Cheguei a pensar que ele era auto-limpante).
- A faxineira perguntar: "e o guri que ficava aqui?", aparentemente desconsolada com o fato de não ser mais ele a encontrá-la pela manhã.
- Ficar novamente confusa, mas quanto ao dia da semana.
- Silêncio.
- Piscar forte quando o sono bate, dar uma voltinha, beber água gelada e rezar para que a pessoa das 8h não se atrase.
- Cair na cama sem falar qualquer palavra, e ser compreendida por isso.
- Acordar depois das 15h e também ser compreendida por isso.
- Ver os filmes pornográficos do Intercine Brasil de segunda pra terça. Juro que por falta de opção: a Globo tem que ser gravada 24 horas por dia.
- Não falar 70% do tempo.
- Falar sozinha 10% do tempo, pra não perder a prática.
- Imaginar como está o sono de quem está em casa, na cama quentinha.
- Sentir muito frio - não tenho certeza sobre isso, mas acho que por causa da pressão, que baixa com o sono.
- Ter uma vida predominantemente noturna e dormir pela manhã, quando durante toda minha vida fiz o contrário.
- Não esquecer: é temporário.

terça-feira, novembro 29, 2005

Nariz de palhaço

Nunca achei que o futebol, um dia, pudesse me estressar. Futebol, pra mim, sempre foi sinônimo de diversão, descontração ou sentimentos do gênero. Mas isso mudou nesse Campeonato Brasileiro, quando passei a me interessar mais pelo esporte. Em algum raro momento de ócio, uma olhadinha no Terra pra ver as notícias esportivas. Ou uma folheada breve nas últimas páginas do jornal.

Futebol é bom mesmo, milhões de brasileiros não podiam estar completamente errados. (Ignore casos políticos).

Mas queria falar de outra coisa, não de minha descoberta atrasada. Queria deixar público meu descontentamento com a forma com que esse campeonato foi dirigido. E a direção rumo a um certo time paulista é clara. Pior do que esse rumo desonesto, é ver como lidamos mal com o poder. Sim, nós mesmos, os seres humanos. Os que, até provem o contrário, pensam.
Explico: um árbitro - um ser humano, uma pessoa de carne e osso, um qualquer - é capaz de, com uma decisão, mudar a história de um clube. Um penâlti muda o campeão. Um cartão vermelho, também. Agora pasmem: alguns desses árbitros utilizam seu poder de decisão para manipular resultados e, chegamos ao âmago da questão, ganhar dinheiro.
Ah, esse maldito homem guiado pelo desejo de lucrar.
Estou, publicamente, me lamuriando pelo espírito pobre do homem. Gostaria de entender essa ganância. Acho, aliás, que entendendo a ganância, compreenderia, finalmente, o egoísmo. Que outro nome tem a ação de tramar um resultado, responsabilizando-se pela alegria de uma torcida, pelos frutos do trabalho de anos de um clube?
Gostaria que esses juízes - homens egoístas e desonestos - lembrassem como foi triste aquela derrota injusta que seu time sofreu no passado. Time que se preza tem vitória e derrota injusta no currículo. Erros - ao menos pra mim, que não sou perfeita - são aceitáveis quando naturais e imperdoáveis quando premeditados.

A minha descoberta de que o futebol tem seu encanto, e não se reduz a um monte de homens correndo atrás de um objeto rolante, poderia ter sido mais feliz.

domingo, outubro 30, 2005

Em tempo

* Tenho borboletas azuis nas unhas.
* Estou escrevendo novamente para a Zero Hora.
* Aprendi a fazer maionese.
* Último dia como fotovix.
* Sou uma viciada em literatura.

Quando foi mesmo?

Teve um dia, uma hora, um segundo em que começou a fazer diferença.
Não sei precisar quando. Gostaria de poder.
Teve um momento que marcou e, a partir dele, tive certeza de que nunca mais seria a mesma. Quando foi? Quando? Por favor, alguém responde. Ah, entendi, mais uma pergunta sem resposta. Mais uma resposta que nunca vou ter.
Queria entender essa coisa que se forma dentro da cabeça (ou diriam os românticos, dentro do coração. Diria, então, eu, dentro do coração). Queria entender como a paixão vira amor. Quando a vontade vira necessidade. Quando se perde a vergonha de chorar e de sofrer abertamente. Quando se perde a vergonha.
No fim das contas, queria entender esse amor.

terça-feira, outubro 25, 2005

Reiterando

Ia postar alguma coisa de útil. Tinha até pensado o tema. Ia falar de angústias e de como as pessoas me surpreendem. Mas, na última hora, perdi a vontade.
Ia até colocar "O Grito" ilustrando, mas pensei que este blog ia parecer um fotolog, e eu sei o que as pessoas pensam sobre fotologs. Gosto de fotologs, mas não tenho capital para uma câmera digital. Bom, não vou começar a reclamar da minha falência econômica aqui, que isso já seria pobreza de espírito.
Caminhei tanto hoje, corri pra não chegar atrasada no trabalho. E me vi esperando - com uma expressão patética - a cobrança de um pênalti, defendido por um cachorro. Sessão da Tarde.
Não vou reclamar, também, da correria. Gosto dela. Mas esse post foi perda de tempo. Nem queria escrever, mas o teclado parece se mover sozinho através dos meus pensamentos. Do quadro, ao menos, poupei o leitor. Boba eu, talvez fosse a única coisa que chamasse a atenção nesse espaço.
Não tem lugar para Munch hoje. Mas é uma época de valorização da imagem, o que só me prejudica.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Eu e o jornal


Eu gosto de trabalhar na Zero Hora. De alguma forma, na minha mente, eu percebo a minha contribuição para o jornal a cada edição.
Trabalho todas as noites, exceto sábados e domingos, quando o horário é estabelecido por escala. Daí pode ser que trabalhe de manhã ou de tarde. Durante a semana, todas minhas noites estão ocupadas, nunca consigo trocar com ninguém. Nem pra ir a show, nem pra ir mais cedo pra Rio Grande, nos fins-de-semana em que vou pra lá.
Mas não reclamo disso. Eu gosto de trabalhar de noite. Gosto de resolver os problemas na correria do encerramento. Gosto de ver a Caramello chegando com o jornal fresquinho.
E, em especial, gosto de estar sentadinha no meio da Redação, com uma visão privilegiada de tudo que está acontecendo. Seja no Mundo, que fica na frente. No Esporte, que fica de um lado. Ou na Economia, que fica do outro.
Quando entrei na faculdade eu tinha certeza de uma coisa: faria uma pós e daria aulas, quem sabe, na Puc. Eles pagam bem. Imagina, dar minhas aulinhas tranqüilamente, ter longas férias por ano. Domingos e feriados garantidos. Hoje não sei mais o que quero, mas sei que minha vida seria mais triste sem a animação do jornal.
Sem rodeios, Thais. Bom, estarei mudando de setor em breve. Uma evolução profissional no meu currículo que é tão breve, mal tem um ano.
Senti vontade de colocar essa foto aqui. Foi a Brenda quem tirou. Eu no "meu" computador. Com o "meu" teclado Dell. Exercendo a função de Fotovix, baixando fotinhos pro pessoal da CTI tratar.
Que venha essa nova etapa, com novas funções e com salário (levemente) turbinado. E, principalmente, que seja uma boa decisão.

sexta-feira, outubro 07, 2005

Kelly Cristina (e como meus pais não cresceram)

Semana passada fui pra Rio Grande. O melhor de ir pra lá, além de ser mimada 24 horas por dia, é deitar na cama dos meus pais e ficar conversando com eles sobre o passado. Tá, eu sei, essa frase ficou melancólica. Mas quando se teve a infância feliz que eu tive, com pais presentes, irmãs pentelhas (irmãs sempre são pentelhas) e um bocado de amigos, é difícil não ser saudosista.
Meus pais eram participativos mesmo, no sentido mais exagerado da palavra. Quando eu fazia teatro, meu pai fez o cenário de uma peça e minha mãe maquiou o pessoal no dia da apresentação. Lá se foi toda a sombra preta da minha irmã mais velha, caréssima. A peça era sobre bruxas... Entre outras coisas, como o meu pai embarcar em todas as nossas manias. Um dia perna de pau, no outro, pipa. E minha mãe ir a todas as minhas apresentações quando eu cantava num coral. Nem eu aguentava ir a todas...
Bom, mas retornando à idéia inicial. Falou-se de passado. Estava deitada no meio dos dois, lembrando de uma cadela que a gente tinha, a Kelly Cristina. Tão feia ela ficou quando perdeu os dentes... Então perguntei pra eles de onde tinha vindo o nome. O meu pai se adiantou na explicação, falando que, inicialmente, o nome ia ser só Kelly, mas a minha mãe anexou Cristina, devido a uma ex-namorada dele.
Fiquei rindo por muito tempo. A minha mãe com uma cara de culpada, rindo também.
E eu pensei que não é tão no fundo que eles são apenas crianças grandes.

quinta-feira, setembro 22, 2005

Quanto vale uma cortesia?

Estava eu, sentada nos banquinhos de pedra em frente à Fabico, conversando com a Flávia, depois da aula. Foi quando quatro crianças mal-vestidas, e com olhos esbugalhados, começaram a se aproximar. Eu, num instinto vergonhoso, segurei a bolsa mais forte.
Então um menino, não mais que quatro anos, se aproximou com uma flor vermelha, daquelas que têm na "floresta" da faculdade. Olhou pra mim e disse:
- Ó, tia.
E me deu a flor.
- Pra mim?! Muito obrigada.
A criança se afastou um pouco. Em seguida, se virou pra perguntar:
- Tem uma moedinha, tia?
Pensei, enfim, que gentileza, até isso, já vem com etiqueta de preço. E não dei a moeda.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Coincidência

No dia onze de setembro os tios do meu namorado fazem aniversário.
Eles são gêmeos.

by mail

terça-feira, setembro 06, 2005

Coisas que mudam e coisas que devem continuar (precisam continuar)

* Parei de roer unhas. Já faz uns seis ou sete dias, mas poucas pessoas notaram. Também, elas (as unhas) estão pequenas ainda. Eu, é claro, já sinto uma baita diferença. E simplesmente não consigo explicar porque não tenho mais vontade de roê-las. Talvez tenha me livrado das carências da fase oral. A minha dermatologista disse que a minha obsessão por unhas tem explicação freudiana.

