quarta-feira, agosto 31, 2005

Será o cúmulo?

Estava indo pegar o T1 na Ipiranga. Chovia um pouco. Me protegia com o guarda-chuva.
Passei por uma senhora, também munida de guarda-chuva, que estava passeando com seu poodle. Mas o estranho é que o cachorro estava vestindo uma capa de chuva. Isso mesmo. Com o casaquinho e com o capuz. Não tive como não rir. A senhora riu também.
Me lembrei que quero muito comprar um cachorro. Mas dei uma olhada no preço dos yorkshires e desanimei. Além do mais, não tenho espaço pra um.
Sei lá, ainda não me acostumei a não ter um bicho de estimação. Será que me tornei dependente daquele afeto incondicional? Daqueles festejos exagerados? Parece que sim.

sexta-feira, agosto 26, 2005

Quando passarinhos parecem sapos

Na grama.
Sempre me assusto com isso.
Devem estar faltando horas de sono.
Vou pra praia.

terça-feira, agosto 23, 2005

Que ódio

Desses comments/spams.
Ninguém merece isso.
Vou ter que colocar a tal word verification.

by mail

segunda-feira, agosto 22, 2005

Seu Edgar

Vou me mudar.
A proprietária quer o ap de volta. Além do mais, ele já estava pequeno - ou melhor, minúsculo - pra mim e pra Mi. Visitei quatro lugares diferentes e me apaixonei por um. Acho que meu novo lar vai ser ali na Loureiro da Silva. Falta a parte burocrática.
Lembrei disso porque não queria sair da São Vicente sem saber o nome do guardinha da Felipe de Oliveira. Aquele que me chama de "amiga" e me deseja "bom dia" todos os dias. Sejam bons ou não.
Pensava nisso enquanto ia da Fabico pra casa e o vi, uns cem metros de distância (aquela quadra é larga). Fui caminhando e elaborando algum tipo de abordagem, pra dizer que acho nobre o jeito que ele trata as crianças - o vejo todos os dias no horário da entrada da escola, quando passo atrasada pra faculdade.
Pensei em perguntar seu nome, apenas o nome, mas não teria coragem. Não teria mesmo. Sei lá o porquê. Melhor esperar a minha mudança estar confirmada.
Devaneando, nem percebi uma criança que passava correndo do meu lado.
- Seu Edgar! Seu Edgar!
Corria. Gritava. Corria. Um voz infantil e doce.
- Seu Edgar! Seu Edgar!
Então a vi chegar até ele, o guardinha da Felipe de Oliveira.
- Seu Edgar, posso usar teu celular porque eu acho que a minha mãe se esqueceu de me buscar?
Ele riu pra ela. Levantou a cabeça, riu pra mim.
- E aí, minha amiga, tudo bem?
Esboço um sorriso amistoso, daqueles que envolvem boca e olhos. Tento passar alguma ternura pra responder:
- Tudo tranqüilo.
Na verdade, nem tudo, mas deixa pra lá, seu Edgar.

sábado, agosto 20, 2005

Fingindo pra quem?

Ontem de noite - uma sexta-feira - eu só pensava em ir dormir.
Era uma da manhã quando saí do jornal e tinha que voltar às oito da mesma manhã.
O Rafa me buscou e a gente foi comer alguma coisa. Estávamos indo pra casa quando eu notei que não parecia mais aquela desesperada pelas noites de sexta-feira, que só pensava em alguma desculpa pra sair e beber. A desesperada que, certas (muitas) vezes, nem procurava uma desculpa.
"Vamos fingir que a gente é jovem?"
Compramos duas Smirnoff Ices (eu sei que é quase uma Sprite) e mudamos o caminho pra pegar a Lima e Silva.
Bebida, conversa, riso, constatações, implicâncias.
Quer saber? Prefiro dormir, mesmo. Aliás, como é barulhenta a Lima e Silva.

