sábado, dezembro 30, 2006

Considerações finais

(em treinamento para a monografia)

QUANTO AO NOVO ANO
Sempre desejo e espero tudo de melhor.
Mas chegar viva a 2008 já me parece o suficiente. Porque esse ano vai ser pra matar.

QUANTO À FACULDADE
Estão entre as minhas possibilidades de matrícula as últimas três cadeiras obrigatórias que preciso fazer. Arrepios.

QUANTO A MIM
Entrando em um fase estável, a qual se deve, em grande parte, a minha troca de turno no trabalho. Trabalhar de noite é bom, mas consome muito mais energia.

QUANTO AOS OUTROS
Cada vez mais descrente das pessoas. Infelizmente, de uma forma exponencial.

Isso merece destaque


O Ungaretti diria que as capas do Sul rendem uma monografia. Eu digo que só essa rende uma tese de doutorado. Ao menos não teve ponto depois da palavra "enforcado", o que, de fato, é um avanço.
Considerei o enforcamento dele a maior estupidez do ano. E olha que neste ano mais de 100 pessoas morreram em ataques do PCC e Comando Vermelho. Estupidez porque, agora mais do nunca, para as pessoas que já acreditavam nele, Saddam Hussein é um herói. A Líbia já decretou luto oficial de três dias. Todo o mundo se dividiu e o Bush, que dispensa comentários pejorativos por ser em si pejorativo, diz que matá-lo foi mais um passo na consolidação da democracia iraquiana. Pelo amor de Deus. Um país que nem soberania tem, como vai ser democrático?

terça-feira, dezembro 12, 2006

O professor, eu e os 12

Dizem por aí, talvez os "especialistas", estas entidades, que fazer exercício faz bem à saúde e emagrece. Estou interessada nos dois. Mais no segundo que no primeiro. Nos dois. Por isso, fui fazer uma aula experimental de hidroginástica. Por que hidroginástica? Porque não tem lugar melhor pra se fazer ginástica do que dentro da água. Não tem e tenho dito. Me inscrevi pra a turma das 10h15min.
Acordei às 9h10min, arrumei a mochila, fui na ferragem comprar um cadeado para o armário da ACM (sim, YMCA, mesma coisa), fui na farmácia comprar shampoo, condicionador e sabonete. Tudo rapidinho, tanto que cheguei adiantada à piscina.
Não bastasse a humilhação de usar maiô e touca - ninguém fica bem com ambos -, fui falar com o professor, que de pronto me perguntou se o exercício era indicação médica, o que me fez sentir meio ridícula. Maiô e touca, lembremos. Certo, me fez sentir mais ridícula.
O professor, muito simpático, me explicou porque tinha de ficar com um troço horroroso amarrado na cintura: para não afundar. Então, maiô, touca e troço amarrado na cintura. Tirem todos os espelhos de perto de mim, por favor.
A minha turma começou a entrar, lentamente, na piscina. Lentamente mesmo. Talvez por causa das idades dos meus coleguinhas. O mais novo devia ter uns 65 ou 70 anos. Podiam ser meus avós, certamente. Entraram todos os 12 - três meninos e nove meninas - mais eu.
O professor brincou "vou colocar pra gente o hit do momento" e colocou o hino do Inter pro aquecimento. A aula durou cerca de 45 minutos. O professor, bastante esforçado, mostrava os movimentos de fora da piscina e, nós, os alunos, imitávamos dentro da água. Preciso dizer que foi muito divertido. Mas, a uma certa altura, percebi que os movimentos demonstrados pelo professor e os feitos dentro da piscina não eram nem ao menos parecidos. A maioria dos alunos estava fazendo os movimentos que vinham à cabeça ou nenhum movimento. Então me senti um pouco imbecil ou, no mínimo, pouco criativa, por estar imitando o professor.
Ia de um lado a outro da piscina. Até que o professor falou. "Vítor, tu não quer explicar pra Thais, que é aluna nova, como é a divisão da piscina". "Existe uma divisão na piscina? Desculpa", respondo eu. "Do lado de lá ficam os meninos e, do lado de cá, as meninas. Os meninos não gostam que as meninas nadem no lado deles", diz o professor. Roxa de vergonha, me desculpo novamente e ouço uma dos "meninos" dizer: "ela pode nadar do lado de cá, não tem problema". Neste momento, as nove senhoras, as nove mesmo, me olharam com um certo ódio e eu juro que fiquei com medo. Pra piorar, o mesmo senhor que me deixou nadar no lado dos meninos pergunta meu nome. "Thais". "É o nome de uma personagem de uma ópera muito famosa. Com 'h', né?". "Sim, com 'h'".
Continuamos a aula. Quer dizer, eu continuei a aula. Os colegas continuaram fazendo movimentos aleatórios dentro da água. "Vamos pegar os espaguetes", diz o professor. "Meu senhor, onde me meti?". E ele começa a jogar os espaguetes dentro da aula. (Espaguete é aquele negócio cilíndrico, longo, colorido, que auxilia os exercícios dentro da água.)
Recapitulando: maiô, touca, troço amarrado na cintura e espaguete. Recomeçaram os exercícios. Gira pra lá, gira pra cá, puxa pra cima, empurra pra baixo. Até que o professor inventa de fazer um exercício em dupla. Preciso dizer que a distribuição das duplas durou uns cinco minutos? Preciso? Então eu digo. Custou aos colegas entender que era pra fazer exercício em dupla. Eu quase afundando, envergonhada por não ter dupla e me sentindo excluída de um grupo pela primeira vez em muito tempo. Até que uma senhora perguntou se eu queria fazer dupla com ela. "Claro" - foi o que eu disse, mas pensei algo assim "o que ela tá querendo?". Não deu outra. Ao fim do exercício ela me disse: "a gente tá recolhendo dinheiro pra dar pro professor, que vai viajar. Se tu quiser contribuir, traz R$10 na próxima aula".
A aula acabou. Fui pro vestiário. Banho com água quentinha, ao menos. A única coisa que esqueci foi o pente, mas uma menina no vestiário me emprestou. Tá, erro de principiante.
Nem preciso dizer que adorei a aula. Já deixei um mês pago. Volto à piscina toda terça e quinta, às 10h15min.

sábado, dezembro 09, 2006

Outra coisa


Quando olho minha foto do site, nem acredito que sou eu

Seguia assim

A minha vida tá passando e eu só me dou conta disso, basicamente, três vezes por semestre, seis ao ano.
Quando faço matrícula na faculdade.
Quando me atucano pros trabalhos finais e penso que não deveria ter exagerado tanto na matrícula.
Quando fico olhando o site da Ufgrs esperando os conceitos do semestre.
Sim, acabou. E eu, que tanto reclamo disso tudo, da rotina, tô confusa. No semestre que vem faço minha última matrícula.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Somos tão jovens

Dois jovens morreram em acidentes nos últimos dias, em Porto Alegre.
Uma menina de 18 anos foi vítima de um prédio em demolição na sexta-feira. Morreu na hora.
Um colega da Fabico, 22 anos, bateu o carro contra um poste na Mostardeiro, hoje, saindo do Ocidente.