* Comecei um regime. Não é daqueles rigorosos em que a gente não pode nem pensar em alimentos excessivamente calóricos. Por isso eu acho que vai dar certo. Comer mais salada, menos pão, mais carne branca, menos massa. Optar pelo kit lanche ligth (uns lanchinhos subsidiados que a gente compra na Zero) e negar o doce, saboroso doce por certas vezes.

* De manhã, uma troca de mensagens engraçada com a minha mãe. Primeiro ela mandou uma mensagem que tava direcionada pra minha irmã, pra mim. Depois:
MÃE: "Tati, desculpa, mandei a mensagem pra filha errada. Bjos, mãe."
Sim, ela abreviou bjos. Achei engraçado.
EU: "Hehe. Eu notei. Bj, mãezinha. No findi eu vou ver vocês. Tô feliz."
MÃE: "Sou uma abobada, mas é muita tecnologia para meu pobre cérebro assimilar. Notou que eu achei os acentos? Bjos, mãe."
Na verdade eu não notei, porque os acentos não chegam na mensagem do meu celular.
EU: "Não é abobada, não. Quando eu conto pra pessoas que tu me manda mensagens, a maioria diz que a sua mãe não sabe mandar. Minha mãe é muito ESPERTA! Bj."
MÃE: "Obrigada, mas é que tu me amas com todas as minhas imperfeições. Faz parte. Beijooooooooos."
Sim, com todos esses os.
EU: "Amo mesmo! Beijão."
MÃE: "Eu amo mais."

* Estou fazendo academia. Por motivos estéticos – afinal, o verão tá aí e estou vários quilos acima do peso – e porque o meu otorrinolaringologista me recomendou exercícios físicos para a labirintite. As minhas pernas estão doendo um pouco. A minha barriga também. Mas eu vou ser recompensanda! De acordo com o instrutor, em um mês já notarei resultados.

* Enfim, hoje minha história de amor – bela e feliz – completa um ano. Um ano cheio de descobertas e, principalmente, cheio de problemas superados. De conversas sérias nos momentos certos. De muita paixão, cumplicidade e companheirismo. Sei lá como a nosso história vai acabar – espero que não acabe, mas cada segundo desse último ano valeu totalmente à pena.
Eu chego aqui, um ano depois daquele findi na praia, vendo que aquele menino tímido é o homem certo. Que sorte.

quarta-feira, agosto 31, 2005

Será o cúmulo?

Estava indo pegar o T1 na Ipiranga. Chovia um pouco. Me protegia com o guarda-chuva.
Passei por uma senhora, também munida de guarda-chuva, que estava passeando com seu poodle. Mas o estranho é que o cachorro estava vestindo uma capa de chuva. Isso mesmo. Com o casaquinho e com o capuz. Não tive como não rir. A senhora riu também.
Me lembrei que quero muito comprar um cachorro. Mas dei uma olhada no preço dos yorkshires e desanimei. Além do mais, não tenho espaço pra um.
Sei lá, ainda não me acostumei a não ter um bicho de estimação. Será que me tornei dependente daquele afeto incondicional? Daqueles festejos exagerados? Parece que sim.

sexta-feira, agosto 26, 2005

Quando passarinhos parecem sapos

Na grama.
Sempre me assusto com isso.
Devem estar faltando horas de sono.
Vou pra praia.

terça-feira, agosto 23, 2005

Que ódio

Desses comments/spams.
Ninguém merece isso.
Vou ter que colocar a tal word verification.

by mail

segunda-feira, agosto 22, 2005

Seu Edgar

Vou me mudar.
A proprietária quer o ap de volta. Além do mais, ele já estava pequeno - ou melhor, minúsculo - pra mim e pra Mi. Visitei quatro lugares diferentes e me apaixonei por um. Acho que meu novo lar vai ser ali na Loureiro da Silva. Falta a parte burocrática.
Lembrei disso porque não queria sair da São Vicente sem saber o nome do guardinha da Felipe de Oliveira. Aquele que me chama de "amiga" e me deseja "bom dia" todos os dias. Sejam bons ou não.
Pensava nisso enquanto ia da Fabico pra casa e o vi, uns cem metros de distância (aquela quadra é larga). Fui caminhando e elaborando algum tipo de abordagem, pra dizer que acho nobre o jeito que ele trata as crianças - o vejo todos os dias no horário da entrada da escola, quando passo atrasada pra faculdade.
Pensei em perguntar seu nome, apenas o nome, mas não teria coragem. Não teria mesmo. Sei lá o porquê. Melhor esperar a minha mudança estar confirmada.
Devaneando, nem percebi uma criança que passava correndo do meu lado.
- Seu Edgar! Seu Edgar!
Corria. Gritava. Corria. Um voz infantil e doce.
- Seu Edgar! Seu Edgar!
Então a vi chegar até ele, o guardinha da Felipe de Oliveira.
- Seu Edgar, posso usar teu celular porque eu acho que a minha mãe se esqueceu de me buscar?
Ele riu pra ela. Levantou a cabeça, riu pra mim.
- E aí, minha amiga, tudo bem?
Esboço um sorriso amistoso, daqueles que envolvem boca e olhos. Tento passar alguma ternura pra responder:
- Tudo tranqüilo.
Na verdade, nem tudo, mas deixa pra lá, seu Edgar.

sábado, agosto 20, 2005

Fingindo pra quem?

Ontem de noite - uma sexta-feira - eu só pensava em ir dormir.
Era uma da manhã quando saí do jornal e tinha que voltar às oito da mesma manhã.
O Rafa me buscou e a gente foi comer alguma coisa. Estávamos indo pra casa quando eu notei que não parecia mais aquela desesperada pelas noites de sexta-feira, que só pensava em alguma desculpa pra sair e beber. A desesperada que, certas (muitas) vezes, nem procurava uma desculpa.
"Vamos fingir que a gente é jovem?"
Compramos duas Smirnoff Ices (eu sei que é quase uma Sprite) e mudamos o caminho pra pegar a Lima e Silva.
Bebida, conversa, riso, constatações, implicâncias.
Quer saber? Prefiro dormir, mesmo. Aliás, como é barulhenta a Lima e Silva.

Ps.: E não é que o Bala de Prata ganhou. Escolho ou não escolho bem meus cases? Minha matéria ficou muito providencial.

quinta-feira, agosto 11, 2005

Meu primeiro Gradiente

Era pequena (não sei ao certo a idade) quando ganhei o tal radinho da Gradiente. Era vermelho com detalhes em azul e amarelo. Tinha um microfone e os botões coloridos também. Eu adorava ele. Acho que eram os primórdios de um possível enclinamento para a vida jornalística. Adorava ele.
Nos dias de calor, na minha casa no Cassino a gente costumava montar aquelas piscinas de plástico. Daquelas bem toscas, azuis cheias de desenhos marinhos. Uma delas tinha uns 20 centímetros de altura, a outra uns 50. A gente sempre montava duas, por causa da diferença de idade entre eu e a minha irmã mais nova, com a nossa irmã mais velha. Cinco anos de diferença. Não era muito. Mas fazia a gente cobiçar a piscina "dos grandes", e fazia "os grandes" se sentirem o máximo.
Minha casa no Cassino tem um pátio grande, mas estreito. Assim, a gente montava as duas piscinas quase coladas uma na outra e deixava um corredor ínfimo. Os adultos tinham que passar de lado, não cabiam no corredor andando normalmente.
Certa tarde, estava eu com o meu radinho, na churrasqueira, que ficava alguns metros depois desse corredorzinho estreito. Criança cansa fácil dos brinquedos. Cansei de me gravar e resolvi entrar pra casa. Foi, então, que peguei o meu radinho colorido, aquele que já falei que adorava, e segui rumo à porta.
Parei na frente do corredorzinho. Quando tu és um desastre ambulante desde que te tornaste algo ambulante, te acostumas a não arriscar. Mas eram poucos passos. Levantei o radinho e segui firme. As bochechas vermelhas do sol. Aquele biquini cheio de babadinhos (que minha mãe achava que ficava lindo em mim).
Dei os dois primeiros passos com firmeza. Decidida. Mas a descoordenação foi mais forte. Deixei o meu adorado Gradiente cair na piscina. Comecei a chorar com todas as minhas forças infantis. Chorei alto. Meus pais foram ver o que era. Não me lembro ao certo quem tirou o meu radinho da piscina, mas escorria água dele. E dos meus olhos, ao mesmo tempo.
Meu pai abriu o radinho, secou ele, arrumou como pôde. Mas o radinho nunca mais foi o mesmo. E eu também nunca mais fui a mesma. Acho que foi a primeira vez que tomei consciência de que tinha estragado alguma coisa. A primeira vez que consegui discernir, na minha mente de poucos anos, que a culpa era minha.
Continuo desastrada. Sigo consciente.
Só queria uma chance de passar por aquelas piscinas novamente. Se a tivesse, chamava a minha mãe.

terça-feira, agosto 09, 2005

Vi Closer

The Blower's Daughter (Damien Rice)

And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...

