domingo, janeiro 30, 2005

Desgarrados - Mário Barbará

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Comentário totalmente pessoal: vale à pena ler e sentir...
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Eles se encontram no cais do porto pelas calçadas
Fazem biscates pelos mercados, pelas esquinas
Carregam lixo, vendem revistas, juntam baganas
E são pingentes das avenidas da capital
Eles se escondem pelos botecos entre cortiços
E pra esquecerem contam bravatas, velhas histórias
E então são tragos, muitos estragos, por toda a noite
Olhos abertos, o longe é perto, o que vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será

Cevavam mate, sorriso franco, palheiro aceso
Viraram brasas, contavam casos, polindo esporas
Geada fria, café bem quente, muito alvoroço
Arreios firmes e nos pescoços lencos vermelhos
Jogo do osso, cana de espera e o pão de forno
O m ilho assado, a carne gorda, a cancha reta
Faziam planos e nem sabiam que eram felizes
Olhos abertos, o longe é perto, oque vale é o sonho

Sopram ventos desgarrados, carregados de saudade
Viram copos viram mundos, mas o que foi nunca mais será

Aí sim

Queria aprender com os erros e, só uma vez, não desistir sem lutar.
Acredite, estou tentando.
Mas às vezes o coração dói e as lágrimas insistem em correr. Correm meio sem rumo, deixando um gosto salgado na minha boca. Que acaba ficando amarga, cheia de beijos amargos.
Insistir nunca é demais. Ou é?
Queria não ter nunca que parar pra pensar se vale à pena. Queria viver naquele castelo dourado dos contos-de-fada, tal qual eu desenhava no jardim de infância. Eu, quem diria, uma princesa naquele vestido repolhudo, com as mangas repolhudas. De rosa, como toda menina inocente deve se vestir.
Mas o rosa virou vermelho.
A boca perdeu o gosto do doce em alguma boca indigna.
O tempo passa, deixa dúvidas, deixa respostas que não são as que eu quero.
E se esse maldito tempo não pessase sobre a minha cabeça, não risse dos meus erros e não tripudiasse meus sonhos, aí sim eu seria feliz.

sábado, janeiro 22, 2005

"Oh, vou beber pra esquecer meus problemas..."

Eu contei. Não sei porque, mas contei. Eram 19.
Isso mesmo. 19. Me enrolei no 15, mas consegui. Enfim, 19.
Mas vou explicar como tudo começou...

Eu, o Rafa e o Augusto estávamos voltando do Cavanha's, que por sinal estava maravilhoso. Buscamos a Carol na casa de uma amiga e fomos pra casa - o Augusto e a Carol moram no apartamento de cima, o Rafa no de baixo. Eu? Eu freqüento bastante o de baixo...

No estacionamento.

Eu: A gente podia beber Tequila...
Augusto: Não tem limão.
Rafa: É... (o Rafa fala pouco mesmo).
Augusto-pensando-melhor: Acho que o Zaffari tá aberto.

15 minutos depois.
Um quilo de limão. Ligamos pro Ronaldo e pra Raquel. E finalmente estreamos o Pingômetro. O Rafa colocou bem na parede onde a mesa fica encostada. Encheu de Tequila. A Raquel e o Ronaldo chegaram. Primeira Tequila. "Merda, mas isso é bom!".

Mais doses disso e daquilo, o Rafa começou a remexer no barzinho dele e, quando a noite acabou e eu fui contar quantas garrafas tinham em cima da mesa: 19. Entre Jose Cuervo Prata e Ouro, jurupiga, wodka Danska, licor de café, de pêssego, de menta, uma wodka russa de pimenta,... Entre tudo isso, eu tive medo. Cara, mais um mês de férias em Porto, sem praia, e "AA, aí vou eu".

Um mês depois. Reunião do AA.
Eu: Oi, meu nome é Thais.
Todos: Oi, Thais!
Eu: Tudo começou quando passei o meu primeiro verão em Porto Alegre...

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Falta de dengo

Pra começar, não tinha Sol. Ninguém, absolutamente ninguém, merece ter apenas um fim-de-semana de folga por mês, ir pra praia e ter que enfrentar dias nublados. Odeio dias nublados. Dá uma idéia de indecisão. Que chova ou faça Sol. Tudo, menos dias nublados insossos.
Ok, não tinha Sol mas apenas o tempo não ia estragar meus planos.
Sábado de manhã acordei cedo e fui pra praia. Definitivamente não dava pra ficar sentadinha na cadeira, esperando o Sol dar as caras. Já tava ridículo. A previsão pra um dia bom era inexistente, ou seja, esperava em vão. Então resolvi dar um mergulho rápido, lavar a alma, sabe? Água salgada me faz um bem danado. Entrei. "Ai, que frio!". Pé. Batata da perna. Ai, a coxa. Não sei porque mas que coisa estranha quando a água chega na coxa. Não, não, a barriga é pior. "Meu Deus, o que eu tô fazendo aqui?".
E dei um mergulho rápido, pra me molhar por inteiro."Hum, não é tão ruim assim". E fui me acostumando com a temperatura da água, lentamente. Até que já pulava como criança, de um lado pro outro, e plantava bananeira. Sim, eu planto bananeira em baixo d'água, porque fora dela eu nunca consegui direito. Quase uma frustração. Quase.
Foi que aconteceu... Senti algo no meu pé, e doeu. Doeu como se queimasse. E fui comentar isso quando senti de novo, agora no meu braço. Maldita mãe-d'água. Ela fez a volta no meu pulso, como se fosse uma pulseira. Doeu demais. Queimou. E eu comecei a sair da água correndo, quando a senti novamente, por cima do meu pé. Era só o que me faltava: virar alvo de mães-d'água.
Saí do mar cheia de quiemaduras e com uma frustração absurda. Fui até minha casa andando, é perto, umas três quadras, e fazendo força pra não chorar. Sim, eu ainda choro quando me machuco. Cheguei em casa com o pulso e o pé direito inchados, cheio de pequenas bolhas. Ainda por cima era nojento!
Minha mãe colocou uma pomada por cima das queimaduras e logo a dor foi diminuindo, diminuindo. O pulso desinchou e eu fiquei melhor. Pra falar a verdade, achou que não foi o remédio que me fez melhorar, foi a minha mãe passando o remédio, falando: "coitadinha da minha filhinha gordinha, machucou o bracinho".
Foda, mas eu não passo de um bebê.