Nunca me senti tão boba por meus problemas existenciais toscos.
Nunca me senti tão avesa às mesquinharias do ser humano.
Nunca senti tanta raiva de ser tão pequena, quase um nada.

Tem dias

Só preciso de uma flor, de um scrap, de uma promessa.
Nem sou tão difícil assim.

domingo, dezembro 03, 2006

A mulher

Lá vai ela
Lá vai a mulher subindo
A ponta do pé tocando ainda o chão
Já na imensidão
É lindo
Ela em plena mulher
Brilhando no poço de tempo que abriu-se
Ao rés de seu ser de mulher
Que se abriu
Sem ter que morrer
Todo homem viu

(Caetano Veloso)

Não quero que 2007 chegue.
Ou quero que passe logo, porque estou muito sem paciência pra tudo.

quinta-feira, novembro 30, 2006

Manter em mente


E depois dizem que a vida de copy é uma vida fácil.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Falta pouco

Em função do tempo e, também, do fim do semestre, este blog está temporariamente relegado a segundo plano.
Abandonado, jamais.

terça-feira, outubro 03, 2006

Pra calar a minha boca

- Alckmin no segundo turno.
- Yeda com maioria no primeiro.
- O "homem do tempo" eleito com recorde de votos.
- A "e aí, beleza?" também.

Quantos motivos pra querer ir embora do país ao mesmo tempo.

sábado, setembro 30, 2006

Plantão pré-eleitoral

Foi o dia mais interessante dos últimos tempos na Zero Hora.
Primeiro por toda a comoção envolvendo o avião da Gol (que, por sinal, me fez lembrar na hora do meu cunhado piloto). Cento e cinqüenta e cinco pessoas morreram no pior acidente da história da aviação brasileira. Bem chocante o negócio.
Depois, por causa das ligações que atendi de eleitores e afins. Juro que é TUDO verdade.

O HOMEM DO TEMPO
- Zero Hora.
- Alô, eu gostaria de saber o número do Paulo Borges nas eleições.
- Minha senhora, eu não sei te dizer o número dele.
- Como assim? Ele não tá representando vocês nessa eleição? Como vocês não sabem o número dele?
- Minha senhora, por Deus, ele não me representa nessas eleições. A senhora sabe que ele teve que ser desvinculado da RBS para concorrer, não?
- Como assim?
- Ele não nos representa, senhora. Ele é um candidato que representa um partido, o PFL.
- Ah, tá. Mas qual é o número dele?
- Eu vou procurar pra senhora.
QUINZE MINUTOS DEPOIS
- O número dele é tal-tal-tal-tal-tal.
- Ah, obrigada minha filha. Olha, se tu vir ele por aí, pode dizer que a Rosane de Canoas votou nele.

O HOMEM DO TEMPO II
- Zero Hora
- Alô, eu gostaria de saber o número do Paulo Borges
- É tal-tal-tal-tal-tal.
- Obrigada. Manda uma boa sorte pra ele, por favor.

ALIENAÇÃO
- Zero Hora
- Alô. Olha, minha filha, eu sei que tu não tem culpa, mas é uma pouca vergonha o que vocês estão fazendo nessas eleições. Onde já se viu?! Ficam defendendo o PT o tempo todo. Aquele bando de mensalão (sic) e vocês nem colocam nada. Aquele Tarso tá falando na Gaúcha agora. Dizendo um monte de barbaridade, e vocês colocam tudo.
- O senhor sabe pra onde ligou?
- Sim, eu sei, pra Zero Hora.
- O senhor está reclamando que somos muito parciais e defendemos o PT?
- Sim, e pretendo cancelar a minha assinatura na segunda-feira.
- Eu vou passar a reclamação do senhor à Política e alguém entrará em contato com o senhor em breve, sem qualquer sombra de dúvida.

AH, QUE SAUDADE DA DITADURA
- Zero Hora
- Boa noite. Minha filha, preciso de um favor.
- Claro, a senhora pode falar.
- Quanto que foi o jogo do Grêmio hoje?
- Hoje não teve jogo do Grêmio, senhora.
- Ah, e teve jogo do Inter?
- Sim, teve. Ganhou de 3 a 2 do Paraná.
- Ah, que bom, minha filha. O Grêmio joga amanhã?
- Não, amanhã não tem rodada. Só teve jogo do Inter e do São Paulo hoje porque eles estavam com jogos atrasados, mas amanhã não tem nada por causa das eleições.
- Ah, mas que saco isso. Essas eleições só atrapalham. Tem aqueles horários eleitorais por semanas e depois chega o dia e nem futebol tem. Vou te dizer.

terça-feira, setembro 26, 2006

Então

Não vou votar.
E o debate da RBS foi um show de horrores.

terça-feira, setembro 12, 2006

Deve ser uma metáfora

Estou caminhando em uma rua qualquer. Meio escuro. Escurecendo.
Sou abordada por um homem. Ele quer me assaltar.
Tenho celular, um pouco de dinheiro, meu mp3 player na bolsa.
Mas ele pede o meu livro. E rouba o meu livro.
O título do livro? Padrões de manipulação da grande imprensa. Do Perseu Abramo. Muito bom, por sinal.
O ladrão se vai com o meu livro. Fico desorientada.
Daí, acordo.

