quinta-feira, setembro 09, 2004

Coragem

Eu estava sentada na borda da minha cama, receosa. Ele estava encostado entre os travesseiros, no lado oposto ao que me encontrava. Me virei para encará-lo, ensaindo rostos de fúria, pra esconder meu desalento. Ele parecia simples de ser compreendido. Apenas parecia, não me iludi com sua imagem... Sabia que a partir do momento que começasse a tentar entendê-lo, sua complexidade ficaria evidente. E talvez eu não fosse resistir a tanta provação...
Eu continuava sentada, olhando para ele, me sentindo a mais covarde das mulheres. Pude perceber que se o tocasse, nunca mais seria a mesma. E me veio á mente se eu quero continuar sendo a mesma. Seria o mais fácil, mas só por isso, seria o melhor?
Então lembrei das vezes que ri e das vezes que chorei. Lembrei das palavras que doeram. Lembrei como era árduo ser interessante para os olhos desinteressados. Lembrei de quantas vezes esperei o celular tocar em vão - e de como me achei patética por causa disso. Lembrei dos planos que fiz e não deram certo. E dos medos que tive e viraram realidade.
E continuei ali, imóvel, com o rosto triste.
Aos poucos, com uma súbita vontade de ser forte - de ter alguma coragem - comecei a mover o braço com o intuito de alcançá-lo. O toquei e imagens rápidas invadiram a minha mente. Risadas, gritos, beijos. Mais risadas, mais gritos, mais beijos. Lembrei de tudo que ele representava de feliz e de triste...
Me senti um pouco boba por valorizá-lo tanto. Por conferir tantos significados a algo inanimado.
Sem pensar mais, o peguei com força e trouxe pra junto de mim. Respirei fundo. Abri suas páginas novamente e, enfim, entendi: são apenas frases, é apenas um livro. Complexa sou eu.

Um comentário:

Raquel Hirai disse...

Coragem com a Aritmética, amiga!:)