'Til I find somebody new


Antes que perguntem, não há nenhum sentido oculto que caiba aos meus sentimentos atuais. Bom, na verdade, a frase "I can't take my mind off you" se encaixa bem.
Achei o filme bonito, mesmo sendo uma romântica e o filme desmistifique qualquer tipo de romantismo tolo que creia em fidelidade. Eu creio em fidelidade. Mas gostei do filme, e da forma pesada que expõe como as pessoas são meros objetos, e como quem entende isso convive com a crueldade dos relacionamentos vazios. Bom, eu não consigo lidar com relacionamentos vazios. Mas gostei do filme.
Relacionamentos vazios são resultado de buscas mal feitas, encontros desastrosos e de pessoas vazias, ocas. Eu não sou uma pessoa oca, mas gostei do filme. Isso já ficou claro. Gostei de Closer e fiquei fascinada por Sin City.
De Sin City não consigo escolher apenas uma música. Achei forte, mas se quisesse ver algo fraco, ficava em casa vendo Sessão da Tarde. Refleti sobre vingança e parei pra pensar se alguém teria motivo para se vingar de mim. Analisei minhas maldades. Acho que não. Acho.
Ao menos por enquanto.

domingo, julho 31, 2005

Continuem, por favor

Há um ano, estava sem fazer nada de útil no computador. Férias em Rio Grande. Resolvi criar um blog. Comecei a catar sites de blog e, no site www.blogger.com, parecia muito fácil.
Blog in 3 simple steps. Creates an account. Creates a name for blog. Choice a model.
Fui seguindo os passos. Criei uma conta, o meu login. Escolhi o nome. Escolhi um template que, aliás, já foi trocado.
Comecei a escrever e, tenho autoridade para dizer, escrevi alguma coisa de bom, muita coisa de ruim e bobagens o suficiente. Mas um grupo de pessoas se manteve fiel às leituras dessas coisas boas e ruins. E até fiel às bobagens.
Só posso agradecer. E espero continuar enchendo essa página de palavras. Ao menos enquanto me couber coragem para tanto.

Peleja*

* Briga, luta, combate, confronto, disputa, rixa, contenda, dissensão, desavença, quebra de boas relações (essa é a melhor).
Outras significações, mais específicas, as quais se adequam perfeitamente em situações por mim vividas:
1. Acontecimento embasado na irritação completa, fundamentada em um acúmulo de problemas aparentemente insolucionáveis.
2. Produto de frases mal ditas, fato agravado pela ingestão alcóolica exagerada, somado à crença de que a vida é tão problemática - chegou a um ponto tão exaltado de insatisfação -, que nem vale à pena lutar pelo conserto.
3. Resultado de sonhos destruídos e místicas desfeitas. Tanto que há uma perda generalizada de sentido. Tudo é pequeno perto do irremediável. E a busca por solução é de tal forma tortuosa, que massacra lentamente. E o silêncio conforta uma vida desmotivada.
4. Nada. Bobagem pura. Foda é o dia seguinte.

quinta-feira, julho 28, 2005

Olhando além

Andar pelas ruas de Porto Alegre pode ser interessante. Vagar por aí, olhando desconhecidos e tentando pensar como devem ser suas vidas. Desde que me mudei pra cá, me tornei uma pessoa mais, digamos, observadora.
Hoje, por exemplo, ao atravessar uma daquelas pontezinhas que têm sobre o Dilúvio, vi uma mulher batendo em uma criança que estava segurando com força a grade, dizendo que queria pular. Uma suicida de seis anos. A mulher disse "tu não sabe nadar, guria". E a menina olhou pra ela, assentiu com a cabeça. "Não sei mesmo", e seguiu caminhando. A mulher tinha um rosto sofrido.
Assim como uma outra, que vi na parada de ônibus, há uns três meses, também tinha o rosto sofrido. Ela estava, cercada de umas quatro crianças e brincava com um bebê, que trazia no colo. Ao se dirigir a uma das filhas, bem novinha, acho que uns quatro anos, no máximo, disse assim: "faz alguma coisa pela vida, fulana". "Faz alguma coisa pela vida"? O que é isso? Ela que fizesse "algo pela vida". Uma ligação de trompas, quem sabe? Contraditório, eu sei.
Olhar as pessoas e tentar ver seus passados. Seus erros, suas falhas. Criar histórias.
Aquele homem com cara de bonzinho pode ser um pedófilo. Isso. Ontem mesmo ele abusou do filho pequeno e, hoje, tava olhando estranho pro filho da vizinha. Aquela mulher com roupas vulgares pode ser uma ex-prostituta, com quem um imbecil qualquer resolveu casar, mas que trai ele só por prazer. Aquele cara bonito que olha faminto pra qualquer decote pode ser, na verdade, um gay que ainda não se assumiu e está lutando veementemente contra seus impulsos homossexuais.
Quebro a cabeça tentando imaginar histórias interessantes por trás de pessoas totalmente desinteressantes. Nem todo mundo é o que parece. Eu mesma, não sou uma Poliana.

quarta-feira, julho 20, 2005

De lá pra cá

Quando vejo o presidente Lula na TV, não o reconheço. A roupa bem passada, o terno bem feito, a barba bem feita também.
Me corrói a dúvida: a reconstrução da imagem reconstruiu todas as ideologias? Será?
Daí penso que, quando era pequena, já dividi o palanque com esse mesmo Lula. Na época com calça jeans, camisa de manga curta e barba muito da mal feita. Não que eu me lembre direitinho, mas não é isso que todos gritam sempre? Da calça jeans pro terno caro?
O que lembro é que a luta era mais bonita.
Já dividi o palanque com o Lula, nos meus primeiros anos. Era o sonho do meu tio me tornar uma criança politizada.
E lembro que, um dia, também dividi algumas ideologias com ele. Hoje nem sei mais.

domingo, julho 17, 2005

Unplugged ontem

Tinha champagne liberado.
Tinha sushi e outros salgados também liberados.
Tinha, até, caipirinha de morango e de kiwi liberados.
E, pra melhorar, eu ainda ganhei 30 reais de consumação.
Preciso explicar por que eu tô tonta até agora?
Sim, sim, o duo Thais/Ressel de aniversário funciona muito bem - não nos esqueçamos do Barbazul no ano passado.
No aguardo pelas fotos...

segunda-feira, julho 11, 2005

Lima e Silva Globalizada*

* No sentido Global da palavra...

Saí do jornal faltava pouco pra meia-noite. Estávamos eu, o motorista e uma moça do Diário Gaúcho. Primeiro o motorista levou essa moça. Ela ficou no cemitério João XXIII, porque tinha um velório da vó de um amigo. Pulei pro banco da frente. (Os motistas da empresa não gostam que a gente fique atrás, como se eles fossem os motoristas... Dúbio, não?).
Seguimos pela Azenha e páramos na esquina com a Ipiranga, porque o sinal tava fechado. Foi quando encostou uma camionete preta do meu lado, que tava na Parati branca com a cara do David Coimbra estampada. O motorista da camionete começou a abaixar o vidro lentamente e avisou que a porta traseira estava aberta.
"Bah, certo que fui eu na troca de lugar no cemitério".
E fez uma brincadeirinha do tipo: "e esse jornal, continua o melhor do estado?". Risadinhas.
Após a porta devidamente fechada e o sinal devidamente aberto, arrancamos, .O motorista me disse que aquele era o Ayala, um comediante que sempre aparece com o Paulo Borges na previsão do tempo do Bom Dia, Rio Grande. Nem reconheci.
Seguimos o rumo dobrando na Ipiranga e depois tomando a Lima e Silva. O motorista queria passar na frente da casa dele pra me mostrar como era perto da Zero Hora. E era mesmo. 5 minutos a pé. Ele tava contado a vida dele e falando porque tinha saído da TV e pedido o jornal. Os horários são melhores e ele vai a pé trabalhar. "Nem tiro o carro da garagem".
Bom, que seja. Seguimos pela Lima e Silva, quando a camionete encostou novamente na Parati. Dessa vez pelo lado do motorista. Foi quando o passageiro do outro carro começou a baixar o vidro bem devagar. E o motorista, que senso de humor aguçado, gritou:
– Tá de namorado novo, Ayala.
O vidro desceu totalmente e quem estava sentado no banco do passageiro era o Nelson da Capitinga. Bom, não era o personagem, era o ator Pedro Bismarck. Foi muito estranho ver o carinha que eu assistia na Escolinha do Professor Raimundo quando era pequena bem na minha frente.
Quando a camionete preta dobrou na República e a gente seguiu, começamos a rir na hora. O Nelson da Capitinga no meio da Lima e Silva. Que mais pode acontecer?

quarta-feira, julho 06, 2005

Considerações sobre o Mundo Virtual

1. As pessoas de Comunicação, em especial os 2003/2, descobriram a discussão por e-mail, nesse último semestre. E estão se aperfeiçoando de tal forma que abrir os e-mails se tornou um momento de angústia. Tenha muito cuidado com frases mal escritas.
2. Nunca soube me expressar muito bem por e-mail, por isso uso o artifício do "hehehe". O que quer dizer? Nem mesmo eu sei. Acho que é uma expressão comumente usada para "quebrar o gelo" (outra expressão comumente usada) depois que alguma frase idiota é dita.
3. Eu fico online no MSN o dia inteiro e, cara-de-pau, reclamo que trabalho muito.
4. Eu ainda não sei colocar fotos no meu blog.
5. A minha fotinho já está aparecendo no Orkut dos meus amigos, afinal, só faltam seis dias. Desculpas por esquecimento são quase recusáveis.