sábado, setembro 02, 2006

Mais uma pra manhã de sábado

Não gosto de trabalhar de manhã. Pra mim, a manhã foi feita pra ser dormida e o dia só deveria começar com o almoço. Quis o destino que a minha faculdade fosse pela manhã.
Agora, sábado de manhã, estou trabalhando, e como o jornal fecha praticamente todo na sexta, não tenho quase nada pra fazer. Se alguma matéria cai, o pessoal fica na correria pra substituir. Mas, normalmente, não tem correria no sábado de manhã.
Hoje está sendo um sábado atípico, já que a Gaúcha está entrevistando o Alckmin. Ops, o Geraldo, Geraldo, me esqueço. Tem um certo movimento, até porque a Yeda veio junto. Yeda, Yeda mesmo, sem nome-fantasia. E tem um pessoal da Política da ZH entrevistando eles também.
Acontece que, por volta de 10h, tive que ir no bar comprar um expresso duplo e dois pães de queijo, porque eu já disse: detesto trabalhar de manhã. Comer pão de queijo pelo menos torna o período mais agradável.
Estou eu no bar e não encontro comandas da ZH, só do DG e da Gaúcha. Quando me debruço sobre o balcão para pedir à atendente, chega uma loura com a maquiagem mais do que carregada e estende o braço com uma garrafa térmica, sem falar nada. A atendente fica com cara de interrogação, não gosta do gesto. Ignora a mulher. Olha pra mim.
- O que tu queria mesmo?
- Comanda da Zero, tem por aí?
Ela se abaixa calmamente, pega um bloco das tais comandas e me entrega. A senhora super-maquiada está com uma cara impaciente e diz com sotaque paulista carregado.
- Pode encher de café?
A atendente faz tudo sem qualquer pressa. Pega a garrafa e pergunta:
- Quem vai pagar?
A loura diz quem vai pagar e a atendente não sabe quem é. Depois se lembra quem é e diz que a pessoa tem que vir assinar a comanda. A loura não gosta. Então, eu me meto.
- Serve o café aí. (E, como se fosse confidência, mas em bom tom) É pro presidenciável. Quem quer se indispor com ele?
A loura dá um sorriso amarelo. A atendente dá uma risadinha.
- Vai que ganha (...). Não, não ganha não.

domingo, agosto 20, 2006

Afirmações

- Trabalhar de madrugada nem fica tão ruim quando a companhia é boa. Obrigada, Cine e Ricardo.
- As programações de TV para as madrugadas de sábado para domingo são péssimas.
- Eu sou vidente, mas ninguém vai fazer um seriado sobre isso.
- O Fidel ainda não morreu.
- O Inter joga hoje.
- Eu vou morar na Espanha.

sábado, agosto 19, 2006

Questionamentos para uma noite de sexta-feira

- O relógio marca 0h39min e tenho que esperar até às 2h pra sair do jornal. Depois, a formatura da Marcela e do Felipe. Por que o tempo demora tanto a passar?
- No ano que vem, sou eu me formando. Ou não?
- Por que o Arnaldo Jabor insiste em dizer bobagens no Jornal da Globo?
- Como a Globo demitiu o Franklin Martins e manteve ele?
- O Inter ganhou a Libertadores e o Corinthians tá na zona de rebaixamento do Brasileirão - com o intragável Tevez e tudo. Quer maior prova da falcatrua que foi o Campeonato Brasileiro do ano passado?
- Como posso começar um semestre sem pique?
- Fui quase assaltada esses dias. Parece mentira, mas a segurança que carreguei por 23 anos se esvaiu nos poucos segundos em que durou a abordagem daquele marginal. Só eu sinto esse medo?
- E se eu tivesse coragem?

quinta-feira, agosto 10, 2006

terça-feira, agosto 08, 2006

Ready? Go

Mais um semestre começou. O penúltimo. Trinta e seis créditos na faculdade, mais 36h semanais de trabalho.
Ainda não caiu a ficha de que em menos de um ano eu vou estar formada, com o diploma na mão, e todas as responsabilidades que isso acarreta.
Nada de covardia!

É pior querer estar em muitos outros lugares, ou definitivamente não querer estar aqui?

segunda-feira, julho 17, 2006

Breve adeus

Semana passada, completei 23 anos. Não gosto muito de fazer aniversário, por isso tento ocupar o dia ao máximo, para nem lembrar da data. (Claro que comemoro, e considero estranhas as pessoas que não.) Dessa vez, minha mãe veio pra Porto Alegre e fez uma lasanha maravilhosa pra mim. De tarde, passeamos no Centro da cidade, nós duas, olhando vitrines. Eu tentando impedir que minha mãe fizesse amizade com todos os câmelos que vendem aquela quantidade absurda de bugigangas contrabandeadas. Foi inevitável. Ela fez amizade.
Fiz ela caminhar bastante, a ponto de doer o pé e odiar o salto alto. Foi muito bom. De noite, comemos pizza.
Os dias que antecederam o meu aniversário não foram os melhores. Dizem que os 30 dias anteriores são o inferno astral - não que eu acredite nestas idiotices, mas acredito. Dentre os acontecimentos que me marcaram, uma grande perda.

Quando eu ainda morava em Rio Grande, incerta quanto ao curso que tentaria no vestibular, uma professora de Língua Portuguesa e Redação teve influência decisiva na minha escolha. A Sandra sempre dava a nota máxima para os meus textos e dizia, em sala de aula, que eu precisava fazer ou Letras ou Jornalismo. Foi ela quem me ensinou a usar "ora" e insistia que era muito "sofisticado". Nas palavras dela, "sofisticadíssimo". Também foi ela quem me proibiu de usar "em suma", "por fim" ou "finalmente", os quais definia como "empobrecedores".
Uma vez a Sandra me fez ler uma das minhas redações para a turma de 30 e poucas pessoas, como exemplo de uma redação gabarito. Adorei. Nos dávamos muito bem, amor à primeira vista. Ai de quem viesse me falar alguma coisa da aula dela. Minha irmã, que sabia de meu amor, disparava "ela é apaixonada pela Sandra" e a pessoa desistia.
Um dia a Sandra me receitou florais, quando viu o quão estressada eu podia ficar. Disse até, com um ar condescendente, que se assustou com a minha euforia. Tomei os florais, como discordar da Sandra? E também fiz acupuntura. Sempre foi difícil um professor me fazer prestar atenção nas aulas de Gramática, se ela conseguiu, era capaz de muita coisa.
Quando eu decidi fazer Jornalismo, depois de conversar com as pessoas mais próximas, ela foi a primeira pessoa para qual anunciei. Abriu um sorrisão de lado a lado e falou, com extrema convicção, "estás no caminho certo". Se dispôs a corrigir redações no modelo da UFRGS e de UFSM, universidades nas quais me inscrevi, além das redações da FURG, onde fiz Direito.
Passei pra Direito com 49 pontos de 50 na redação. Pra indignação da Sandra, claro, por que me deram 49, e não 50? Depois veio o listão da UFRGS, passei, mas não encontrei mais ela. Uns meses depois, nos encontramos em uma formatura. Ela me olhou, abriu um sorriso e disse "por favor, me diz que estás em Porto Alegre". "Ora, é claro que sim".
Nos últimos meses, a Sandra - que sempre gostou de navegar pela Internet - começou a fazer parte do Orkut. Fiquei emocionada quando ela me adicionou e passou a mandar scraps, se referindo a mim como sua "amiga para sempre". Um amigo com quem estudei chegou a reclamar que ela mandava scraps pra mim e não pra ele, brincando.
O sorriso da Sandrinha era fora de sério. Uma dessas raras pessoas claras e transparentes, o tipo de professora na qual me espelharei no futuro. Mais, o tipo de ser humano no qual me espelharei, certamente.
Fico triste que ela não vá estar aqui quando grandes textos forem impressos com o meu nome em cima, para ela se orgulhar de ter me incentivado. Fico triste, também, por não contar mais com sua visão crítica.
A diferença que ela fez na minha vida foi grande. Imensa. Espero um dia fazer o mesmo nas escolhas de alguém.
Não sei se ela está em um algum lugar, não acredito muito nessas coisas. Só tenho a certeza de que a forma como me tocou, e a muitos outros alunos, a tornou docemente inesquecível.
No fim das contas, isso é o que importa.

quinta-feira, junho 08, 2006

Falta de sorte ou maldição?

