quinta-feira, novembro 18, 2004

Trabalhadora

Já adianto: não perca seu tempo, pois este é um relato totalmente pessoal, mais do que qualquer outro que já escrevi. Na verdade é um desabafo, sobre como eu sou infantil em momentos críticos, e sobre como eu descobri que poderia me sentir ainda mais sozinha do que já sentia antes.

Dia 16 de novembro vai ficar marcado na minha memória como o dia que foi do feliz pro infeliz, e voltou pro feliz, mais rápido em toda a minha vida. Um dia de extremos... De riso e de choro. De gargalhadas e de soluços...

12:30

- Alô.
- Alô.
- Oi, Thais, aqui é a Thais (coincidência, não?) da RBS, eu tô te ligando pra falar sobre a tua admissão na Zero Hora.
Felicidade! Finalmente a ligação.

14:30

- Então, essa é a lista dos documentos que tu tem que conseguir pra me trazer amanhã de manhã.
- Eu não tenho a Carteira de Trabalho.
- Corre pra tirar e me traz o protocolo de que tu tá fazendo ela, que serve.

14:35 - 16:50

Tirei foto, ficou horrível. Eu pareço uma fugida da Febem, ou uma drogada, com cabelo gigante e uma franja caída na cara dando aquele look nada bonito. Nada, mesmo.
Quando cheguei no Tudo Fácil, descobri que precisava de um documento do PIS que comprovasse que eu nunca trabalhei. Fui até o Ministério da Fazenda pra pegar o tal documento. Eles entregaram na hora. Bem rápido. E eu resolvi, então, fazer a Carteira lá mesmo, porque podia ser feito lá também.

Tudo encaminhado, protocolo em mãos, estou andando pela Salgado Filho, indo pegar o Orfanotrófio e meu celular toca. Entrei em uma sapataria pra não atender na rua. Sei lá, é perigoso!
- Alô, Thais, seguinte, infelizmente eu vou ter que cancelar contigo porque eu achei que tu já tinha a Carteira pronta, e como a vaga tem que ser preenchida com urgência, não vai dar pra esperar.
- Espera, tem que ter algum jeito...

Liguei pro meu pai, não sabia bem o que fazer e algumas lágrimas já teimavam em rolar pelo meu rosto. Bobinha.
Voltei correndo pro Ministério da Fazenda, peguei o crachá de novo e voltei pra fila. E a fila não andava. Liguei pro Rafa, já chorando, e ele disse que ia tentar ver o que fazia. Mas não tinha nada a ser feito. E a Thais ligou de novo:
- Desculpa, querida, mas não dá pra esperar mesmo, fica pra uma próxima...

E tudo foi escorregando pelo ralo. Todo meu esforço naquela prova e naquela entrevista, toda a minha vontade de trabalhar em uma redação grande, um trabalho de verdade. E, quem sabe, crescer lá dentro e...

Saí da fila, desci as escadas em um choro silencioso e fui até a Recepção.
- A senhora pode me dizer onde fica o banheiro?
- O que 'cê tem moça?
- ...
- Moça? O que 'cê tem?
Frase mágica. Desabei. Foi horrível.
- (entre soluços) Eu consegui um emprego que eu tava esperando há um mês a ligação, mas como eu não tenho a Carteira de Trabalho, eles me dispensaram.
Chorei mais do que quando o meu último namoro terminou. Bem mais.
- Calma, moça, a gente vai dar um jeito.

E a senhora magrinha da Recepção, com cabelos curtos e de quem não sei o nome, me levou pelas escadas até uma sala, me deu um copo d'água e chamou uma outra senhora, uma gordinha que falava castelhano.
- Ela precisa da Carteira pra hoje, ou vai perder o trabalho.
- Espera que eu vou ver o que eu faço. Fica calma, menina, chorar não adianta nada.
- Eu sei, mas...
- Senta ali e espera.

15 minutos depois:

- Thais, assina aqui.
Assinei.
- A tua Carteira.
E eu me abracei no cara, que ficou sem ação, meio surpreendido pelo meu gesto exagerado. E saí feliz com a minha Carteira.

Liguei pra Thais da RBS e avisei que já tava com a Carteira.
- Que bom! E o comprovante de residência, deu tudo certo?
- Claro!
Eu que não ia dizer que não.
- Mônica, preciso de um comprovante de residência...

16:50

Estava sentada na lotação (sim, eu estava em uma lotação, eu merecia depois de tudo!) fui mexer na minha documentação e... Cadê?

- Moço, pára por favor que eu esqueci uns documentos muito importantes
em um lugar.

Quando cheguei no Ministério da Fazenda, correndo e com uma cara de desesperada, a Castelhana riu de mim e me pediu pra entrar na sala, pra ela me apresentar pra todo mundo e todo mundo ver a menina que chorou e esqueceu os documentos.
- Bah, gente, valeu, tem uma dedicatória certa pra vocês no meu primeiro livro.

17:10

Peguei a lotação de novo.
Mais dois dias no O Sul.

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A correria valeu à pena. Já tá tudo ok.
E hoje peguei um elevador com o Ruy Carlos Ostermann.

6 comentários:

Gilberto Consoni disse...

E aih guria, bah que sufoco heim menina. Só tu mesmo, já vi que continua a mesma atrapalhada, mas batalhadora também. Beijão e boa sorte no teu novo trabalho, sucesso.

luís felipe disse...

mas como eu fui perder esse emocionante relato?!? Sério, muito bom! Que sorte que deu tudo certo! Com uma determinação dessas tu vai longe, menina.

Anônimo disse...

bah guria...olha faz uns dias q nao te vejo heim.
e tantas coisas acontecendo contigo!! affff
vamos nos ver por favor!!
bjuuu
:*
Fe

Anônimo disse...

bah! q jornada hein... depois dessa tu é minha ídola! hehehe
bjo
Léo

Anônimo disse...

Tudo isso valeu a pena, né? Aliás, esqueci de comentar que estávamos feito um par de vaso no domingo: o setor tava bem amarelo! hahahhhah
Beijão, Auxi da Manhã!

Anônimo disse...

Esqueci de assinar o post...to acostumado com o HaloScan.
Beijão do "representante masculino do Auxivix", PR!