terça-feira, agosto 03, 2004

A "Certinha"

Nesse último semestre, um dos temas das redações do Seben era criar um texto como se fosse alguém muito diferente, adquirindo a linguagem e tal. Nunca me esqueço que tava no Dacom pensando sobre por quem me passaria, quando o Seben chegou. Eu falei pra ele que tava na dúvida sobre o que fazer e ele me disse pra fazer uma vadia. Eu perguntei "por quê?" e ele disse: "quem é a pessoa mais certinha da Fabico?".
Ok, eu sei que era um contexto bem diferente do de agora (namorado = menos festas), mas eu acho que ainda continuo com esse estigma... E, na verdade, tô bem cansada desse estigma, lido com ele há 21 anos!
O que eu tenho que fazer pra não ser chamada de certinha?
Tomar um porre e pagar um baita vale? Feito.
Tantas outras coisas que eu já fiz e foram tão desnecessárias... Não dar o devido valor a quem gostava de mim, brincar com o sentimento dos outros por pura imaturidade, correr atrás de pessoas pras quais eu não tinha nenhum valor... Eu já sofri tanto com meus erros que, acho até, queria ter sido mais vezes a "certinha".
Não tenho culpa se acordo de bom-humor; se tento não julgar as pessoas por uma ou duas ações; se acredito, ainda que quase nunca admita isso, em mudanças; se tenho um relacionamento ótimo com meus pais; se sei ouvir críticas; e se me entrego profundamente quando tô apaixonada (sem fazer a mínima questão de esconder dos outros isso, o que me rendeu até o apelido de "miss apaixonadinha").
Algumas coisas eu não faço não por ser "certinha", mas por uma questão de valores... Como trair, mentir, fingir ou fazer sexo sem amor. Nem quero mudar... Se meus valores e minhas convicções me tornam a "certinha", o que posso fazer? Um dia vou acabar aprendendo a lidar com esse estigma...

7 comentários:

luís felipe disse...

pense positivo: se estivéssemos no século XIX, tu seria uma mulher solteira morando sozinha em porto alegre, estudante, longe dos pais, ou seja, uma vadia.

não te importe muito com os que os outros pensam a não ser que seja pro teu bem.

Anônimo disse...

Qual o problema de ser a certinha? Por incrível que pareça, eu já fui certinha. Já fui certinha, já fui a "popular", já fui a mandona, a namorada pentelha, a bebum,e assim por diante... E ai? Eu nem sei mais do que me chamam hoje, mas também não estou muito interessada, o importante é eu estar feliz. Ah, geralmente, os estigmas não têm muito a ver com as atitudes de fato, mas com a postura.

Anônimo disse...

Esqueci de identificar-me
Renata

Anônimo disse...

Poxa, será que naum fomos irmãs numa outra encarnação?
E estranho isso né... Às vezes ser "certinha" demais cansa a gente, mas enlouquecer como? jogando fora tudo akilo em que se acredita? E é difícil encontrar um meio termo... Mas tentando encontrar a gente se diverte pra caramba... Acho que eu, no fim das contas acabei cansando de tanto cansar. Tipo, descansa, minina... descansa e seja tu mesma, que o resto vem junto.

Frau Bersch disse...

Ups. Não assinei.
Judite.

Raquel Hirai disse...

Tive que achar graça da "miss apaixonadinha" que rendeu tantos risos há uns meses atrás! Lembrei, também, da acirrada discussão do RU que eu tomei em tua defesa! (amigas são para essas coisas)

Anônimo disse...

(Nessa): Tive que ler esse teu texto... Gostei muito dele, sabia? Eu também já fui certinha, por muito muito tempo, até. Não, não foi a Fabico que me mudou (não inteiramente). Só te digo uma coisa, por te entender perfeitamente e por te conhecer já o bastante: não te incomoda tanto com isso. É tu, e daí? Quer saber? Eu adorei tudo o que tu escreveu e adoro como tu és! continua certinha sim, que coisa!