Depois da dificuldade de tirar a Carteira de Trabalho às vésperas de apresentá-la na RBS, a história se repete em proporções, graças a Deus, menores.
Estou tirando o meu Passaporte por uma questão preventiva. Vá que seja sorteada pra ir pra Copa às pressas, ou ganhe um curso na Espanha (aliás, preferível à Copa). Em ambos os casos eu preciso estar munida do Passaporte. E também porque a vida não é só visitar o Uruguai, que só pede identidade na entrada.
De qualquer jeito, paguei aquela taxa exorbitante de R$ 89,71. Reais chorados, mas bem aplicados. Depois disso, duas fotos 5 x 7, com fundo branco e com data. Saíram pela bagatela de R$ 7. Duas fotos por R$ 7. Cada uma R$ 3,5 e eu nem fiquei bem nelas. Vá lá, bem aplicado.
Juntei tudo: comprovante de pagamento, fotos, identidade, CPF, Título de Eleitor, comprovante de voto e me dirigi ao prédio da Polícia Federal, que fica na Ipiranga, bem perto da Zero Hora.
Cheguei lá eram 15h15min. Fui até o balcão e uma mulher bem descontente com a vida me atendeu:
- Tem isso, aquilo e aquele outro, tudo original?
- Tenho.
Me deu a ficha. Número 3. Me sentei entre um monte de pessoas e fiquei impressionada pela quantidade de orientais que passavam pra lá e pra cá. Lembrei da Brenda, colega no trabalho, dizendo que eles vão dominar o mundo e ri sozinha. Tirei toda a documentação da minha pasta e esperei cantarem o meu numerozinho.
Uns cinco minutos depois, se levanta uma mulher que olha para todos sentados (especiamente pra mim, imagino) desafiadora. Caminha até uma mesa e em cima dela está um daqueles porta-fichas - onde se crava as fichas durante o dia, e é preciso olhar o último número pra chamar o próximo.
Olha pra ficha. Olha pra gente. Olha pra ficha. Olha pra mim.
- Ses-seeeeeen-ta e nooooo-ve.
Puta que o pariu.
- Ses-seeeeeen-ta e nooooo-ve.
Se levanta um homem e senta em frente à mesa da mulher.
Quinze minutos depois.
- Se-teeeeeen-ta.
Me levanto e vou embora, tenho que estar na Zero Hora às 16h. Enquanto caminho rumo ao trabalho, só posso rir da minha falta de sorte naquele dia fatídico. Peraí. Fatídico mesmo: o dia do demônio. 6/6/06. Dia da besta. Ah, se eu tivesse lembrado antes não tinha nem perdido a viagem.
Ao menos dessa vez eu me controlei e não tive nenhum ataque de choro.

quinta-feira, junho 01, 2006

Nossos heróis na rédea curta

O mais engraçado nesse história da mídia cair de laço em cima dos jogadores da Seleção - os que foram fazer festa em noite folga - é que eles não estavam preocupados em se explicar com torcedores, comissão técnica ou repórteres, todos queriam deixar claro que a namorada sabia (ou não deveria saber) muito bem onde estavam. Demonstrando, assim, os bons namorados que são.
Até mesmo os nossos renomados jogadores são levados na rédea curta. Com homem tem que ser assim mesmo.

sábado, maio 27, 2006

Mais um dia. Mais uma decisão daquelas.

sexta-feira, maio 26, 2006

Presenciando um assédio

Desço as escadas correndo pra não fazer a minha carona esperar. Mas a carona não chegou e tenho que ficar esperando - coisa que eu detesto. Enquanto o carro não chega, fico escutando a conversa que o porteiro da noite (aquele que está sempre dormindo quando eu chego de madrugada) tem com a minha vizinha (uma senhora com cerca de 70 anos muito meiga, mas bastante intrometida, que entrou na minha casa sem pedir licença pelo menos duas vezes).

VELHINHA: A minha neta não quis dormir aqui na minha casa hoje.
PORTEIRO: Ela dorme sempre aqui?
VELHINHA: Dorme quase sempre.
PORTEIRO: Eu nunca vi.
VELHINHA: É que ela chega de tarde e sai bem cedo de manhã. Não é no teu turno. Ela fica comigo pra eu não ficar sozinha (DEIXOU A BOLA QUICANDO).
PORTEIRO: Ah, mas eu entendo ela. No inverno é mesmo ruim a gente dormir fora da cama da gente. Pra dormir fora de casa com esse frio, só se a cama for melhor que a minha.
VELHINHA: É verdade...
PORTEIRO: No Motel Botafogo, por exemplo (DO NADA).
VELHINHA: Ôôôooolha...
PORTEIRO: Lá tem umas camas muito boas.

Graças a Deus, minha carona chegou.
A verdade é que já vi a velhinha conversando com o porteiro umas três vezes depois disso.

quinta-feira, maio 25, 2006

Tiradinhas de Voltaire

- É um torto na vida, respondeu o abade. Ganha a vida falando mal de todas as peças e de todos os livros. Odeia a todos que têm suceso, como os eunucos odeiam os potentes: é uma das serpentes da literatura que se nutrem de baixaria e de veneno. É um foliculário.
- O que você chama de foliculário?
- Um fazedor de folhas, um Fréron, disse o abade.

Profissão bem odiada essa minha...

terça-feira, maio 09, 2006

Sábado de manhã

Olho com cara de sono para o segurança.
- Não sei onde tá meu crachá, pode liberar aqui, pra mim?
Ele me observa, dá uma risadinha de canto de boca, me olha de cima a baixo, e deve ter notado que eu estava com a mesma roupa da noite anterior.
- Eu sei que tu quer que eu diga que tu não pode entrar sem crachá, pra que tu possa voltar pra casa e dormir a manhã inteira, cada hora de sono que deve estar faltando. Mas eu não vou fazer isso. Eu vou abrir. Tu vai entrar e passar o resto da manhã trabalhando.
- E parte da tarde.
- É.
- ... Porque a vida é isso mesmo.
- Exatamente.
- Bom dia pra ti, também.