segunda-feira, julho 04, 2005

Metáforas

Verão, um dia em que nem tinha muito sol. Tomava banho de mar. De algum jeito - que eu já tentei explicar várias vezes e, acho, nunca fui bem sucedida - o mar me faz um bem danado. Cresci na beira do mar. Passava meus finais de semana e férias todos no Cassino. Estou muito acostumada com a força da água.
Naquele dia, pela primeira vez, tive medo dessa força.
Estava no primeiro banco e resolvi nadar até o segundo. O intervalo entre os dois é de uns vinte metros e a profundidade é de dois e meio. Já fiz isso várias vezes, sem nenhum problema. Fiz natação quando era pequena e nado direitinho. Mas, naquele dia, o mar tava forte demais.
A gente não pode subestimar o mar, minha filha. Tu podes ver que é muito mais fácil um surfista morrer afogado, que tá acostumado, do que uma pessoa comum. Porque o surfista acha que sabe mais do que sabe. Meu pai me diz mais ou menos isso seguido. Ele nadava bastante quando era mais novo. E tem uma relação muito forte com o mar... Pesca, até competia, e faz maquetes de barcos. Acho que foi dele que puxei esse gosto.
Em dias de inverno, lembro que eu e a Lara nos sentávamos na areia, no fim de tarde, olhando o mar. O silêncio durava bastante, mas não incomodava nenhuma de nós. O barulho das ondas quebra qualquer silêncio.
Naquele dia de janeiro, tentava ir de um banco para outro, com toda empáfia que me é capaz. Mas o mar tava forte, repuxava. Quando nadava dois metros, volta um e meio com a força da onda. E engolia muita água. Comecei a ficar com medo. Comecei a perder as forças nas pernas. E a força nos braços.
Precisei de ajuda pra sair.
Fico pensando como as coisas que parecem fáceis podem ser tornar difíceis de um minuto pro outro. Me senti assim, em Rio Grande, nesse fim-de-semana. Tão acostumada a ir embora. A entrar no ônibus e seguir adiante. Tão acostumada. Agora tenho um pouco de receio de partir, mesmo com um sorriso terno me esperando ansioso na rodoviária.
Tenho medo e não sei o porquê. Talvez seja a força das circunstâncias - me fazendo sair - contra a força do mar - me fazendo voltar.

segunda-feira, junho 27, 2005

"Ainda fora de funcionamento"

O que não funciona é a minha cabeça.
De onde eu tirei isso?
Título de blog em matéria da Geral.
O que aconteceu?
É claro que o título é pouco compreensível.
E eu sou estúpida.

domingo, junho 26, 2005

Vícios e artifícios

O dia passou voando. Na verdade, o tempo tá fugindo, já nem o sinto mais. Meu aniversário tá quase aí. E nesse ciclo que a gente apelida de vida, um ano se passou. É o começo do fim. Meio ingênuo pensar sobre mim, sobre tudo o mais. Sobre algumas certezas que se foram e outras que vieram.
No último ano fiz esse blog.
Arranjei um estágio.
Me apaixonei.
Arranjei um emprego.
Aprendi mais da minha profissão do que nos dois anos de faculdade.
Fiquei um verão sem férias.
Chorei dez vezes mais do que queria.
Sorri dez vezes menos do que merecia.
Aprendi a viver longe de casa e a ficar sozinha.
Desaprendi tudo.
Aprendi a controlar o amor e, quem diria, me tornei uma descontrolada.
Aprendi a me calar e me cansei de ouvir.
Entendi que o pior lado das pessoas, muitas vezes, é o melhor lado que elas conseguem mostrar.
Fiquei viciada em Coca-Cola Light Lemon e em carinho.
Essa menina de - quase - 22 anos tem medo de aprender demais e se tornar mulher. E essa mulher espera pelo simples fato de querer. E quer.

quarta-feira, junho 22, 2005

Estabanada

Caí da escada da Fabico hoje. Tava falando no celular e meu tamanco assassino andou mais que meu pé. Resbalei e caí de bunda. Ridícula. Um grito sutil. Olhares meio constrangidos. Tanto faz. Levantei, com a ajuda de duas almas santas (Fly e Pati).
Lembrei que, quando eu era bem pequena, era tão desastrada que me chamavam de Adriana. Adriana era a personagem da Claudia Raia na Rainha da Sacuta. Uma bailarina muito desastrada.
Pudera, eu tava sempre me batendo, com olho roxo ou com a perna tão marcada quanto os moleques. Pensando bem, eu era uma moleca. Subia em árvores e jogava taco no meio da rua, reclamando dos carros que passavam.
Caí da escada. Não sei se era um sinal ou coisa do tipo, mas fiz a entrevista pra seleção do Copy da ZH. Logo hoje que tava precisando de sinais positivos...

Ameaçada

Há muito tempo não sentia tanto medo.
Uns três anos, pra ser mais específica. Eu subi num edifício e olhei lá pra baixo, do 15º andar, de uma parede toda de vidro. Por alguns segundos tive a certeza de que o vidro não existia. Como tenho acrofobia, senti um medo absurdo.
Ontem foi pior.
O Rafa me buscou na Fabico e a gente foi caminhando para minha casa. Só queria chegar lá rápido pra comer a picanha que meu pai me mandou. Tá, eu sei, é estranho receber um pedaço de picanha de presente, mas ele sabe que eu adoro churrasco e não pude ir pra Rio Grande. Bom, ele mandou, eu ia comer.
Então a gente seguiu caminhando pela Ramiro, dobrou na Ipiranga e esperou um pouquinho na parada com a Flávia. Quando o T1 chegou e ela subiu, a gente seguiu caminhando. Passamos pela sinaleira da Silva Só e foi aí que o Rafa notou que tinha um cara nos seguindo.
Seguimos pela Silva Só e dobramos na Felipe de Oliveira. E o cara se aproximando cada vez mais. Resolvemos entrar na Academia da Brigada Militar. Entramos. E o cara também! Entrou, foi até perto de onde a gente tava, olhou a quadra de futebol, olhou a gente um pouquinho, deu as costas e saiu.
Foi aí que notei que não era um cara, era um guri. Não muito baixo, mas magro. Com uma toca e uma jaqueta dessas de surf. Sabe-se lá o que tinha nos bolsos. Talvez um canivete, talvez uma faca, talvez uma arma carregada. Nem sei se quero saber.
A gente esperou um pouco e saiu também. Quando olhamos pela rua, ele estava seguindo pela Felipe de Oliveira e, quase na esquina, atravessou a rua. Atravessou perto de uns caminhões e se escondeu atrás deles. Eu já tava apavorada. Com os olhos arregalados. Muito suspeito o guri ficar nos esperando na esquina.
Resolvemos, então, seguir por outro caminho. Voltamos a Felipe de Oliveira, depois Silva Só e Ipiranga. fomos caminhando pela Ipiranga. Quando estávamos quase na esquina, eis que o guri surge, dobrando a esquina na nossa frente, mas não pro lado que a gente tava, pro outro. Seguiu caminhando de costas pra nós e desapareceu atrás de um muro. Aí, sim, tremi da cabeça aos pés.
Paramos e ligamos pra um táxi. Quatro reais não é nada perto de segurança. Ruim é sentir essa sensação de impotência. Horrível é não poder mais andar três quadras sem sentir medo. Pior ainda é saber que isso não tem solução.
Mas chegamos em casa bem, isso é o que importa, no fim, não é? E a picanha tava uma delícia.

terça-feira, junho 21, 2005

Ap (não, nada de festa)

Espaço suficiente pra uma pessoa morar. Espaço pra um casal, quem sabe, se for bem apaixonado e gostar de ficar bem juntinho. Mas é um espaço pequeno demais pra duas irmãs.
Desde que a minha irmã se mudou pra Porto, a gente tem morado juntas, nesse pequeno ap. Não tem sido ruim porque eu quase não fico em casa. Se ficasse mais em casa, não sei como seria. De qualquer forma, a gente vai se mudar em agosto. Não sei se pra um ap com dois quartos. Mas, menor que esse, impossível.
Hoje de manhã, no ápice da descoordenação causada 40% pelo sono, 40% pelo frio, 10% pela pressa e 10% por problemas neurológicos, eis que estávamos nós duas no banheiro. Eu e a Mi. O banheiro é minúsculo. Quando me abaixei para tirar a calça do pijama - o chuveiro ligado e algumas gotas já saltando no meu pé - não notei que a Mi tava escovando os dentes. Levantei a cabeça com rapidez, queria entrar no banho logo, pra acordar logo. Levantei a cabeça e a bati com toda a força na portinha do armário do banheiro.
Toda a força mesmo. Inclusive, quebrei a portinha. Tô com uma dor na cabeça, no local da pancada. Acho que vai nascer um galo.
Que essa mudança, pra um ap maior, chegue logo.

