sábado, outubro 02, 2004

Ao pé do ouvido

Tava lendo um post, no blog da Flávia, falando de vozes. Isso, vozes em geral. E quis muito escrever minha opinião. A voz, e todo o contexto de balbúcias e sussuros, define a pessoa. O jeito de pronunciar as palavras. O jeito que move os lábios. O jeito como consegue ser doce, e ríspida, e triste, e enlouquecida... As sensações que causa.
O modo como me chama, ou me exige. A capacidade de transmitir - em palavras - vontades. A forma como, com apenas um suspiro, faz tremer.
Sons, em geral, viciantes. Acho que por algum tipo de reação química, ou biológica, ou (melhor ainda) física.
Muitas das lembranças românticas que tenho são diretamente ligadas a algo que ouvi. A primeira vez que tal disse "eu te amo" - e eu, tola, acreditei. A primeira vez que fulano me chamou de "linda" - e eu, ingênua, me envaideci. A primeira vez que ciclano cantou uma música pra mim - pouco importa as desafinações.
Ás vezes posso fechar os olhos e escutar o mesmo som, e sentir a mesma sensação. Bom, não a mesma, mas uma bem parecida. Pela marca que deixou. Pela marca maravilhosa que deixou nesse meu coração apaixonado.
A voz é decisiva para vontade de beijar. Como se beijando, de alguma forma, eu fosse estar mais perto, mais dentro. Como se fosse só meu aquele som, e enquanto eu quisesse ninguém mais pudesse ouvi-lo. Como se eu tivesse algum poder. Boba.
É difícil entender essas taras que a gente simplesmente tem. Só sei que eu gosto muito do som das palavras que saem daquela boca...

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