Discurso

É muito bom escrever.
Nunca me canso de dizer isso.
Espero, também, nunca me cansar de fazer isso.
E realmente espero ser paga para escrever um dia.
Nada é garantido nesta vida. Nada.
São tempos difíceis.

terça-feira, abril 18, 2006

Não podia ser tudo perfeito

Croissant de queijo perfeito.
Cerveja perfeita.
Preços baixos perfeitos.
Coca-cola mais perfeita - menos doce.
Mas tinha que ter aquele banho horroroso?

O feriadão no Forte Santa Tereza, no Uruguay, a menos de uma hora da fronteira com Santa Vitória do Palmar, foi bom de um modo geral. Alguns detalhes como os citados acima foram especialmentes bons. O meu último banho lá é que foi, de certa forma, traumatizante.
Eram cerca de 18h30min quando cheguei ao banheiro mais próximo ao lote do acampamento, em Cerro Chato (uma das zonas daquele imenso parque). O primeiro choque foi a fila. Três mulheres à frente. Mulheres demoram no banho, mas em menos de 10 minutos quatro chuveiros foram desocupados e eu pude ocupar o mais próximo à porta. Devidamente despida, só faltava a água quente. Que água quente mesmo?
Bom, tinha a torneira do quente e a do frio, mas só abri a do quente, o que não adiantou. O fio de água caindo era tão frio quanto o gelado mar uruguaio e, conforme era atingida pelas gotas esparsas, decidi: não ia passar condicionador. Nos chuveiros viznhos, moças mais frescas, acredito eu, alguns gritos de terror.
Decidi, então, que daria prioridade a algumas partes na passagem do sabonete. Um banho matado mesmo. Durante essa dita passagem, não é que o sabonete cai no chão e, quando me abaixei pra pegá-lo, senti a corrente de ar frio que vinha da porta direto pro box sem cortina? Meus ossos ficaram ainda mais enrijecidos e a minha boca tremendo sem controle.
Mulheres peladas passando pra lá e pra cá. Mais alguns gritos de terror. Putaqueopariu. Veio a mulher que cuidava o banheiro toda sorridente - também, ela não estava debaixo daquele banho frio - e gritou:
- Cinco minutos cada.
- A senhora acha que eu quero ficar mais que cinco minutos aqui embaixo?
Tenha dó.
No máximo quatro minutos, vinte correntes de ar congelando meus ossos, indefinidos litros de água fria insuportável depois, peguei a toalha e me enrolei nela como se fosse um edredon. Não, não, aqueles cobertores de lã de ovelha extra-quentes. Amaldioçando até a décima geração de quem me convenceu a ir acampar, coloquei a roupa e fugi dali, com o cabelo despenteado mesmo. Saí correndo pro acampamento.
Me deitei no colchão inflável que foi surpreendentemente bom e fiquei ali, quietinha, tentando me recuperar do frio dentro dos menos de cinco metros quadrados da barraca. No resto da noite, quando criei coragem pra sair da barraca usando dois blusões e um casaco apeluciado, fiquei tapadinha de edredon à beira da imensa fogueira, tomando Pilsen.
A Pilsen também, mas por uma coincidência divina, estupidamente gelada.

terça-feira, abril 11, 2006

Não estou aqui


Estou no Forte Santa Tereza, no Uruguay.
Deixa pra segunda que vem.

quarta-feira, abril 05, 2006

Até o policial concorda

Depois de me dar o nome de um dos envolvidos em um tiroteio em Alvorada nesta madrugada, ele suspirou, do nada:
- Tinha que ser Rafael.
Quando eu digo...

segunda-feira, abril 03, 2006

De volta à madruga

Me adianto e aviso: estarei em estado ininterrupto de sonolência nos próximos dez dias. Não tenha medo, mas talvez a minha imagem lembre a de um zumbi.

terça-feira, março 28, 2006

Eu


Sou simples em uma parte. Não sei qual delas. E complexa no resto. Bem complexa. Destesto mentira. Entendo algumas, mas detesto. Sou livre pra não aceitar. Gosto de escrever. Preciso aprender muito sobre escrever. Adoro ler coisas interessantes. Não gosto de leituras obrigatórias. Leio mesmo assim. Amei A Hora da Estrela da Clarice Lispector. Amo música. Embora ela, em excesso, me estresse. Odeio música durante discussão. Odeio discutir e discuto demais. Adoro frases de efeito e admiro quem sabe usá-las. Eu não sei. Preciso dançar. Preciso de movimento. De novidade. Adoro surpresas e mais quem me surpreende. Estou sempre de regime. Nunca deixo de comer coisas gordurosas e boas. Gosto de fruta. Gosto de carne. Gosto de frio. Muito calor me irrita até na praia. Venero o mar. Tenho medo dele. Preciso de céu estrelado e vento no rosto. Juntos. Separados. Continuo buscando respostas pra perguntas que ainda nem formulei. Não gosto de deboche ou grosseria. Nem preciso dos dois. Adoro ironias, mas passo bem sem sarcasmo. Gosto de mentes abertas e repudio pré-julgamentos. Tenho a mente fechada pra entender algumas coisas. Não entendo Economia e nem tenho pretensão de entender. Trabalho muito. Estudo menos do que gostaria. Queria estar quatro anos à frente. Pretendo me casar de véu e grinalda. Quero ter filhos. Tenho medo de ter filhos. Tenho medo de altura. Fico tonta fácil. Odeio ter labirintite. Me incomoda. Gosto de ser eleitora. Não confio mais nos políticos. Já confiei. É uma pena. Acredito em uma força superior. Desconfio de um Deus. Rezo em momentos difíceis. Vejo muita televisão e vou muito ao cinema. Vou pouco ao teatro e gostaria de ir mais. Escuto pouco rádio e adoro telejornais. Quero ser jornalista e professora. Queria mais ser professora do que jornalista. Não mais. Adoro as poesias que eu entendo. E as entendo como bem entendo. Me esforço para escutar assuntos chatos. Alguns realmente não me atraem. Não me esforço pelo que não vale à pena. Me esforço demais pelo que vale. Trabalho sem reclamar. Estudo com paixão. Sou boa filha e tento ser boa irmã. Amo minha família. Devo aos meus pais meus valores. Que são muitos e fortes. Minha mãe é linda. Ela é. Admiro tudo em meu pai. Ele é meu herói. Sou uma namorada grudenta e nada vai mudar isso. Quem tentou, cadê? Preciso de atenção. Já encontrei quem me dê. Acredito em mudanças, mas não em voltas. Quero comprar uma casa assim que possível. Só minha. Não preciso de um carro, mas seria bom ter um. Fico tonta em ônibus. Fazer o quê? Sou péssima em juntar dinheiro. Adoro dar presentes. Sou carinhosa por vício. Nunca traí. Fiel por convicção. Faço voz de criança quando algo me agrada. Fico feliz com pouco. Sou Pollyana. Tenho convicções fortes, mas posso adaptá-las. Depende de quem tentar. E como tentar. Não quero ser rica. Mas ajudaria. Vou ser feliz. Feliz sem ponto final
Me entendeu?