Repercussão

Não é que criaram uma comunidade orkutiana em "homenagem" ao babaca que me incomodou no citado abaixo? Criaram.
E já faço parte dela.
Quem quiser se unir, está entre as minhas comunidades. Chama-se "Thomas Veiga é um imbecil" ou algo do gênero.

domingo, junho 19, 2005

Get a life

Muito irritante.
Já tinha ficado bem enojada quando um imbecil me convidou pra fazer sexo por um scrap. As coisas estão indo longe demais.
A última:
"Fala guria. Quanto tempo que não te vejo. Não foi por falta de tentativa. Lembro o tempo todo daquela época. Ve se me liga, sei que vc ainda tem meu telefone. Não te esqueci, e te lembra que não existe caminho sem volta. Deixa esse cara, tu não gosta dele, e por favor... Tu consegue coisa melhor que este traste!"
Nunca vi na vida!
Mas já respondi:
"Na boa, get a life!"

terça-feira, junho 14, 2005

Cara nova

Depois de muito trabalho e intensas discussões sobre espaços entre títulos e textos, cá está o novo template. Devidamente projetado por mim e feito pelo Rafa.
Aceitamos elogios.

domingo, junho 12, 2005

Feliz dia, namorando ou não

Dia dos Namorados.
Use essa desculpa.
Ligue. Fale de amor. Dê beijos apaixonados.
Fale com quem ama.
É um bom motivo, eu garanto.
Fiz isso hoje. Já liguei pra Lara, já falei com meus pais, já disse "eu te amo" umas dez vezes.
Um dia pra se demonstrar amor, não só ganhar presente.
Como se a gente precisasse de desculpas pra dizer que ama...

terça-feira, junho 07, 2005

- Tô cansada de trabalhar...
- Eu também, tô precisando de férias.
- Vou largar tudo, não agüento mais.
- ...
- ...
- A gente podia ir morar na praia.
- Vender coco?
- É, a gente passa o dia na praia, vendendo coco.
- Onde?
- Em Garopaba.
- E a gente vai fazer aqueles luais cheios de fruta e com um cara tocando violão?
- Claro, eu toco o violão.
- Tá, quando a gente vai?
- Sei lá, a gente larga a faculdade.
- Amanhã, então.
- Amanhã.
- É, amanhã.
- Tá, agora levanta rápido que eu tô atrasada pro trabalho.

segunda-feira, maio 23, 2005

Cansei

É, enjoei mesmo.
Também, é tempo demais com a mesma cara, não dá.
E nem tem tanto haver comigo mais.
Tá, eu sei que as pessoas já se acostumaram, mas que se acostumem de novo.
Nesse fim-de-semana eu e o Rafa vamos fazer um template novo pro meu blog.
Vai ser bem mais a minha cara.
Já tô decidindo os detalhes visuais, que o Rafa vai se preocupar com os detalhes técnicos.
Isso é divertido.

quinta-feira, maio 19, 2005

Baleada, violada e com defeito

Cheguei no trabalho um pouco adiantada, resolvi ler a Zero Hora. Queria saber mais um pouco sobre o acontecimento no Restinga. Duas mortes, aparentemente sem razão (página 43).
Todo dia eu pego o ônibus com pressa, sento em um banco qualquer e nem me passa a mente que aquela pessoa, ao meu lado, pode estar pensando em se matar, ou matar alguém, ou ambos. Só quero chegar ao meu destino rápido, até porque ônibus me deixam tonta, mas isso é outra história.
Alguém pensou nisso ontem. Alguém acordou atrasado e pegou a linha rápida, pra chegar o quanto antes. Entrou no ônibus e, depois de 50 minutos, tendo a Redenção como paisagem, presenciou a cena de um homem atirando três vezes contra uma mulher. Duas balas seriam suficientes, pois ela já tinha caído morta, mas ele atirou a terceira. Pra garantir a morte, talvez. O que dá mais frieza ao caso. Então mirou contra sua cabeça e puxou o gatilho. Acabou com todo o sofrimento. Se matou.
As pessoas pulavam das janelas, apavoradas, por que é esse o instinto do ser humano: fugir quando dá medo. O motorista parou como pôde e também saiu correndo. Um bando de pessoas fugiu, cada um provavelmente agradecendo o fato de a arma não ter sido apontada pra si. Quem pode culpá-los?
Acabou. Pra ele e pra ela. Mais pra ela, porque ele pôde decidir quando ia acabar. Não sei os motivos e nem me importa. Nenhum motivo vai me ser o bastante.

Outra página.
Uma criança de dez anos deu à luz (página 39). Isso mesmo. Dez anos. Eu tenho 21 e nem imagino quando poderei pensar em ter um filho. E uma criança de dez anos já tem. Fruto de um relacionamento de três com um homem bem mais velho. Eu só queria saber o que leva um homem de 20 anos a se relacionar com uma criança de sete. Eu queria entender como alguém pode sentir algum tipo de desejo ou vontade por uma criança. Pra mim isso é doença, tem que ser tratado.
Um homem que, há dez anos, devia gostar de brincar e correr, e talvez jogasse futebol. E que provavelmente odiava as meninas, porque todo menino tem aquela fase de odiar as meninas, até descobrir como elas podem ser interessantes. Mas ela se tornam interessantes aos 12 ou 13, pra meninos de 14 ou 15. Pra mim, 12 anos ainda é cedo, mas vá lá, as gurias amadurecem cedo hoje, mesmo. Esse
menino cresceu e virou homem, mas continuou a gostar de meninas.
Uma menina, que nos últimos três anos foi mulher, agora é mãe.
A menina com seu filho. Uma criança cuidando de outra criança.
Me perdõem o chavão. Esse tipo de coisa me deixa sem palavras mesmo.

Chega.
Vou ler sobre a granada defeituosa que jogaram no Bush (página 32).

domingo, maio 15, 2005

Segura com lapsos de insegurança ou insegura com lapsos de segurança?

* Peço perdão. antecipadamente, por essa fase em que me vem a mente, sempre, falar sobre amor. Não que seja uma coisa ruim. Acho que um domingo de noite, trabalhando, me faz sozinha o suficiente pra escrever isso...

Sempre me considerei uma pessoa segura. Na verdade, uma pessoa madura o suficiente pra se sentir segura.
Quando passei pra Direito na Furg – tão pertinho de casa, apenas quinze minutinhos no ônibus da Noiva do Mar – e passei pra Jornalismo na Ufrgs – tão mais longe –, nem hesitei. Era aquilo que eu queria. Mudei de ares e de vida. Fiz o que ninguém na minha família tinha feito: fui cursar a faculdade longe de casa. Uma criança cuidando de si.
Na minha primeira semana em Porto Alegre, muitas certezas se esvairam. Terminei um namoro de dois anos e oito meses. De súbito. Não era mais aquilo que eu queria pra mim, e a nova mulher só fazia o que queria.
E quis apostar em uma relação que já estava fadada ao fracasso. Mas tanto faz, eu apostei! E vivi a época de maior insegurança na minha vida. Bom, e fracassou.
Fui amadurecendo até me tornar o mais independente possível. A ponto de ficar um dia todo sozinha em casa e achar bom, a ponto de ir ao cinema sozinha sem nenhuma neura (e isso eu considero uma conquista pessoal). A ponto de me virar muito bem sozinha.
Sozinha. SOZINHA. Palavra que pesa.
Mas pra mim, por um tempo, não pesou. Foi nesse tempo que decidi abolir relacionamentos. Chega! Não quero mais saber de namoros e de sofrimentos. Afinal, que relacionamento não leva ao sofrimento? Daqui pra frente vou ser moderna, sem apegos sentimentais e sem planos que incluam casa na praia e filhos. Uma mulher moderna, pudera, em pleno século vinte e um.
Até que me apaixonei e as convicções... Ah, as convicções... Aliás, que convicções?
E voltei a ser uma mulher insegura. Ainda consigo ir no cinema sozinha, mas os motivos já perderam sua razão de ser... Por que ir sozinha se a companhia tá disponível, ali, e é a melhor?
Me lembro da primeira vez que li que as pessoas tendem a ficar juntas por um instinto de ter companhia, socializar. Fiquei triste. Fiquei pensando se toda vez que olhei pra alguém com uma vontade de tê-lo, tinha sido por causa de um bando de processos químicos na minha mente que me coibiam a isso. Como se eu não tivesse domínio sobre as minhas ações. Uma sensação de impotência perante o amor.
Ontem, pensando sobre isso numa tarde atípica, descobri que a gente não rala pra encontrar alguém, quando é legal, mas alguém, isso sim, rala pra nos achar. Pode ser que demore, quem sabe? Pode ser que não. E entendi porque sempre odiei joguinhos do tipo "não-vou-ligar-pra-ela-não-achar-que-estou-na-mão". Uma ligação pode ser a diferença naquele que eu quero ter pra mim.
A tendência à união existe. É mais forte. Mas nem por isso a gente perde a seletividade.
Conversando com uma amiga, escutei: "tá chegando o inverno e eu tô apertando sem namorado". Não é só o inverno que tá chegando, é o tempo que tá passando. O frio se juntando à solidão. E a solidão se aguçando tal qual aumenta o número de bocas que se tocam sem qualquer sentimento.
Posso até me sentir mais insegura. Mas sou mais feliz sem a superficialidade dos relacionamentos que acabam em uma noite. Que morrem na espera de uma ligação. A insegurança não me torna menos, apenas deixa mais evidente que existem pessoas na minha vida que fazem diferença. E que a vida sem elas seria menos empolgante. Fico insegura pela saúde dos meus pais, pelo sucesso das minhas irmãs, por mim, por ele.
Quem tem segurança o tempo inteiro, não ama.

quarta-feira, maio 11, 2005

Não há esperança

Talvez, se tivesse durado um pouco mais, as milhares e milhões de pessoas que previram isso ficassem de queixo caído. Talvez alguém, até, admitisse que errou.
Três meses, apenas, durou o casamento do Ronaldinho com a Cicarelli.
Acabou.
Incrível como "amor" acaba rápido...

domingo, maio 01, 2005

Vazia

Domingo de noite, depois que fecha o jornal, a redação fica estranhamente vazia.
A correria é tanta durante o dia que o silêncio chega a assustar.
Os telefones param de tocar daquela forma insistente que já me acostumei durante as tardes.
Agora mesmo, o editor-chefe já foi. As auxiliares já foram. Os diagramadores estão arrumando a suas coisas pra sair. Não tem mais ninguém no Segundo Caderno. Uma repórter no Esporte. Duas na Geral. Um na Política.
Sala da Arte e do Opinião devidamente trancafiadas.
E eu aqui. Não sei bem porque, mas parece que é pra esperar um imprevisto.
Por isso, quase me passa a mente preferir uma tragédia. Quase.
O tempo passa incômodo quando estou no trabalho sem trabalhar.
Ok, prefiro ficar sem trabalho.
Quem tá em casa quentinho e confortável, ou bebendo e dando boas risadas em algum lugar com cheiro de cigarro, fique bem.

