segunda-feira, setembro 10, 2007

Experiência antropólogica na festa dos 50 anos da firma (*)

Então a RBS fez 50 anos e teve festa. Todo mundo reunido na Fiergs com comida e bebida liberadas e show do Jota Quest, que canta uma música que eu gosto muito, mas que (óbvio) não é originalmente dele. Meus pés doem no meu maravilhoso sapato vermelho, que vale cada centavo do que paguei pela beleza, mas deixa muito a desejar no quesito conforto. Então me sento em uma espécie de sofá. São vários deles espalhados pelo salão. São redondos e cabem umas seis pessoas. Este estava vazio bem em frente a um dos bares. Daí a Caramello foi buscar alguma coisa pra beber e eu me sentei para dar um descanso aos meus pés. Quando sentei, uma mulher bem gorda e bem preta sentou do meu lado. Cheguei a pular no sofá com a onda que se formou. Ela notou e abriu um dos maiores sorrisos que já vi na vida. Ia de lado a lado no rosto. Eu dei um sorriso, em retribuição, que foi substituído por uma cara de sofrimento involuntário, culpa do sapato. Ela me pergunta:
- Sapato novo?
- Humrum.
- Tem que usar antes de sair, pra acostumar. Não pode estreiar em festa.
- Pois é.
- [risadas]
- Trabalha onde?
- Sou jornaleira.
- Ah, que ponto?
- Na Salgado com a Marechal Deodoro.
- Ah.
- Tu é da Zero Hora, não?
- Sou.
A Caramello chega, me despeço e vou pro meio do salão.

(*) Na festa dos 50 anos da RBS só entravam funcionários - no total, 5.721 convidados. Nem todos foram. As mulheres receberam blusas iguais e os homens também receberam camisas iguais. Só algumas cores eram diferentes, poucas variações. Estavam todos, jornaleiros e jornalistas, essencialmente iguais.

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