sábado, abril 09, 2005

"Tudo bem"

Pensando sobre relacionamentos...
Uma frase: "TUDO BEM".
Fora do contexto não significa quase nada, mas eu tô me referindo a essa frase na voz de Jim Carrey no filme "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças".
Quando eu vi esse filme, estava passando por um período de incertezas. A idéia de que pode valer à pena, não importa o fim, me deixou confusa. Agora que a vida tá um pouco mais estável (um pouco, não totalmente, graças a Deus) eu parei pra pensar na frase novamente.

É inquietante perceber que o final é imprevisível, que o que sentimos agora pode, simplesmente, passar um dia desses. Ou pior, pode continuar pra gente e passar pro outro.
Na verdade, pra mim é amedrontante pensar que não importam as palavras, ou as juras, a mente do outro sempre vai ser um mistério. E a hora em que as coisas vão fazer sentido, ou vão deixar de fazer sentido, não está sob o meu controle.
E se daqui a algum tempo eu achar que nada valeu a pena, será que vai ser mais fácil? Nesse dia, espero ter maturidade suficiente para aceitar que se pudesse escolher entre passar por tudo de novo - ser feliz e infeliz, rir muito e chorar muito - ou ter uma vida medíocre, sem dor e sem emoção, escolheria VIVER.

Me lembro que vi no Fantástico, uma vez, um casal de mais de 70 anos, juntos há 50, que estava se divorciando. A repórter perguntou:
- Por quê?
- Porque agora chegou a hora -, disse a velhinha.

Será que a hora vai chegar na semana que vem, ou daqui a 50 anos?
Será que a hora vai chegar?
Será que todo conto da fadas acaba em "felizes para sempre" ou o ponto final vai, irremediavelmente, ser dolorido.
Enquanto isso, carpe diem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que há de alguém confessar que valha ou que sirva? O que nos sucedeu, ou sucedeu a toda a gente ou só a nós; num caso não é novidade, e no outro não é de compreender. Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir. O que confesso não tem importância, pois nada tem importância. Faço paisagens com o que sinto. Faço férias das sensações.
Fernando Pessoa - Livro do Desassossego de Bernardo Soares

Téspio