sábado, abril 30, 2005

O mais fácil

No dia 30 de abril de 1945, suicidava-se Adolf Hitler.
Hitler. O homem franzino - com uma inteligência acima do normal, uma capacidade de liderança invejável (sejamos sinceros), tendo o cérebro superlotado de idéias malucas e ódios infundados, - que fez o que fez.
E o que fez? Mobilizou quase toda uma nação por um ideal só dele e incentivou essa mesma nação a se apropriar daquele ideal. Conseguiu persuadir milhões de pessoas a matarem outros milhões de pessoas (que, aliás, eu nunca sei o número certo. Seis milhões, dez milhões. De qualquer forma, são milhões, não alguns, e mesmo que fossem alguns, faria diferença).
Hitler. Esse homem lunático, cercado de ideais racistas e de um poder que conquistou bem na cara dos ditos heróis, ou melhor, que se autoproclamam heróis. Quando eu olho qualquer imagem dele, aquele bigode já lhe dando um ar de caricatura, me vêm a mente mil definições.
Assassino.
Louco.
Inconseqüente
Covarde. Sim, porque suicídio, pra mim, é covardia. É simplesmente desistir de lutar, talvez por entender que seus ideais são errôneos e assumir o fracasso.
Se matou. Ele e Getúlio Vargas, outro ditador. Mas que não é visto como um ditador, talvez por que não tenha liderado um Reich e sido considerado o algoz de milhões de pessoas, algumas centenas...
Eu admiro Getúlio Vargas e isso deve até soar estranho. Acho que era um grande político, mesmo dando e negando direitos em seqüência. Mesmo tendo se matado.
Na verdade, não tenho nada contra ditadores suicidas. Tenho mais contra pessoas preconceituosas. Mesmo aquelas que demonstram preconceitos em forma de brincadeiras que, não sei por que diabos, acham engraçadas. Pra mim, aquele argentino não é em nada melhor que aquele alemão. E não que eu odeie argentinos e alemães. E até acho que talvez tenha sido um pouco exagerado prender o argentino por um desentendimento de jogo. Não sei, e meus colegas que jogam futebol talvez possam me esclarecer, a quantas anda a adrenalina quando se está em campo.
Mas eu acho que os três casos, salvas as devidas proporções, se encontram.

Hitler, nazista, no fim foi um fracasso.
Vargas, ditador, saiu da vida e entrou pra história, frase memorável. Desistiu, mas deixou um legado.
E aquele argentino ficou uma noite inteira na prisão. Não desejo a ninguém. Talvez Hitler e Vargas temessem a repercussão, a prisão.
Desábato, ao menos, teve mais dignidade. Não se matou.

sexta-feira, abril 29, 2005

Até que enfim

Começou com um note (que é tipo um e-mail de comunicação interna da RBS) da minha chefe, que dizia mais ou menos assim:
"Quero falar contigo, assim que tiver um tempinho vem aqui na minha sala".
Fomos eu e outra colega, que tinha recebido o mesmo note.
Quando chegamos na sala dela, ela se levantou e foi nos levando pra uma sala de reuniões.
"Vou ser demitida, certo! Que será que eu fiz de errado?"
Então ela começou:
- Segunda-feira vamos ter mudanças...
"Vou ser demitida, ai meu Deus, tenho que procurar um estágio, mas onde?"
- Thais, segunda-feira tu começas no Fotovix.

Até que enfim, fui promovida. Ganhar mais, trabalhar mais... Mais responsabilidades. É, a vida adulta chegou de vez.

segunda-feira, abril 25, 2005

La Niña

Uma viagem que começou em Rio Grande, até porque eu sempre passo por lá.

Taim. Lindo. Cheio do verde que me faz tanta falta em POA.
Santa Vitória do Palmar.
Hermenegildo (segunda maior praia do mundo, deixemos claro!).
Forte de São Miguel.
Fortaleza de Santa Tereza.
La Paloma.
La Pedrera.
La Moza.

Pizza com Pilsen nos Los Leños (Chuy).
Alfajor Punta Ballena (vários).
Noites românticas com queijo e vinho.
Fotos lindas de um feriadão inesquecível.
A melhor companhia que poderia ousar imaginar.
E todo descanso que tava precisando...

segunda-feira, abril 18, 2005

A propósito




Que jogo emocionante.
Ninguém consegue se manter impassível frente a um jogo daqueles, até mesmo jornalistas renomados que "juram" não ter time...
Saudações coloradas a todos

domingo, abril 17, 2005

Busca

Manter a cabeça em ordem. Saúde mental, além da física.
Abrir o coração pra viver intensamente e errar o máximo possível.
Evoluir, crescer como ser humano e como profisional. Sem nunca esquecer que cargos superiores não fazem pessoas superiores.
Demonstrar sentimentos sem medo.
Não temer a morte e enfrentar a vida.
Dar conselhos bons e não esperar que sejam seguidos.
Acreditar na força de pequenas ações.
Prestar mais atenção na própria vida do que na vida alheia. Sempre.

sábado, abril 09, 2005

Sobre a morte do Papa

A primeira coisa em que pensei quando a CNN anunciou (erroneamente ou não!?) que o Papa tinha morrido, naquela tarde de sexta-feira (1º de abril), foi: "ainda bem que é de tarde e a Zero Hora ainda não rodou".
Tenho medo de estar me tornando mais capitalista do que jornalista.
Foi um momento histórico. Fiquei feliz de presenciar, pela primeira vez, como fica uma redação quando algo dessa grandiosidade acontece. Foi emocionante.
Enfim, perdoe-me e descanse em paz.

"Tudo bem"

Pensando sobre relacionamentos...
Uma frase: "TUDO BEM".
Fora do contexto não significa quase nada, mas eu tô me referindo a essa frase na voz de Jim Carrey no filme "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças".
Quando eu vi esse filme, estava passando por um período de incertezas. A idéia de que pode valer à pena, não importa o fim, me deixou confusa. Agora que a vida tá um pouco mais estável (um pouco, não totalmente, graças a Deus) eu parei pra pensar na frase novamente.

É inquietante perceber que o final é imprevisível, que o que sentimos agora pode, simplesmente, passar um dia desses. Ou pior, pode continuar pra gente e passar pro outro.
Na verdade, pra mim é amedrontante pensar que não importam as palavras, ou as juras, a mente do outro sempre vai ser um mistério. E a hora em que as coisas vão fazer sentido, ou vão deixar de fazer sentido, não está sob o meu controle.
E se daqui a algum tempo eu achar que nada valeu a pena, será que vai ser mais fácil? Nesse dia, espero ter maturidade suficiente para aceitar que se pudesse escolher entre passar por tudo de novo - ser feliz e infeliz, rir muito e chorar muito - ou ter uma vida medíocre, sem dor e sem emoção, escolheria VIVER.

Me lembro que vi no Fantástico, uma vez, um casal de mais de 70 anos, juntos há 50, que estava se divorciando. A repórter perguntou:
- Por quê?
- Porque agora chegou a hora -, disse a velhinha.

Será que a hora vai chegar na semana que vem, ou daqui a 50 anos?
Será que a hora vai chegar?
Será que todo conto da fadas acaba em "felizes para sempre" ou o ponto final vai, irremediavelmente, ser dolorido.
Enquanto isso, carpe diem.

sexta-feira, março 25, 2005

In love

É um sentimento estranho. Estranho a mim, pelo menos. E eu não sou boa falando de coisas que mal entendo. Nunca soube enrolar em provas, admiro quem sabe.
A culpa, na verdade, é desse sentimento estranho e, vou deixar claro, só dele. Mas me deu uma vontade de escrever sobre o que eu tô sentindo. Só por escrever, só por contar. Vontade de desabafar, na verdade.

É aquela sensação de que não importa quão perto, nunca é perto o suficiente. De que o gosto do beijo é sempre igual mas o sentimento é sempre diferente. Aquela sensação de que a intensidade chegou ao extremo, mas pode aumentar.
Aquela gana de fazer parte da vida e dos planos, de compartilhar desejos, de ter encontros românticos em sonhos longos.
Aquela certeza de que ao lado o mal é inatingível. Olhar pro lado e sorrir e se sentir confortada.
Aquela loucura da relatividade, quando um segundo parece um século, um centímetro parece um quilômetro, uma frase diz um texto ou não diz nada. Exatamente essa sensação de que ou tudo, ou nada.
Aquela agonia do "tchau" e felicidade do "oi".

Aquela falta de vergonha de ser patética, como sou agora. Fazer o quê? Eu tô apaixonada.

segunda-feira, março 21, 2005

No ônibus

Eu entrando no T7, com aquela cara mau-humorada (típica de quando tenho que pegar ônibus), olho em frente.
Então vejo um guria, sentada na primeira fila depois do cobrador, olhando na minha direção e rindo.

1ª reação: Procurar se tinha alguém sentado do lado dela, mas não, ela tava sozinha.
2ª reação: Ver se ela estava falando no celular, mas ela não tava.
3ª reação: "Será que ela tá chapada?"
4ª reação: "Será que tem algum problema com a minha roupa?"
5ª reação: "Será que ela tá apaixonada?"

Conclusão? Eu não sou mais aquela romântica inveterada que eu era antigamente. Os muitos erros pesaram. Mas ainda resta aquela menina em mim, especialmente quando escuto os seguintes versos:

"Já nao tenho dedos pra contar
De quantos barrancos despenquei
E quantas pedras me atiraram
Ou quantas atirei
Tanta farpa tanta mentira
Tanta falta do que dizer
Nem sempre é 'so easy' se viver
Hoje eu não consigo mais lembrar
De quantas janelas me atirei
E quanto rastro de imcompreensão
Eu já deixei
Tantos bons quanto maus motivos
Tantas vezes desilusão
Quase nunca a vida é um balão
Mas o teu amor me cura
De uma loucura qualquer
É encostar no teu peito
E se isso for algum defeito
Por mim tudo bem"
(Tudo Bem / Lulu Santos)

domingo, março 13, 2005

Eureka

Hoje, finalmente, entendi porque os homens têm quatro milhões de neurônios a mais que as mulheres. Porque, me perdoem as mulheres, eu não tenho a capacidade de entender de que jogo o narrador da Gaúcha tá falando quando estão sendo narrados dois ou mais jogos ao mesmo tempo. Principalmente quando o Grêmio leva três gols na corrida. Isso me deixa muito confusa.

