domingo, julho 31, 2005

Continuem, por favor

Há um ano, estava sem fazer nada de útil no computador. Férias em Rio Grande. Resolvi criar um blog. Comecei a catar sites de blog e, no site www.blogger.com, parecia muito fácil.
Blog in 3 simple steps. Creates an account. Creates a name for blog. Choice a model.
Fui seguindo os passos. Criei uma conta, o meu login. Escolhi o nome. Escolhi um template que, aliás, já foi trocado.
Comecei a escrever e, tenho autoridade para dizer, escrevi alguma coisa de bom, muita coisa de ruim e bobagens o suficiente. Mas um grupo de pessoas se manteve fiel às leituras dessas coisas boas e ruins. E até fiel às bobagens.
Só posso agradecer. E espero continuar enchendo essa página de palavras. Ao menos enquanto me couber coragem para tanto.

Peleja*

* Briga, luta, combate, confronto, disputa, rixa, contenda, dissensão, desavença, quebra de boas relações (essa é a melhor).
Outras significações, mais específicas, as quais se adequam perfeitamente em situações por mim vividas:
1. Acontecimento embasado na irritação completa, fundamentada em um acúmulo de problemas aparentemente insolucionáveis.
2. Produto de frases mal ditas, fato agravado pela ingestão alcóolica exagerada, somado à crença de que a vida é tão problemática - chegou a um ponto tão exaltado de insatisfação -, que nem vale à pena lutar pelo conserto.
3. Resultado de sonhos destruídos e místicas desfeitas. Tanto que há uma perda generalizada de sentido. Tudo é pequeno perto do irremediável. E a busca por solução é de tal forma tortuosa, que massacra lentamente. E o silêncio conforta uma vida desmotivada.
4. Nada. Bobagem pura. Foda é o dia seguinte.

quinta-feira, julho 28, 2005

Olhando além

Andar pelas ruas de Porto Alegre pode ser interessante. Vagar por aí, olhando desconhecidos e tentando pensar como devem ser suas vidas. Desde que me mudei pra cá, me tornei uma pessoa mais, digamos, observadora.
Hoje, por exemplo, ao atravessar uma daquelas pontezinhas que têm sobre o Dilúvio, vi uma mulher batendo em uma criança que estava segurando com força a grade, dizendo que queria pular. Uma suicida de seis anos. A mulher disse "tu não sabe nadar, guria". E a menina olhou pra ela, assentiu com a cabeça. "Não sei mesmo", e seguiu caminhando. A mulher tinha um rosto sofrido.
Assim como uma outra, que vi na parada de ônibus, há uns três meses, também tinha o rosto sofrido. Ela estava, cercada de umas quatro crianças e brincava com um bebê, que trazia no colo. Ao se dirigir a uma das filhas, bem novinha, acho que uns quatro anos, no máximo, disse assim: "faz alguma coisa pela vida, fulana". "Faz alguma coisa pela vida"? O que é isso? Ela que fizesse "algo pela vida". Uma ligação de trompas, quem sabe? Contraditório, eu sei.
Olhar as pessoas e tentar ver seus passados. Seus erros, suas falhas. Criar histórias.
Aquele homem com cara de bonzinho pode ser um pedófilo. Isso. Ontem mesmo ele abusou do filho pequeno e, hoje, tava olhando estranho pro filho da vizinha. Aquela mulher com roupas vulgares pode ser uma ex-prostituta, com quem um imbecil qualquer resolveu casar, mas que trai ele só por prazer. Aquele cara bonito que olha faminto pra qualquer decote pode ser, na verdade, um gay que ainda não se assumiu e está lutando veementemente contra seus impulsos homossexuais.
Quebro a cabeça tentando imaginar histórias interessantes por trás de pessoas totalmente desinteressantes. Nem todo mundo é o que parece. Eu mesma, não sou uma Poliana.

quarta-feira, julho 20, 2005

De lá pra cá

Quando vejo o presidente Lula na TV, não o reconheço. A roupa bem passada, o terno bem feito, a barba bem feita também.
Me corrói a dúvida: a reconstrução da imagem reconstruiu todas as ideologias? Será?
Daí penso que, quando era pequena, já dividi o palanque com esse mesmo Lula. Na época com calça jeans, camisa de manga curta e barba muito da mal feita. Não que eu me lembre direitinho, mas não é isso que todos gritam sempre? Da calça jeans pro terno caro?
O que lembro é que a luta era mais bonita.
Já dividi o palanque com o Lula, nos meus primeiros anos. Era o sonho do meu tio me tornar uma criança politizada.
E lembro que, um dia, também dividi algumas ideologias com ele. Hoje nem sei mais.

domingo, julho 17, 2005

Unplugged ontem

Tinha champagne liberado.
Tinha sushi e outros salgados também liberados.
Tinha, até, caipirinha de morango e de kiwi liberados.
E, pra melhorar, eu ainda ganhei 30 reais de consumação.
Preciso explicar por que eu tô tonta até agora?
Sim, sim, o duo Thais/Ressel de aniversário funciona muito bem - não nos esqueçamos do Barbazul no ano passado.
No aguardo pelas fotos...

segunda-feira, julho 11, 2005

Lima e Silva Globalizada*

* No sentido Global da palavra...

Saí do jornal faltava pouco pra meia-noite. Estávamos eu, o motorista e uma moça do Diário Gaúcho. Primeiro o motorista levou essa moça. Ela ficou no cemitério João XXIII, porque tinha um velório da vó de um amigo. Pulei pro banco da frente. (Os motistas da empresa não gostam que a gente fique atrás, como se eles fossem os motoristas... Dúbio, não?).
Seguimos pela Azenha e páramos na esquina com a Ipiranga, porque o sinal tava fechado. Foi quando encostou uma camionete preta do meu lado, que tava na Parati branca com a cara do David Coimbra estampada. O motorista da camionete começou a abaixar o vidro lentamente e avisou que a porta traseira estava aberta.
"Bah, certo que fui eu na troca de lugar no cemitério".
E fez uma brincadeirinha do tipo: "e esse jornal, continua o melhor do estado?". Risadinhas.
Após a porta devidamente fechada e o sinal devidamente aberto, arrancamos, .O motorista me disse que aquele era o Ayala, um comediante que sempre aparece com o Paulo Borges na previsão do tempo do Bom Dia, Rio Grande. Nem reconheci.
Seguimos o rumo dobrando na Ipiranga e depois tomando a Lima e Silva. O motorista queria passar na frente da casa dele pra me mostrar como era perto da Zero Hora. E era mesmo. 5 minutos a pé. Ele tava contado a vida dele e falando porque tinha saído da TV e pedido o jornal. Os horários são melhores e ele vai a pé trabalhar. "Nem tiro o carro da garagem".
Bom, que seja. Seguimos pela Lima e Silva, quando a camionete encostou novamente na Parati. Dessa vez pelo lado do motorista. Foi quando o passageiro do outro carro começou a baixar o vidro bem devagar. E o motorista, que senso de humor aguçado, gritou:
– Tá de namorado novo, Ayala.
O vidro desceu totalmente e quem estava sentado no banco do passageiro era o Nelson da Capitinga. Bom, não era o personagem, era o ator Pedro Bismarck. Foi muito estranho ver o carinha que eu assistia na Escolinha do Professor Raimundo quando era pequena bem na minha frente.
Quando a camionete preta dobrou na República e a gente seguiu, começamos a rir na hora. O Nelson da Capitinga no meio da Lima e Silva. Que mais pode acontecer?

quarta-feira, julho 06, 2005

Considerações sobre o Mundo Virtual

1. As pessoas de Comunicação, em especial os 2003/2, descobriram a discussão por e-mail, nesse último semestre. E estão se aperfeiçoando de tal forma que abrir os e-mails se tornou um momento de angústia. Tenha muito cuidado com frases mal escritas.
2. Nunca soube me expressar muito bem por e-mail, por isso uso o artifício do "hehehe". O que quer dizer? Nem mesmo eu sei. Acho que é uma expressão comumente usada para "quebrar o gelo" (outra expressão comumente usada) depois que alguma frase idiota é dita.
3. Eu fico online no MSN o dia inteiro e, cara-de-pau, reclamo que trabalho muito.
4. Eu ainda não sei colocar fotos no meu blog.
5. A minha fotinho já está aparecendo no Orkut dos meus amigos, afinal, só faltam seis dias. Desculpas por esquecimento são quase recusáveis.

segunda-feira, julho 04, 2005

Metáforas

Verão, um dia em que nem tinha muito sol. Tomava banho de mar. De algum jeito - que eu já tentei explicar várias vezes e, acho, nunca fui bem sucedida - o mar me faz um bem danado. Cresci na beira do mar. Passava meus finais de semana e férias todos no Cassino. Estou muito acostumada com a força da água.
Naquele dia, pela primeira vez, tive medo dessa força.
Estava no primeiro banco e resolvi nadar até o segundo. O intervalo entre os dois é de uns vinte metros e a profundidade é de dois e meio. Já fiz isso várias vezes, sem nenhum problema. Fiz natação quando era pequena e nado direitinho. Mas, naquele dia, o mar tava forte demais.
A gente não pode subestimar o mar, minha filha. Tu podes ver que é muito mais fácil um surfista morrer afogado, que tá acostumado, do que uma pessoa comum. Porque o surfista acha que sabe mais do que sabe. Meu pai me diz mais ou menos isso seguido. Ele nadava bastante quando era mais novo. E tem uma relação muito forte com o mar... Pesca, até competia, e faz maquetes de barcos. Acho que foi dele que puxei esse gosto.
Em dias de inverno, lembro que eu e a Lara nos sentávamos na areia, no fim de tarde, olhando o mar. O silêncio durava bastante, mas não incomodava nenhuma de nós. O barulho das ondas quebra qualquer silêncio.
Naquele dia de janeiro, tentava ir de um banco para outro, com toda empáfia que me é capaz. Mas o mar tava forte, repuxava. Quando nadava dois metros, volta um e meio com a força da onda. E engolia muita água. Comecei a ficar com medo. Comecei a perder as forças nas pernas. E a força nos braços.
Precisei de ajuda pra sair.
Fico pensando como as coisas que parecem fáceis podem ser tornar difíceis de um minuto pro outro. Me senti assim, em Rio Grande, nesse fim-de-semana. Tão acostumada a ir embora. A entrar no ônibus e seguir adiante. Tão acostumada. Agora tenho um pouco de receio de partir, mesmo com um sorriso terno me esperando ansioso na rodoviária.
Tenho medo e não sei o porquê. Talvez seja a força das circunstâncias - me fazendo sair - contra a força do mar - me fazendo voltar.