terça-feira, março 21, 2006

Greve por greve

Tem muita gente que chama de vagabundos, ou coisa pior, os professores em greve no magistério estadual. Sempre fui aluna de escola pública, do jardim de infância até a formatura no Ensino Médio. Tão bem quanto todos estudantes desses colégios estaduais, sei como o aluno é afetado por uma greve.
Contudo, sendo filha de professora estadual, também tenho consciência de como são os salários. Sempre preenciei a dedicação da minha mãe por uma escola, trabalhando o dia inteiro por mais de trinta anos e ainda levando provas e trabalhos pra corrigir em casa. Por isso, reconheço, sem medo de críticas, como os professores são merecedores do reajuste pedido. É mais do que justo, necessário.
Errado, falso, dissimulado e incompetente é o governo (com letra minúscula mesmo) que mantém o salário de muitos trabalhadores abaixo do mínimo nacional. Nosso governador, agora derrotado pelo Garotinho (o que por si só já é motivo para um suicídio), que reveja nessa semana suas promessas de campanha.
Já bati sineta pela avenida Silva Paes, em Rio Grande, ao lado da minha mãe. Estaria do lado dela agora, dando o mesmo apoio, não morasse em outra cidade.

FALANDO EM SALÁRIOS...
Não é que 117 desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais ontem resolveram fazer uma paralisação? A causa deles: o teto salarial de R$ 22,1 mil. Na ponta do lápis e em tempo, R$ 22,1 mil sustenta muito bem umas dez pessoas.
Quem são os vagabundos, mesmo?

quarta-feira, março 01, 2006

"O filme escolhido pela maioria foi..."

Bom, me resta assistir ao Intercine.
Não importa quantas vezes eu veja "Beleza americana", sempre fico chocada naquela cena do começo em que a Carolyn (Annette Bening, ótima, aliás) tenta vender uma casa e não consegue. Daí ela fecha a porta e, quando termina de virar a cortina, começa a chorar copiosamente.
Prender o choro é complicado.
Não gosto muito desse filme. A história é boa e o Kevin Spacey realmente mereceu o Oscar - eu odeio e adoro a personagem -, mas me dá uma agonia, um sentimento de impotência. Estranho isso.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Mais um plantão

Bastou eu comemorar que, pela primeira vez, tinha conseguido ligar para os 35 números da ronda das 4h sem ter que repetir nenhum, terminando a dita ronda em apenas 30 minutos (mesmo com uma prisão em Triunfo e um homicídio em Alvorada) pra tudo virar de pernas pro ar.
Quando todos acordarem, provavelmente a mídia gaúcha só vai estar falando disso: dois homens em uma moto efetuaram quatro disparos contra cabines do pedágio da RS-040, em Viamão. Não satisfeitos, atiraram coquetéis molotov em duas das cabines. Ninguém se feriu durante os ataques.
Pra ter as minhas madrugadas agitadas coisas desse tipo precisam acontecer. E é incrível como o tempo passa mais rápido quando tem movimento.
Tudo é relativo mesmo.

Descobri o que mais me irrita durante as rondas na madrugada: a música de espera do HPS de Canoas. Sério. A insuportável canção toca enquanto a telefonista transfere a ligação pra Emergência. Espero que ninguém além de mim precise escutar aquela música - que mais parece um toque monofônico. Os segundos em que a ouço me estressam tanto, que tiro o telefone do ouvido. Ah, ainda por cima o som é estridente. E nem percebo quando a pessoa do outro lado atende.
- Thais? Thais?
- Alô.
- Thais, é a Fabiana, por aqui tá tudo calmo.
- Ah, obrigada, Fabiana. Como tu sabia que era eu?
- Quem mais liga todos os dias por volta das 4h?
- Ah, bom dia pra ti.
- Até amanhã.

Na ironia do meu sono afetado - logo eu, que amo dormir -, uma clássica do capitão Fernando, do Ciosp:
- Ciosp. Capitão Fernando.
- Bom dia, Fernando, é a Thais da Zero Hora. Alguma ocorrência grave por aí?
- Bom dia, Thais, a moça que nunca dorme. Por aqui, nada de vulto.
- Valeu.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Mr. Nice Guy and Band

Tudo bem, eu também amo eles. Poucos não amam. Mas o Bono tá exagerando na sua mania de defender todas as boas causas possíveis. Achei exagero aquela história de dizer que Deus é brasileiro. Até porque, em Buenos Aires, ele diria que Deus é argentino, e assim sucessivamente.
Marketing é diferente de falsidade. Ou não?
Outra coisa que não gostei foi "Brasil, vamos para o hexa!". Pra mim, renegou a seleção de futebol, renegou a nação. Sim, por isso me decepcionei tanto com o Scolari. Brasileiro que é brasileiro pode chamar a seleção de tudo, pode falar mal dos jogadores, pode xingar até o diabo de indignação, mas torce pela amarelinha.
Os símbolos religiosos misturados achei interessante. Aquele gurizinho cantando desafinado me irritou um pouco.
Na verdade, me irritou estar em casa, tentando dormir pra encarar tranqüila mais uma madrugada de trabalho, enquanto a banda que tanto norteou as minhas idéias na adolescência estava tão perto. Tão longe.
Nos meus 16 anos me prometi que, quando tivesse dinheiro suficiente, iria pra Europa, de preferência pra Itália, só pra ver um show do U2. Isso foi antes de eu decidir que queria fazer jornalismo. Agora, no máximo, eu planejo ver um show do Nenhum de Nós no Planeta.
Tudo bem, a gente tem que aprender a viver com as frustrações. Eles vieram em 1998, talvez voltem em 2014. Que merda. Bem que o Bono poderia parar de defender todas as causas nobres do Universo pra não morrer em algum atentado e me impedir de realizar o sonho de vê-lo cantar. Assim, ao vivo, claro.
Uma coisa é certa, a Folha de São Paulo exagerou na capa:

"Bono é a encarnação roqueira do politicamente correto - ao menos em parte, um chato. Equivocado também: mal desembarcou e já saiu correndo para emprestar seu prestígio a Lula. Faz parte daqueles formadores de opinião que acreditam em duendes progressistas do Terceiro Mundo."
Marcos Augusto Gonçalves/ Editor da Ilustrada

Se eu não tivesse certeza de que, na verdade, é um ataque direcionado ao nosso presidente ex-metalúrgico, respingando no aclamado vocalista, até acharia que o tal editor também tem ciúme da tal Katilce: tá é afetado.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Crash - No Limite

Concorre a seis estatuetas:

- Filme
- Direção: Paul Haggis
- Ator coadjuvante: Matt Dillon
- Roteiro original
- Edição
- Canção: In the Deep

Não que isso queria dizer alguma coisa. De qualquer forma, recomendo. Atenção especial para a atuação da Ashlyn Sanchez, uma guriazinha de cinco anos.
Bom filme.

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Eu sei o que quero ser quando crescer

Ontem de madrugada, enquanto escrevia uma matéria e lutava com o dicionário para encontrar sinônimos, caiu a ficha de que estou fazendo exatamente o que quero fazer. Minha futura profissão pode ter seu lado árduo e sacrificante, mas quantas pessoas são pagas para fazer o que mais gostam de fazer?
Fiquei pensando em todos os caminhos que tracei e me trouxeram até aqui. E senti aquela certeza aliviante de ter feito umas poucas escolhas certas entre tantas tão erradas.
Acho que refleti muito sobre isso por causa dessa época de formaturas. Refleti sobre o meu futuro mais do que devia, aliás. Sei lá do meu futuro. Quem, além de mim, se preocupa com ele? Poucos dos muitos planos guardados na minha mente vão dar certo. Ao menos no lado profissional já me sinto, de algum jeito, realizada.
Ingenuidade minha, mas não tenho como ir contra minha natureza apaixonada.

* A formatura do Rafa tava linda e teve até declaração de amor na hora dos agradecimentos.
** Quero me formar de uma vez.
*** No domingo, tem texto meu no TV+Show.
**** Saudade de casa.
***** Quase nem acredito, mas vou sair da madruga. Sério, quase chorei quando soube.
****** Trinta e dois créditos nesse semestre.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Por que será

que mulher é tão complicada e cheia de neuras?

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Das minhas férias

1. Saí bastante. Inclusive com a Lara, minha melhor amiga, o que não fazia há séculos.
2. Vi ótimos filmes com meus pais, até bem tarde, como "Mar Adentro", que recomendo.
3. Conversei com amigos que não via há meses.
4. Dancei.
5. Mudei de coloração. Tô bem bronzeada.
6. Conheci algumas praias e cidadezinhas uruguaias bem legais, como La Paloma, onde fiquei cinco dias; Punta del Diablo, onde almoçei no último domingo, e Buzón, uma praia paradisíaca no meio do nada e de difícil acesso, na qual encontramos um cara sentado, debaixo de um guarda-sol, pescando sozinho. Cena de filme.
7. Bebi muito e de tudo um pouco: Polar, Pilsen, Patricia, Miller, Bohemia.
8. Fui na quinta dupla do Larus depois de mais de um ano de ausência.
9. Viajei com o Rafa, tomando chimarrão, e não há companhia melhor.
10. Comi muito churrasco, incluindo uma picanha perfeita feita pelo meu pai e uma costela uruguaia maravilhosa feita pelo pai do Rafa.
11. Dezessete dias praticamente sem internet, só uma verificada nos e-mails e no listão da Ufrgs. Quase um recorde.
12. Minha irmã caçula passou no vestibular pra Medicina Veterinária na Ufpel. Dei de presente pra ela um jaleco com o nome bordado, mas ela não decidiu ainda se vai optar por Ciências Biológicas na Furg, onde ela também passou. Pintei ela pra tirar fotos e em breve colocarei aqui uma. Sério. Poucas vezes chorei tanto na vida quanto quando olhei ela o nomezinho dela no listão. Talvez relate o acontecido.
13. Gastei um pouco de dinheiro. Mais do que tinha.
14. Descobri que meu espanhol é péssimo.
15. Encontrei dez, isso, DEZ escorpiões na casa que a gente alugou na Anaconda, uma praia de La Paloma. Sério, tive ataques de histeria cada vez que um daqueles bichinhos horrorosos aparecia. Odeio aracnídeos com todas as minhas forças, mesmo sendo eles predadores de baratas e outros insetos asquerosos.
16. Ótimas boas-vindas! Chegou o meu PPR. Que felicidade um saldo positivo de vez em quando. Começo a comprar as partes do meu computador ainda nessa semana.
17. Parei de roer unhas. É definitivo. Elas estão grandes e se iniciaram os gastos com manicure. Minhas mãos estão irreconhecíveis e fiquei bem feliz de finalmente ter parado.
18. Preparativos finais para a formatura do Rafa. Começo a caça por um vestido e sugestões de lojas com preços acessíveis são bem-vindas.
19. Eu e o Rafa contamos onze jacarés na passada pelo Taim. Todos na beira da água, pegando um solzinho. E mais um monte de capivaras e pássaros diferentes.
20. Fiquei esperando o Rafa surfar na beira da praia, no maior estilo namorada de surfista. Mas não vi ele pegar nenhuma onda. O problema será na minha visão? Hehe.
21. "Tu pode falar mais devagar porque eu não entendi absolutamente nenhuma palavra que tu disse" é uma frase grosseira?
22. Uruguaios dirigem mal.
23. Muitas ruas uruguaias não têm nome e as casas não têm número. Tentem encontrar uma casa chamada "Sotto" em La Paloma. Quem me trouxer uma foto disso ganha um escorpião de brinde.
24. Depois dos alacranes (outro nome pra escorpião, que os uruguaios juram que não é a mesma coisa, mas o Google diz que é e eu acredito muito mais no Google), a decisão: compraremos uma barraca e um colchão inflável.
25. Incrível como eu dei valor a cada um dos dezessete dias das minhas férias, que terminaram hoje. Fazia um ano e meio que não tinha mais que um fim-de-semana de folga. Nos últimos dois meses, nem isso. Descansei bastante.
26. Tem muito mais, conforme for lembrando, escrevo.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

"Curioso" esse seu Eduardo

Eu via que ele tava sofrendo. Tava mesmo. O porteiro tava quase desesperado. Ele me parece um pouco, digamos, expansivo. Ok, fofoqueiro mesmo. Talvez quisesse detalhes da minha vida pra comentar com quem quer que fosse. Queria - não, melhor - precisava muito saber onde eu trabalho, mas não perguntava diretamente, só ficava puxando assuntos que me levassem a explicar por que raios eu trabalho de madrugada:

- Trabalhar de madrugada é dose.
Ou:
- Tu entra às duas, né? Pouca gente trabalha nesse horário.
Ou:
- Portaria tem mesmo que funcionar 24 horas.