- Gol do Inter, Rafa?
- Não, linda, gol do Caxias, ele tá no jogo do Grêmio agora.
- Será que é o mesmo gol de agora há pouco?
- Não, é outro gol, em menos de dois minutos.

Tem mais.
Eu escutei algo como "olha o Fernandão passou... Gol".
Já o Rafa escutou "olha o Fernandão passou pro Souza e gol".
O Fernandão eu conheço, mas nem sabia que tem um jogador chamado Souza no Inter, ele é bom?

Então é pra isso que servem esses milhões a mais... Quer saber? Nem fazem falta.

PS.: Amanhã começam as minhas aulas, tô feliz.

sábado, março 12, 2005

Ainda mais saudade

Tem horas em que estar longe de casa pesa.
É difícil na maior parte do tempo, mas em algumas horas é impossível.
Quando eu estou doente me sinto mais vulnerável, mais criança, preciso de mais proteção. Sinto falta de me sentir protegida.
Doente e carente.
Acho que a doença aguça a carência. Ou talvez muita carência seja a causa de um organismo fraco, logo, mais suscetível a mazelas.

Sexta - 11/03/05

Não estava bem.
Mal tinha conseguido comer uma canja e recusei um pedaço de torta de morango. Na cara que não tava bem. Comecei a ficar mal-humorada. E triste.
Não tava conseguindo trabalhar e olhava as mesas da redação e elas pareciam se afastar e se aproximar de um jeito estranho. E quis chorar.
Agüentei tanto quanto foi possível.

- Não tô me sentindo muito bem, só falta uma hora pra eu sair, posso ir embora?
- Claro, guria, peraí que eu peço pra um carro te levar em casa.
- Não precisa. 'Brigada.

Liguei pra minha mãe enquanto descia pela escada.
Ela começou a fazer aquelas vozes de mãe preocupada e a dar mil instruções que variavam desde soro caseiro até remédio (porque mãe sempre se acha um pouco médica, e a minha - por sinal - nunca erra o diagnóstico).
O Rafa me buscou e fomos na farmácia comprar Floratil, depois no super comprar coisas pra fazer sopa, depois pra casa descansar.

Já tô melhor. Mas continuo, apesar de todos os esforços do Rafa, me sentindo desprotegida. Ele ficou fazendo minhas vontades e cuidando de mim como só minha família sabe cuidar. Acho que aqui em POA, hoje, o Rafa é o único que sempre está disposto a cuidar de mim, e é a quem mais aproximadamente posso chamar de família.
Mas o resto da trupe faz muita falta.
Ainda bem que na sexta vou pra Rio Grande.

domingo, março 06, 2005

Sem comentários

Pois é, desde que a Fê reclamou publicamente do meu blog, pelo fato de ele ser um tanto quanto complicado de comentar, pensei seriamente em colocar o tal do Haloscan.
Pedi pro Rafa me ajudar a fazer isso, mas quando a gente finalmente instalou o negócio aqui no template, eu percebi que todos os cometários anteriores vão ter que desaparecer. Aí me deu uma pena de perder tudo o que já foi escrito antes. As críticas e os apoios. Mais apoios, aliás.
Eu vou mudar assim que possível. Colocar o Haloscan. O Rafa disse que dá pra guardar os comentários colocando uns esquemas antes e depois na linguagem do template. Pareceu fácil, do jeito que ele explicou. Eu não sei ser muito didática em assustos de informática, mas tens uns sinais que sigificam que as coisas entre dois sinais não vão aparecer no template. Cara, não sou nada didática para assuntos de informática.
Vou ter que me contentar em esperar novos comentários. Enquanto isso, vou controlando a minha vaidade. É ela que tá criando resistência...

quarta-feira, março 02, 2005

Tentação

Hoje aconteceu uma coisa tosca.
Eu tava no elevador, no trabalho, com um boy cheio de papéis na mão. Ok, até aí é normal. Do nada, ele falou:
- Essa gente deixa um monte de cheque, com uma grana preta, ao portador, nas nossas mãos. Coisa de louco...
Eu ri. Depois pensei melhor. Coitado, devia tá pensando em como o dinheiro poderia resolver os problemas.
Tomara que ele não tenha caído na tentação.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Ainda há uma esperança

Nesses tempos em que passam mais dúvidas pela minha cabeça do que certezas. Em que eu revejo a cada segundo a minha escolha, algo me deu alguma esperança.
O meu medo é que algum dia as páginas dos jornais tratem mais de um casamento luxuoso em um castelo, e que fique claro, um casamento de mentira, com sentimentos provavelmente vazios, do que das coisas que realmente interessam.
O meu medo é ver bunda demais nas capas. E é incrivel como essas mulheres dispostas a mostrar a bunda se proliferam. Parecem gremilins. Enquanto um imbecil tem o título de "homem mais poderoso do mundo" e destrói famílias, sonhos e anseios como quem escolhe o cardápio do almoço. "Hoje, deixa eu ver, quem merece morrer?..."
O meu medo é que as especulações sobre "quem come quem" e "quem trai quem" sejam maiores do que a procura por quem matou aquela freira. Sabe-se lá o que ela fez, e não é por ser freira que ela era santa, mas mataram ela. Puta vida. Mataram sem piedade.
Eu sempre olhei o lado lindo do jornalismo, sempre me esqueci de como a gente faz merda também. Hoje eu sei. É difícil admitir, mas eu sei. E tenho medo desse poder.
Pensei nesse monte de coisa, e em muitas outras que não consegui organizar plausivelmente pra expôr aqui, hoje.
Sentada. Lendo Caros Amigos.
Uma jornalista, a Natalia Viana, escreveu um texto maravilhoso sobre uma experiência que ela passou. Foi mais ou menos assim: ela se passou por desempregada durante um período. Fez tudo que uma pessoa desempregada precisa fazer, enfrentou a barra, foi em busca de um emprego digno e se deparou com coisas que pra gente, que tem comida na mesa, cama quente, enfim, dinheiro, é quase inimaginável. Trabalho escravo. Por merrecas.
Isso é jornalismo.
Pra quem quiser procurar, é a edição de janeiro de 2005. Só garanto uma coisa: lendo aquela matéria alguma coisa vai voltar a brilhar na mente de cada um. Brilhou uma chama de esperança dentro da minha, e olha que dessa vez eu não tava pegando fogo. E me deu aquele orgulho de dizer que eu faço jornalismo, e que algum dia alguém vai "me ler" e tudo vai mudar. Depois da Natalia Viana, alguma coisa mudou pra mim.

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Imperdível, apenas R$ 9,90

Foi esse anúncio que me atraiu. Feirão de eletrodomésticos no Big Cristal, uma batedeira "marca diabo" por R$ 9,90. Coisa de dona-de-casa, eu sei. Mas é o que eu sou, mesmo.
Mandei um e-mail pro Rafa, perguntando se ele queria ir lá comigo comprar a tal batedeira. Ele se interessou e quis até comprar uma pra ele.
Duas da tarde ele me buscou no trabalho e a gente foi até a casa dele deixar bolsas e adereços. Prático, porque na frente da casa dele passam vários ônibus que vão pro Big Cristal. Pegamos o "Ponta Grossa". Descemos na frente do super. Caminhamos pelo estacionamento gigantesco e quando chegamos na frente do feirão, adivinha? Um placa enorme: "BATEDEIRA ESGOTADA".
Decepção total.
- Já que a gente tá aqui...
Fomos fazer as compras da semana por lá mesmo. Só que o lugar é enorme e eu já tava cansada por causa de viagem de ontem (4h40 dentro do ônibus de RG pra POA). No fim do "percurso" minhas pernas doíam muito. E a gente ainda tinha que voltar. O Rafa comprou uns 5 litros de leite, 2 de desinfetante e mais verduras. E eu também comprei umas coisas pesadinhas lá pra casa. Esquecemos da volta, eu acho. A gente, cheio de sacola, saiu do Big pra pegar o ônibus.
- Onde tem parada?
Caminhamos todo o estacionamento gigantesco de novo e mais uns 100 metros até a parada mais próxima. Credo, meus braços doíam, e as costas também. Como eu queria ter um carro.
Nada de ônibus.
Passa o "Cohab". Entramos rindo. Que programa de índio...

domingo, janeiro 30, 2005

Desgarrados - Mário Barbará

***
Comentário totalmente pessoal: vale à pena ler e sentir...
***

Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
E são pingentes das avenidas da capital
Eles se escondem pelos botecos entre cortiços
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias
E então são tragos, muitos estragos, por toda a noite
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será

Cevavam mate, sorriso franco, palheiro aceso
Viraram brasas, contavam casos, polindo esporas
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço
Arreios firmes e nos pescoços lencos vermelhos
Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno
O m ilho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes
Olhos abertos, o longe é perto, oque vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será

Aí sim

Queria aprender com os erros e, só uma vez, não desistir sem lutar.
Acredite, estou tentando.
Mas às vezes o coração dói e as lágrimas insistem em correr. Correm meio sem rumo, deixando um gosto salgado na minha boca. Que acaba ficando amarga, cheia de beijos amargos.
Insistir nunca é demais. Ou é?
Queria não ter nunca que parar pra pensar se vale à pena. Queria viver naquele castelo dourado dos contos-de-fada, tal qual eu desenhava no jardim de infância. Eu, quem diria, uma princesa naquele vestido repolhudo, com as mangas repolhudas. De rosa, como toda menina inocente deve se vestir.
Mas o rosa virou vermelho.
A boca perdeu o gosto do doce em alguma boca indigna.
O tempo passa, deixa dúvidas, deixa respostas que não são as que eu quero.
E se esse maldito tempo não pessase sobre a minha cabeça, não risse dos meus erros e não tripudiasse meus sonhos, aí sim eu seria feliz.

sábado, janeiro 22, 2005

"Oh, vou beber pra esquecer meus problemas..."

