quinta-feira, abril 24, 2008

No Beira-Rio

Primeiro tempo
Quando, aos três minutos de partida, o Paraná fez um gol, eu olhei pro Rafa e sugeri:
- Vamos embora?
- Calma, linda, calma, vai dar.
Sentei em cima do meu casaco vermelho, sentindo o peso da camisa colorada. Rezei brevemente e me levantei de novo.
Um. Dois. Três.
E ficou tudo igual.

Segundo tempo
Quando a meia bicicleta do Nilmar foi pra fora, e ele corria, corria (como corre aquele guri), mas não conseguia acertar uma, olhei de novo pro Rafa:
- Tem que tirar esse guri do time e mandar pra longe. Não faz nada que preste.
- Calma, linda, calma, o guri é bom.
E o Ricardo me mandou respirar.
O Inter fez outro gol. Bola na trave do Clemer. Desespero.
E o Nilmar sofre um pênalti. O Fernandão cobra.
E nós continuamos na Copa do Brasil, com toda bravura que nós é intrínseca.
E eu estava lá.

segunda-feira, abril 21, 2008

Foi assim

O corredor tava cheio de parafusos, porque o Rafa inventou de fazer limpeza e jogou pelo menos uns três gabinetes de computador no lixo, não antes de retirar as memórias (que ele nunca vai usar pra nada, aliás, mas resolveu guardar).
Resolvi varrer o chão.
Quando juntei todos os parafusos em um canto, encostei a vassoura na parede e me abaixei pra pegar a pá do lixo. Mas a vassoura não parou. O cabo bateu forte e, ao invés de ficar, voltou com força e me acertou atrás da orelha.
Está inchado e dolorido e, esta noite, tive febre.
Pretendo ir ao médico ainda hoje, pra que ele me receite um antiinflamatório, só não pensei ainda na mentira que vou contar. Assumir que sou boca-aberta e totalmente desastrada assim, naturalmente e desde sempre, não sei se rola.

terça-feira, abril 15, 2008

Saudade do Cassino

Para quem não conhece e, por isso, não sabe o que está perdendo, estão são fotos da minha praia natal. Se o Cassino já é lindo normalmente, que dirá pelas lentes do meu pai.


Navio naufragado na costa de Rio Grande é atração turística


Imagina ver isso com os pés na areia


A lua também é mais bonita quando não há prédios altos em volta

domingo, abril 06, 2008

Incêndios que cobri

Primeiro incêndio
Yara Fertilizantes, em Porto Alegre
Domingo de Páscoa, dia 22 de março


Thais correndo na freeway para conseguir alcançar a empresa Yara, de fertilizantes, que em chamas formou uma fumaça visível do Centro de Porto Alegre, enquanto o carro do jornal segue com o fotógrafo em busca do melhor ângulo. Chego na barreira policial, mostro o crachá e digo:
- Jornal Zero Hora.
Ao que o brigadiano grita:
- Pode passar.
E, olhando pro outro brigadiano, faz um adorável comentário:
- Só deixa passar a imprensa, porque tem risco de explodir.
E eu sigo caminhado, é claro. Se alguém tiver de explodir, que seja a imprensa, não?

Segundo incêndio
Pontal de Santo Antônio, em Tapes
Sábado, dia 5 de abril


Observei a 15km de distância uma coluna de fumaça que mais parecia uma nuvem, depois de ter percorrido os 103km que separam Porto Alegre do município de Tapes, próximo de Camaquã, ao Sul do Estado. Procurando pessoas na volta para conversar sobre o fogo, que já durava uma semana, encontro um senhor de 83 anos que me olha meio constrangido antes de dizer que cancelou a assinatura da Zero Hora e agora é assinante do Correio do Povo. Eu digo que tudo bem, mas que ele vai sentir falta do jornal. Ele ri, ainda constrangido.
- Há quanto tempo está queimando, o senhor sabe?
- Faz dias.
- E o que o senhor acha de nenhuma autoridade tentar controlá-lo?
- O que falta no país é segurança mesmo. E educação.
- Segurança ambiental, para conter o incêndio?
- Ah, o incêndio? Deve ter sido um pescador fazendo churrasco.