sábado, janeiro 08, 2005

Sponge Bob - The Movie

E eu fui ver o filme do Bob Esponja no cinema. Com direito a pipoca e... água (resolução de ano novo: não tomar mais refri!). Tá, o filme é legal. Na verdade, eu esperava bem mais, mas o filme é engraçado. Recomendo, mas só pra quem gosta do desenho. E eu, na minha idade mental de três anos, adoro.

E atentem para a cena do Bob Esponja e do Patrick no elevador, é hilária.
E pras negociações muito espertas do Patrick.
E pra musiquinha do Amendobobo - "(...) eu sou um amendobobo, você é um amendobobo (...)". Patético.

Tá, vão ver um filme melhor, quem não viu "Um Sonho de Liberdade" ainda, não sabe o que tá perdendo. Foi considerado esses dias por uma revista, sei-lá-qual, o "melhor filme da história que não ganhou Oscar". Também, concorreu com o "Forrest Gump". Odeio Tom Hanks. Hehe.

terça-feira, janeiro 04, 2005

Assim espero

E todo início de ano é a mesma coisa: eu crio um monte de metas pra levar a cabo e não faço 1% do que achava que tinha que fazer. Nesse ano vai ser diferente. Eu vou criar apenas uma meta: seguir todas as minhas metas. Pobre menina previsível.

Em 2005 eu pretendo ser alguém melhor. Que dê o lugar no ônibus pra idosos, tanto faz as tonturas causadas pela porcaria da labirintite. Que diga mais "sim" e que aprenda a dizer mais "não". Que corra atrás do que quer. Que se envolva mais com os seus problemas do que com os dos outros.

Em 2005 eu quero chorar de filmes água-com-açúcar e rir de piadas fáceis. Quero continuar considerando mais as letras do que as melodias e quero voltar a tocar violão. Quero gastar mais tempo com filmes brasileiros e menos tempo com seriados americanos. Quero tirar minha carteira de motorista e aprender a não apagar o carro na esquina dos taxistas do INSS em Rio Grande. Quero andar mais de balanço na pracinha do Cassino e quero tomar mais banho de mar. Quero pescar e quero comer muito fondue.

Em 2005 eu quero emagrecer, fazer academia, entrar num curso de inglês e comprar o novo cd do U2. Quero caminhar mais e andar menos de ônibus. Quero ser mil vezes mais segura e mil vezes menos ciumenta. Quero fazer uma tatuagem. Quero sentir menos medo e ser mais independente. Quero ser um pouco menos menina e um pouco mais mulher, e um pouco menos adulta e um pouco mais criança.

Em 2005 quero ter sempre Club Social no carro, pra dar pros meninos que pedem em esquinas, e quero parar definitivamente de tomar refri. Especialmente Coca-cola. Quero ficar mais sozinha e me sentir menos sozinha. Quero dizer mais vezes "eu te amo" e menos vezes "tchau". Quero amar ainda mais, quero viver mais intensamente, quero dizer o que sinto sem medo das respostas e aprender a conviver com respostas ruins.

Em 2005 eu quero trabalhar mais, estudar mais e crescer mais. Quero ganhar mais dinheiro, descobrir como vou encaminhar meu futuro e aprender a tirar um "C" na faculdade sem neuras. Quero degelar a geladeira, comer mais fruta e menos bobagem. Quero viajar. Quero conhecer, descobrir e desvendar. Quero deixar pra trás o que passou e encarar a vida de frente, de peito aberto, com garra, vontade, vibração. Quero aproveitar cada oportunidade e ser feliz por coisas pequenas ou grandes, do mesmo jeito.

Em 2005 quero falar mais, se possível. Quero escutar mais, se for aconselhável. E quero sofrer mais, pra viver mais e ser mais feliz. Quero tomar vinho na frente de uma lareira em junho. Quero correr num campo cheio de flores amarelas em novembro. Quero tomar muito chopp na Lima e Silva no verão, outono, inverno, primavera, verão...

Em 2005 quero tomar um porre memorável e dizer uma frase memorável. Plantar uma árvore e começar a escrever um livro, pra rasgá-lo na segunda página - e eu já fiz isso. E, Deus me livre, não quero ter um filho. Quero ser jovem e alegre. Velha e rabugenta, talvez. Mostrar insatisfação e satisfação. E que venham mais satisfações do que o contrário.

Quero abraçar mais o meu pai, sentar mais no colo da minha mãe, entender melhor as minhas irmãs e beijar mais o meu namorado. Em 2005, quero beijar muito na boca e quero ficar arrepiada com cada beijo. Quero ler dezenas de livros, escutar centenas de músicas e escrever milhares de palavras.

2005 é o ano da minha vida, porque a minha vida é agora, e a gente só percebe isso em situações limites. Eu passei por uma situação limite, fiquei com muito medo de perder meu pai. Mas agora tá tudo bem e eu tô escrevendo mais é pra contar que nesse ano eu vou viver, não apenas existir. E vou irradiar vida. E vou ser tão feliz que os problemas cotidianos vão ser pequenos diante da tanta felicidade. 2005 vai ser perfeito.

Assim espero.