quinta-feira, maio 19, 2005

Baleada, violada e com defeito

Cheguei no trabalho um pouco adiantada, resolvi ler a Zero Hora. Queria saber mais um pouco sobre o acontecimento no Restinga. Duas mortes, aparentemente sem razão (página 43).
Todo dia eu pego o ônibus com pressa, sento em um banco qualquer e nem me passa a mente que aquela pessoa, ao meu lado, pode estar pensando em se matar, ou matar alguém, ou ambos. Só quero chegar ao meu destino rápido, até porque ônibus me deixam tonta, mas isso é outra história.
Alguém pensou nisso ontem. Alguém acordou atrasado e pegou a linha rápida, pra chegar o quanto antes. Entrou no ônibus e, depois de 50 minutos, tendo a Redenção como paisagem, presenciou a cena de um homem atirando três vezes contra uma mulher. Duas balas seriam suficientes, pois ela já tinha caído morta, mas ele atirou a terceira. Pra garantir a morte, talvez. O que dá mais frieza ao caso. Então mirou contra sua cabeça e puxou o gatilho. Acabou com todo o sofrimento. Se matou.
As pessoas pulavam das janelas, apavoradas, por que é esse o instinto do ser humano: fugir quando dá medo. O motorista parou como pôde e também saiu correndo. Um bando de pessoas fugiu, cada um provavelmente agradecendo o fato de a arma não ter sido apontada pra si. Quem pode culpá-los?
Acabou. Pra ele e pra ela. Mais pra ela, porque ele pôde decidir quando ia acabar. Não sei os motivos e nem me importa. Nenhum motivo vai me ser o bastante.

Outra página.
Uma criança de dez anos deu à luz (página 39). Isso mesmo. Dez anos. Eu tenho 21 e nem imagino quando poderei pensar em ter um filho. E uma criança de dez anos já tem. Fruto de um relacionamento de três com um homem bem mais velho. Eu só queria saber o que leva um homem de 20 anos a se relacionar com uma criança de sete. Eu queria entender como alguém pode sentir algum tipo de desejo ou vontade por uma criança. Pra mim isso é doença, tem que ser tratado.
Um homem que, há dez anos, devia gostar de brincar e correr, e talvez jogasse futebol. E que provavelmente odiava as meninas, porque todo menino tem aquela fase de odiar as meninas, até descobrir como elas podem ser interessantes. Mas ela se tornam interessantes aos 12 ou 13, pra meninos de 14 ou 15. Pra mim, 12 anos ainda é cedo, mas vá lá, as gurias amadurecem cedo hoje, mesmo. Esse
menino cresceu e virou homem, mas continuou a gostar de meninas.
Uma menina, que nos últimos três anos foi mulher, agora é mãe.
A menina com seu filho. Uma criança cuidando de outra criança.
Me perdõem o chavão. Esse tipo de coisa me deixa sem palavras mesmo.

Chega.
Vou ler sobre a granada defeituosa que jogaram no Bush (página 32).

Nenhum comentário: