sábado, maio 27, 2006

Mais um dia. Mais uma decisão daquelas.

sexta-feira, maio 26, 2006

Presenciando um assédio

Desço as escadas correndo pra não fazer a minha carona esperar. Mas a carona não chegou e tenho que ficar esperando - coisa que eu detesto. Enquanto o carro não chega, fico escutando a conversa que o porteiro da noite (aquele que está sempre dormindo quando eu chego de madrugada) tem com a minha vizinha (uma senhora com cerca de 70 anos muito meiga, mas bastante intrometida, que entrou na minha casa sem pedir licença pelo menos duas vezes).

VELHINHA: A minha neta não quis dormir aqui na minha casa hoje.
PORTEIRO: Ela dorme sempre aqui?
VELHINHA: Dorme quase sempre.
PORTEIRO: Eu nunca vi.
VELHINHA: É que ela chega de tarde e sai bem cedo de manhã. Não é no teu turno. Ela fica comigo pra eu não ficar sozinha (DEIXOU A BOLA QUICANDO).
PORTEIRO: Ah, mas eu entendo ela. No inverno é mesmo ruim a gente dormir fora da cama da gente. Pra dormir fora de casa com esse frio, só se a cama for melhor que a minha.
VELHINHA: É verdade...
PORTEIRO: No Motel Botafogo, por exemplo (DO NADA).
VELHINHA: Ôôôooolha...
PORTEIRO: Lá tem umas camas muito boas.

Graças a Deus, minha carona chegou.
A verdade é que já vi a velhinha conversando com o porteiro umas três vezes depois disso.

quinta-feira, maio 25, 2006

Tiradinhas de Voltaire

- É um torto na vida, respondeu o abade. Ganha a vida falando mal de todas as peças e de todos os livros. Odeia a todos que têm suceso, como os eunucos odeiam os potentes: é uma das serpentes da literatura que se nutrem de baixaria e de veneno. É um foliculário.
- O que você chama de foliculário?
- Um fazedor de folhas, um Fréron, disse o abade.

Profissão bem odiada essa minha...

terça-feira, maio 09, 2006

Sábado de manhã

Olho com cara de sono para o segurança.
- Não sei onde tá meu crachá, pode liberar aqui, pra mim?
Ele me observa, dá uma risadinha de canto de boca, me olha de cima a baixo, e deve ter notado que eu estava com a mesma roupa da noite anterior.
- Eu sei que tu quer que eu diga que tu não pode entrar sem crachá, pra que tu possa voltar pra casa e dormir a manhã inteira, cada hora de sono que deve estar faltando. Mas eu não vou fazer isso. Eu vou abrir. Tu vai entrar e passar o resto da manhã trabalhando.
- E parte da tarde.
- É.
- ... Porque a vida é isso mesmo.
- Exatamente.
- Bom dia pra ti, também.

Discurso

É muito bom escrever.
Nunca me canso de dizer isso.
Espero, também, nunca me cansar de fazer isso.
E realmente espero ser paga para escrever um dia.
Nada é garantido nesta vida. Nada.
São tempos difíceis.