sábado, setembro 30, 2006

Plantão pré-eleitoral

Foi o dia mais interessante dos últimos tempos na Zero Hora.
Primeiro por toda a comoção envolvendo o avião da Gol (que, por sinal, me fez lembrar na hora do meu cunhado piloto). Cento e cinqüenta e cinco pessoas morreram no pior acidente da história da aviação brasileira. Bem chocante o negócio.
Depois, por causa das ligações que atendi de eleitores e afins. Juro que é TUDO verdade.

O HOMEM DO TEMPO
- Zero Hora.
- Alô, eu gostaria de saber o número do Paulo Borges nas eleições.
- Minha senhora, eu não sei te dizer o número dele.
- Como assim? Ele não tá representando vocês nessa eleição? Como vocês não sabem o número dele?
- Minha senhora, por Deus, ele não me representa nessas eleições. A senhora sabe que ele teve que ser desvinculado da RBS para concorrer, não?
- Como assim?
- Ele não nos representa, senhora. Ele é um candidato que representa um partido, o PFL.
- Ah, tá. Mas qual é o número dele?
- Eu vou procurar pra senhora.
QUINZE MINUTOS DEPOIS
- O número dele é tal-tal-tal-tal-tal.
- Ah, obrigada minha filha. Olha, se tu vir ele por aí, pode dizer que a Rosane de Canoas votou nele.

O HOMEM DO TEMPO II
- Zero Hora
- Alô, eu gostaria de saber o número do Paulo Borges
- É tal-tal-tal-tal-tal.
- Obrigada. Manda uma boa sorte pra ele, por favor.

ALIENAÇÃO
- Zero Hora
- Alô. Olha, minha filha, eu sei que tu não tem culpa, mas é uma pouca vergonha o que vocês estão fazendo nessas eleições. Onde já se viu?! Ficam defendendo o PT o tempo todo. Aquele bando de mensalão (sic) e vocês nem colocam nada. Aquele Tarso tá falando na Gaúcha agora. Dizendo um monte de barbaridade, e vocês colocam tudo.
- O senhor sabe pra onde ligou?
- Sim, eu sei, pra Zero Hora.
- O senhor está reclamando que somos muito parciais e defendemos o PT?
- Sim, e pretendo cancelar a minha assinatura na segunda-feira.
- Eu vou passar a reclamação do senhor à Política e alguém entrará em contato com o senhor em breve, sem qualquer sombra de dúvida.

AH, QUE SAUDADE DA DITADURA
- Zero Hora
- Boa noite. Minha filha, preciso de um favor.
- Claro, a senhora pode falar.
- Quanto que foi o jogo do Grêmio hoje?
- Hoje não teve jogo do Grêmio, senhora.
- Ah, e teve jogo do Inter?
- Sim, teve. Ganhou de 3 a 2 do Paraná.
- Ah, que bom, minha filha. O Grêmio joga amanhã?
- Não, amanhã não tem rodada. Só teve jogo do Inter e do São Paulo hoje porque eles estavam com jogos atrasados, mas amanhã não tem nada por causa das eleições.
- Ah, mas que saco isso. Essas eleições só atrapalham. Tem aqueles horários eleitorais por semanas e depois chega o dia e nem futebol tem. Vou te dizer.

terça-feira, setembro 26, 2006

Então

Não vou votar.
E o debate da RBS foi um show de horrores.

terça-feira, setembro 12, 2006

Deve ser uma metáfora

Estou caminhando em uma rua qualquer. Meio escuro. Escurecendo.
Sou abordada por um homem. Ele quer me assaltar.
Tenho celular, um pouco de dinheiro, meu mp3 player na bolsa.
Mas ele pede o meu livro. E rouba o meu livro.
O título do livro? Padrões de manipulação da grande imprensa. Do Perseu Abramo. Muito bom, por sinal.
O ladrão se vai com o meu livro. Fico desorientada.
Daí, acordo.

sábado, setembro 02, 2006

Mais uma pra manhã de sábado

Não gosto de trabalhar de manhã. Pra mim, a manhã foi feita pra ser dormida e o dia só deveria começar com o almoço. Quis o destino que a minha faculdade fosse pela manhã.
Agora, sábado de manhã, estou trabalhando, e como o jornal fecha praticamente todo na sexta, não tenho quase nada pra fazer. Se alguma matéria cai, o pessoal fica na correria pra substituir. Mas, normalmente, não tem correria no sábado de manhã.
Hoje está sendo um sábado atípico, já que a Gaúcha está entrevistando o Alckmin. Ops, o Geraldo, Geraldo, me esqueço. Tem um certo movimento, até porque a Yeda veio junto. Yeda, Yeda mesmo, sem nome-fantasia. E tem um pessoal da Política da ZH entrevistando eles também.
Acontece que, por volta de 10h, tive que ir no bar comprar um expresso duplo e dois pães de queijo, porque eu já disse: detesto trabalhar de manhã. Comer pão de queijo pelo menos torna o período mais agradável.
Estou eu no bar e não encontro comandas da ZH, só do DG e da Gaúcha. Quando me debruço sobre o balcão para pedir à atendente, chega uma loura com a maquiagem mais do que carregada e estende o braço com uma garrafa térmica, sem falar nada. A atendente fica com cara de interrogação, não gosta do gesto. Ignora a mulher. Olha pra mim.
- O que tu queria mesmo?
- Comanda da Zero, tem por aí?
Ela se abaixa calmamente, pega um bloco das tais comandas e me entrega. A senhora super-maquiada está com uma cara impaciente e diz com sotaque paulista carregado.
- Pode encher de café?
A atendente faz tudo sem qualquer pressa. Pega a garrafa e pergunta:
- Quem vai pagar?
A loura diz quem vai pagar e a atendente não sabe quem é. Depois se lembra quem é e diz que a pessoa tem que vir assinar a comanda. A loura não gosta. Então, eu me meto.
- Serve o café aí. (E, como se fosse confidência, mas em bom tom) É pro presidenciável. Quem quer se indispor com ele?
A loura dá um sorriso amarelo. A atendente dá uma risadinha.
- Vai que ganha (...). Não, não ganha não.