Ps.: E não é que o Bala de Prata ganhou. Escolho ou não escolho bem meus cases? Minha matéria ficou muito providencial.

quinta-feira, agosto 11, 2005

Meu primeiro Gradiente

Era pequena (não sei ao certo a idade) quando ganhei o tal radinho da Gradiente. Era vermelho com detalhes em azul e amarelo. Tinha um microfone e os botões coloridos também. Eu adorava ele. Acho que eram os primórdios de um possível enclinamento para a vida jornalística. Adorava ele.
Nos dias de calor, na minha casa no Cassino a gente costumava montar aquelas piscinas de plástico. Daquelas bem toscas, azuis cheias de desenhos marinhos. Uma delas tinha uns 20 centímetros de altura, a outra uns 50. A gente sempre montava duas, por causa da diferença de idade entre eu e a minha irmã mais nova, com a nossa irmã mais velha. Cinco anos de diferença. Não era muito. Mas fazia a gente cobiçar a piscina "dos grandes", e fazia "os grandes" se sentirem o máximo.
Minha casa no Cassino tem um pátio grande, mas estreito. Assim, a gente montava as duas piscinas quase coladas uma na outra e deixava um corredor ínfimo. Os adultos tinham que passar de lado, não cabiam no corredor andando normalmente.
Certa tarde, estava eu com o meu radinho, na churrasqueira, que ficava alguns metros depois desse corredorzinho estreito. Criança cansa fácil dos brinquedos. Cansei de me gravar e resolvi entrar pra casa. Foi, então, que peguei o meu radinho colorido, aquele que já falei que adorava, e segui rumo à porta.
Parei na frente do corredorzinho. Quando tu és um desastre ambulante desde que te tornaste algo ambulante, te acostumas a não arriscar. Mas eram poucos passos. Levantei o radinho e segui firme. As bochechas vermelhas do sol. Aquele biquini cheio de babadinhos (que minha mãe achava que ficava lindo em mim).
Dei os dois primeiros passos com firmeza. Decidida. Mas a descoordenação foi mais forte. Deixei o meu adorado Gradiente cair na piscina. Comecei a chorar com todas as minhas forças infantis. Chorei alto. Meus pais foram ver o que era. Não me lembro ao certo quem tirou o meu radinho da piscina, mas escorria água dele. E dos meus olhos, ao mesmo tempo.
Meu pai abriu o radinho, secou ele, arrumou como pôde. Mas o radinho nunca mais foi o mesmo. E eu também nunca mais fui a mesma. Acho que foi a primeira vez que tomei consciência de que tinha estragado alguma coisa. A primeira vez que consegui discernir, na minha mente de poucos anos, que a culpa era minha.
Continuo desastrada. Sigo consciente.
Só queria uma chance de passar por aquelas piscinas novamente. Se a tivesse, chamava a minha mãe.

terça-feira, agosto 09, 2005

Vi Closer

The Blower's Daughter (Damien Rice)

And so it is
Just like you said it would be
Life goes easy on me
Most of the time
And so it is
The shorter story
No love, no glory
No hero in her sky

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

And so it is
Just like you said it should be
We'll both forget the breeze
Most of the time
And so it is
The colder water
The blower's daughter
The pupil in denial

I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off of you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes off you
I can't take my eyes...

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off of you
I can't take my mind off you
I can't take my mind off you
I can't take my mind...
My mind...my mind...

'Til I find somebody new


Antes que perguntem, não há nenhum sentido oculto que caiba aos meus sentimentos atuais. Bom, na verdade, a frase "I can't take my mind off you" se encaixa bem.
Achei o filme bonito, mesmo sendo uma romântica e o filme desmistifique qualquer tipo de romantismo tolo que creia em fidelidade. Eu creio em fidelidade. Mas gostei do filme, e da forma pesada que expõe como as pessoas são meros objetos, e como quem entende isso convive com a crueldade dos relacionamentos vazios. Bom, eu não consigo lidar com relacionamentos vazios. Mas gostei do filme.
Relacionamentos vazios são resultado de buscas mal feitas, encontros desastrosos e de pessoas vazias, ocas. Eu não sou uma pessoa oca, mas gostei do filme. Isso já ficou claro. Gostei de Closer e fiquei fascinada por Sin City.
De Sin City não consigo escolher apenas uma música. Achei forte, mas se quisesse ver algo fraco, ficava em casa vendo Sessão da Tarde. Refleti sobre vingança e parei pra pensar se alguém teria motivo para se vingar de mim. Analisei minhas maldades. Acho que não. Acho.
Ao menos por enquanto.