Eu contei. Não sei porque, mas contei. Eram 19.
Isso mesmo. 19. Me enrolei no 15, mas consegui. Enfim, 19.
Mas vou explicar como tudo começou...

Eu, o Rafa e o Augusto estávamos voltando do Cavanha's, que por sinal estava maravilhoso. Buscamos a Carol na casa de uma amiga e fomos pra casa - o Augusto e a Carol moram no apartamento de cima, o Rafa no de baixo. Eu? Eu freqüento bastante o de baixo...

No estacionamento.

Eu: A gente podia beber Tequila...
Augusto: Não tem limão.
Rafa: É... (o Rafa fala pouco mesmo).
Augusto-pensando-melhor: Acho que o Zaffari tá aberto.

15 minutos depois.
Um quilo de limão. Ligamos pro Ronaldo e pra Raquel. E finalmente estreamos o Pingômetro. O Rafa colocou bem na parede onde a mesa fica encostada. Encheu de Tequila. A Raquel e o Ronaldo chegaram. Primeira Tequila. "Merda, mas isso é bom!".

Mais doses disso e daquilo, o Rafa começou a remexer no barzinho dele e, quando a noite acabou e eu fui contar quantas garrafas tinham em cima da mesa: 19. Entre Jose Cuervo Prata e Ouro, jurupiga, wodka Danska, licor de café, de pêssego, de menta, uma wodka russa de pimenta,... Entre tudo isso, eu tive medo. Cara, mais um mês de férias em Porto, sem praia, e "AA, aí vou eu".

Um mês depois. Reunião do AA.
Eu: Oi, meu nome é Thais.
Todos: Oi, Thais!
Eu: Tudo começou quando passei o meu primeiro verão em Porto Alegre...

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Falta de dengo

Pra começar, não tinha Sol. Ninguém, absolutamente ninguém, merece ter apenas um fim-de-semana de folga por mês, ir pra praia e ter que enfrentar dias nublados. Odeio dias nublados. Dá uma idéia de indecisão. Que chova ou faça Sol. Tudo, menos dias nublados insossos.
Ok, não tinha Sol mas apenas o tempo não ia estragar meus planos.
Sábado de manhã acordei cedo e fui pra praia. Definitivamente não dava pra ficar sentadinha na cadeira, esperando o Sol dar as caras. Já tava ridículo. A previsão pra um dia bom era inexistente, ou seja, esperava em vão. Então resolvi dar um mergulho rápido, lavar a alma, sabe? Água salgada me faz um bem danado. Entrei. "Ai, que frio!". Pé. Batata da perna. Ai, a coxa. Não sei porque mas que coisa estranha quando a água chega na coxa. Não, não, a barriga é pior. "Meu Deus, o que eu tô fazendo aqui?".
E dei um mergulho rápido, pra me molhar por inteiro."Hum, não é tão ruim assim". E fui me acostumando com a temperatura da água, lentamente. Até que já pulava como criança, de um lado pro outro, e plantava bananeira. Sim, eu planto bananeira em baixo d'água, porque fora dela eu nunca consegui direito. Quase uma frustração. Quase.
Foi que aconteceu... Senti algo no meu pé, e doeu. Doeu como se queimasse. E fui comentar isso quando senti de novo, agora no meu braço. Maldita mãe-d'água. Ela fez a volta no meu pulso, como se fosse uma pulseira. Doeu demais. Queimou. E eu comecei a sair da água correndo, quando a senti novamente, por cima do meu pé. Era só o que me faltava: virar alvo de mães-d'água.
Saí do mar cheia de quiemaduras e com uma frustração absurda. Fui até minha casa andando, é perto, umas três quadras, e fazendo força pra não chorar. Sim, eu ainda choro quando me machuco. Cheguei em casa com o pulso e o pé direito inchados, cheio de pequenas bolhas. Ainda por cima era nojento!
Minha mãe colocou uma pomada por cima das queimaduras e logo a dor foi diminuindo, diminuindo. O pulso desinchou e eu fiquei melhor. Pra falar a verdade, achou que não foi o remédio que me fez melhorar, foi a minha mãe passando o remédio, falando: "coitadinha da minha filhinha gordinha, machucou o bracinho".
Foda, mas eu não passo de um bebê.

sábado, janeiro 08, 2005

Sponge Bob - The Movie

E eu fui ver o filme do Bob Esponja no cinema. Com direito a pipoca e... água (resolução de ano novo: não tomar mais refri!). Tá, o filme é legal. Na verdade, eu esperava bem mais, mas o filme é engraçado. Recomendo, mas só pra quem gosta do desenho. E eu, na minha idade mental de três anos, adoro.

E atentem para a cena do Bob Esponja e do Patrick no elevador, é hilária.
E pras negociações muito espertas do Patrick.
E pra musiquinha do Amendobobo - "(...) eu sou um amendobobo, você é um amendobobo (...)". Patético.

Tá, vão ver um filme melhor, quem não viu "Um Sonho de Liberdade" ainda, não sabe o que tá perdendo. Foi considerado esses dias por uma revista, sei-lá-qual, o "melhor filme da história que não ganhou Oscar". Também, concorreu com o "Forrest Gump". Odeio Tom Hanks. Hehe.

terça-feira, janeiro 04, 2005

Assim espero

E todo início de ano é a mesma coisa: eu crio um monte de metas pra levar a cabo e não faço 1% do que achava que tinha que fazer. Nesse ano vai ser diferente. Eu vou criar apenas uma meta: seguir todas as minhas metas. Pobre menina previsível.

Em 2005 eu pretendo ser alguém melhor. Que dê o lugar no ônibus pra idosos, tanto faz as tonturas causadas pela porcaria da labirintite. Que diga mais "sim" e que aprenda a dizer mais "não". Que corra atrás do que quer. Que se envolva mais com os seus problemas do que com os dos outros.

Em 2005 eu quero chorar de filmes água-com-açúcar e rir de piadas fáceis. Quero continuar considerando mais as letras do que as melodias e quero voltar a tocar violão. Quero gastar mais tempo com filmes brasileiros e menos tempo com seriados americanos. Quero tirar minha carteira de motorista e aprender a não apagar o carro na esquina dos taxistas do INSS em Rio Grande. Quero andar mais de balanço na pracinha do Cassino e quero tomar mais banho de mar. Quero pescar e quero comer muito fondue.

Em 2005 eu quero emagrecer, fazer academia, entrar num curso de inglês e comprar o novo cd do U2. Quero caminhar mais e andar menos de ônibus. Quero ser mil vezes mais segura e mil vezes menos ciumenta. Quero fazer uma tatuagem. Quero sentir menos medo e ser mais independente. Quero ser um pouco menos menina e um pouco mais mulher, e um pouco menos adulta e um pouco mais criança.

Em 2005 quero ter sempre Club Social no carro, pra dar pros meninos que pedem em esquinas, e quero parar definitivamente de tomar refri. Especialmente Coca-cola. Quero ficar mais sozinha e me sentir menos sozinha. Quero dizer mais vezes "eu te amo" e menos vezes "tchau". Quero amar ainda mais, quero viver mais intensamente, quero dizer o que sinto sem medo das respostas e aprender a conviver com respostas ruins.

Em 2005 eu quero trabalhar mais, estudar mais e crescer mais. Quero ganhar mais dinheiro, descobrir como vou encaminhar meu futuro e aprender a tirar um "C" na faculdade sem neuras. Quero degelar a geladeira, comer mais fruta e menos bobagem. Quero viajar. Quero conhecer, descobrir e desvendar. Quero deixar pra trás o que passou e encarar a vida de frente, de peito aberto, com garra, vontade, vibração. Quero aproveitar cada oportunidade e ser feliz por coisas pequenas ou grandes, do mesmo jeito.

Em 2005 quero falar mais, se possível. Quero escutar mais, se for aconselhável. E quero sofrer mais, pra viver mais e ser mais feliz. Quero tomar vinho na frente de uma lareira em junho. Quero correr num campo cheio de flores amarelas em novembro. Quero tomar muito chopp na Lima e Silva no verão, outono, inverno, primavera, verão...

Em 2005 quero tomar um porre memorável e dizer uma frase memorável. Plantar uma árvore e começar a escrever um livro, pra rasgá-lo na segunda página - e eu já fiz isso. E, Deus me livre, não quero ter um filho. Quero ser jovem e alegre. Velha e rabugenta, talvez. Mostrar insatisfação e satisfação. E que venham mais satisfações do que o contrário.

Quero abraçar mais o meu pai, sentar mais no colo da minha mãe, entender melhor as minhas irmãs e beijar mais o meu namorado. Em 2005, quero beijar muito na boca e quero ficar arrepiada com cada beijo. Quero ler dezenas de livros, escutar centenas de músicas e escrever milhares de palavras.

2005 é o ano da minha vida, porque a minha vida é agora, e a gente só percebe isso em situações limites. Eu passei por uma situação limite, fiquei com muito medo de perder meu pai. Mas agora tá tudo bem e eu tô escrevendo mais é pra contar que nesse ano eu vou viver, não apenas existir. E vou irradiar vida. E vou ser tão feliz que os problemas cotidianos vão ser pequenos diante da tanta felicidade. 2005 vai ser perfeito.

Assim espero.