Então ele não resistiu. Enquanto eu esperava a minha carona chegar, escutando ele falar incessantemente, perguntou:
- Mas onde é mesmo que tu trabalha mesmo?

Respondi e vi, no rosto dele, como ficou aliviado com a resposta. Não é que as gurias estão certas? Tenho que me explicar, porque livres interpretações não me favorecem.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Luta vã *

Pára pensamento
Por que seguir?
Ou corre
Ou cai como chuva
Tanto faz
Nunca teve importância mesmo

Não, desculpa
Mentirosa
Fica e me distrai do sono
Preciso me entreter
Me distrai de tudo
E do nada também
Ah, esse vazio mortificante

Que fazer quando escorrego?
Água pesada e suja
Sapatos molhados
Medo dos passos a dar
Medo bobo, penso
Boba eu, acredito

Busco rimas em vão
Quem vai entender?
Palavras que se encaixam no papel
E se desencaixam na mente
E desencaixam tudo
São lembranças simplórias

Beijo com gosto do primeiro
Toque com a timidez de sempre
Paredes ansiosas por histórias
Corpo ansioso por suor
Como suportar?
É possível suportar?
Não na vida de hoje
Não. Nunca

Pára pensamento
Por que seguir?
Ou corre
Ou cai como chuva
Tanto faz
Um dia já teve importância




* É estranho como as palavras surgem de forma natural. E como se encaixam de forma estranha. Mas pra que conter a criação? Aviso, porém, que não há qualquer significado além dos que a minha mente formulou e duvido - sem questionar capacitações, apenas por uma questão intimista - que esse conjunto de frases faça sentido a mais alguém além de mim.

sábado, janeiro 07, 2006

O que faz um copy madrugadeiro

Vou tentar explicar minhas funções de copy madrugadeiro. Meu horário é das 2h às 8h da manhã e não fico na farra, não, fico solitária, dentro do prédio da Ipiranga, com apenas a telefonista no mesmo andar.
Viu, meninas? Não sou uma mulher da vida. Pobre de mim.
Defino minha função, superficialmente, em dois tópicos:

PROCURAR SANGUE
Fico ligando pra milhares de delegacias e postos da Polícia Rodoviária perguntando se coisas graves aconteceram. Por "coisa grave" entenda-se "morte". Mais de duas, se possível.

ACORDAR PESSOAS
Caso ocorram acidentes e/ou homicídios graves, com mais de duas vítimas ou em circunstâncias especiais, acordo o sobreaviso pra ele ir lá cobrir.
E acordo também o Marcos, que é o fotógrafo, pra ele ir fazer as fotos do ocorrido.

Mas tem outras coisas, também. Fico de olho na Globo e GloboNews, pra ver se acontece alguma coisa. Até agora não teve nenhum plantão. (Ah, eu tô na comunidade do Orkut "eu tenho medo do plantão da Globo".) Nos últimos dias, por exemplo, tenho esperado a morte do Sharon.
Também atendo às infinitas denúncias de leitores. Eles realmente acham que a imprensa pode resolver todos os problemas. E, de certa forma, resolve alguns.
Dias atrás uma mulher ligou avisando de um incêndio e dizendo que já tinha ligado pros Bombeiros, mas eles disseram que iam demorar por falta de carro. Uns dez minutos depois de eu ligar pros Bombeiros, dizendo que era da Zero Hora e perguntando por que nenhuma viatura tinha sido deslocada pra lá, três viaturas chegaram ao local.
É um medo de propaganda negativa que nem te conto.
Mas a vida de copy madrugadeiro é assim. Ligar pra lá e pra cá e ver se pessoas morreram e em que circunstâncias. Da última madruga saiu uma contracapa Zero Hora. Era a história do Cristiano Fischoder, 18 anos. Ele veio pra Porto Alegre comprar um violão com dinheiro economizado de seus prêmios de música e morreu na colisão do Escort dirigido pelo primo com uma árvore. Fiquei com medo de ligar pro fotógrafo, afinal, só tinha uma morte, não era nada grandioso (por favor, não me julguem fria, não sou, o que me atrapalha muito). Resolvi ligar pra chefe, que autorizou a ida. O carro tava todo destroçado, praticamente partido em dois.

É isso que faço.
Tirando os problemas com sono, é claro, trabalhar na madrugada é a melhor função que já tive no jornal.

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Pelo amor de Deus, me deixem dormir

Firme na madrugada e sem perspectiva de saída. Com um intervalo de duas semanas para minhas férias. (Quase não acredito que vou ter férias.)
Trabalhar no horário oposto ao da maioria das pessoas, praticamente sozinha, apenas eu e a telefonista na Zero Hora, não é o mais estranho. O mais estranho, mesmo, é não dormir durante a madrugada, o que desregula de tal forma o meu organismo, que tenho comido duas vezes ao dia e quase nada.
Fazer o quê? Se alguém tem que esperar o Sharon morrer, esse alguém sou eu.
O estado de sonolência é constante e ainda não consegui dormir mais de quatro horas seguidas. Acordo mais ou menos de uma em uma hora, com o celular tocando ou algum outro barulhinho.

Cara da mudança enquanto carregava caixas pro apartamento novo. Que, por sinal, é ótimo.
Thais bocejando: Que sono.
Cara carregando caixa: Peraí, sono? São nove da manhã.
Thais desmaiando: Eu trabalhei até as oito da manhã.
Cara impressionado: Ah.

Celular toca. É o sogro, que não conseguiu falar com o Rafa.
Thais acordando: Alô?
Sogro surpreso: Alô? Thais, te acordei?
Thais ainda acordando: Pois é, não tem problema.
Sogro muito surpreso: Mas tu tá dormindo? São dez da noite. Por que tu não tá trabalhando?
Thais paciente: É que agora eu trabalho de madrugada.
Sogro mais surpreso ainda: Que horas?
Thais dormindo novamente: Duas da manhã.
Sogro impressionado: Ah.

Toca o interfone. Dez da manhã. É o porteiro do novo prédio (uma das pessoas que mais demora pra falar que já conheci na vida. Muitos rodeios...)
Thais amaldiçoando o porteiro: Oi?
Porteiro com voz feliz: Oi, Thais, a síndica chegou, é melhor tu ir lá agora.
Thais perdendo a compustura: Agora não dá, eu tô tentando dormir.
Porteiro intrometido: A essa hora?
Thais indignada por se explicar ao porteiro: São dez da manhã e eu trabalhei até as oito.
Porteiro impressionado: Ah.

Todo mundo se impressiona.