domingo, maio 15, 2005

Segura com lapsos de insegurança ou insegura com lapsos de segurança?

* Peço perdão. antecipadamente, por essa fase em que me vem a mente, sempre, falar sobre amor. Não que seja uma coisa ruim. Acho que um domingo de noite, trabalhando, me faz sozinha o suficiente pra escrever isso...

Sempre me considerei uma pessoa segura. Na verdade, uma pessoa madura o suficiente pra se sentir segura.
Quando passei pra Direito na Furg – tão pertinho de casa, apenas quinze minutinhos no ônibus da Noiva do Mar – e passei pra Jornalismo na Ufrgs – tão mais longe –, nem hesitei. Era aquilo que eu queria. Mudei de ares e de vida. Fiz o que ninguém na minha família tinha feito: fui cursar a faculdade longe de casa. Uma criança cuidando de si.
Na minha primeira semana em Porto Alegre, muitas certezas se esvairam. Terminei um namoro de dois anos e oito meses. De súbito. Não era mais aquilo que eu queria pra mim, e a nova mulher só fazia o que queria.
E quis apostar em uma relação que já estava fadada ao fracasso. Mas tanto faz, eu apostei! E vivi a época de maior insegurança na minha vida. Bom, e fracassou.
Fui amadurecendo até me tornar o mais independente possível. A ponto de ficar um dia todo sozinha em casa e achar bom, a ponto de ir ao cinema sozinha sem nenhuma neura (e isso eu considero uma conquista pessoal). A ponto de me virar muito bem sozinha.
Sozinha. SOZINHA. Palavra que pesa.
Mas pra mim, por um tempo, não pesou. Foi nesse tempo que decidi abolir relacionamentos. Chega! Não quero mais saber de namoros e de sofrimentos. Afinal, que relacionamento não leva ao sofrimento? Daqui pra frente vou ser moderna, sem apegos sentimentais e sem planos que incluam casa na praia e filhos. Uma mulher moderna, pudera, em pleno século vinte e um.
Até que me apaixonei e as convicções... Ah, as convicções... Aliás, que convicções?
E voltei a ser uma mulher insegura. Ainda consigo ir no cinema sozinha, mas os motivos já perderam sua razão de ser... Por que ir sozinha se a companhia tá disponível, ali, e é a melhor?
Me lembro da primeira vez que li que as pessoas tendem a ficar juntas por um instinto de ter companhia, socializar. Fiquei triste. Fiquei pensando se toda vez que olhei pra alguém com uma vontade de tê-lo, tinha sido por causa de um bando de processos químicos na minha mente que me coibiam a isso. Como se eu não tivesse domínio sobre as minhas ações. Uma sensação de impotência perante o amor.
Ontem, pensando sobre isso numa tarde atípica, descobri que a gente não rala pra encontrar alguém, quando é legal, mas alguém, isso sim, rala pra nos achar. Pode ser que demore, quem sabe? Pode ser que não. E entendi porque sempre odiei joguinhos do tipo "não-vou-ligar-pra-ela-não-achar-que-estou-na-mão". Uma ligação pode ser a diferença naquele que eu quero ter pra mim.
A tendência à união existe. É mais forte. Mas nem por isso a gente perde a seletividade.
Conversando com uma amiga, escutei: "tá chegando o inverno e eu tô apertando sem namorado". Não é só o inverno que tá chegando, é o tempo que tá passando. O frio se juntando à solidão. E a solidão se aguçando tal qual aumenta o número de bocas que se tocam sem qualquer sentimento.
Posso até me sentir mais insegura. Mas sou mais feliz sem a superficialidade dos relacionamentos que acabam em uma noite. Que morrem na espera de uma ligação. A insegurança não me torna menos, apenas deixa mais evidente que existem pessoas na minha vida que fazem diferença. E que a vida sem elas seria menos empolgante. Fico insegura pela saúde dos meus pais, pelo sucesso das minhas irmãs, por mim, por ele.
Quem tem segurança o tempo inteiro, não ama.

4 comentários:

Anônimo disse...

Linda, eu fui a primeira pessoa a ler este texto (depois de ti, claro), né?? Repito que gostei muito, pois é saído do coração, com certeza. Coisas sensíveis me emocionam, pelo visto você também. Um beijo.

Anônimo disse...

Oi, Lindinha! Muito bom o texto... Saudades de dar aquelas passadinhas na redação pra conversar com o 'Auxivix Nova Geração' e ler os textos da galera. Tenho, pelo menos, uma ótima companhia na madruga: eu mesmo! heheheheh. Ah, yo he conocido la Patricia (cerveja uruguaia)! Besos, guapa!
PR

Anônimo disse...

tata
lindo teu texto, senti teu coração nele!
bjos amiga!!!
Fly

Raquel Hirai disse...

Abaixo a efemeridade! Vamos amar e ser amadas! Ai ai... Lembrou muito o meu trabalho de psicologia e a questão da impressão de "falsa fusão" dos relacionamentos modernos.
Beijos, amiga! Ame!!!